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domingo, 18 de março de 2007

Conversa informal com O Poeta Affonso Romano de Sant'Anna.

Faz alguns dias, talvez faça mais dias do que alguns dias...
Desde que assumi o compromisso de uma postagem no Blog Bar do Escritor a responsabilidade e a preocupação têm ocupado os meus dias e noites.
Aquele frio conhecido na barriga (que penso eu estar a visitar a todos) é minha atual companhia.
Alucinada com a escrita de Affonso Romano de Sant’Anna, eu ousei um bate-papo. Conversa que a gente puxa com o outro ao lado.
E o meu intuito é o de presentear a todos com a visão de um Poeta, a meu ver, genial.
Por que Affonso? Pela sua dedicação as letras e o conteúdo social de seus textos e poemas. E porque março é o seu mês (27/03) e o nosso (08/03).


Conversa informal com Affonso Romano de Sant-Anna.


Eliane Alcântara – Incondicional amante de suas letras, aguço a curiosidade para mergulhar nos comentários que o elevam a, Poeta Conhecedor da Alma Feminina. Qual a sua visão frente a tais comentários e quais as vantagens e desvantagens de tal título?


Affonso Romano – Será que conheço mesmo a “ alma feminina”? Claro que é um elogio e tanto. Sobretudo se lembrarmos que muita gente, como Freud, vivia confessando que não entendia as mulheres. era ele que dizia: “Afinal o querem as mulheres?”.Tento conhecer um pouco de mim, e eu tenho muitas mulheres dentro de mim, talvez seja isto.


Eliane Alcântara - Em entrevista dada ao Jô Soares, senti o Affonso um pouco tímido. O Poeta estava em comunhão com o homem ou o homem apresentava o Poeta encarnado? Qual face mais complicada administrar sendo o homem um animal múltiplo?

Affonso Romano –Entrevisa com o Jô é sempre um jogo mais rápido e sempre surpreendente. Com o Roberto Dávila, pela natureza do programa, é mais fluente, tranqüilo, pode-se falar mais. Veja como as coisas são, algumas pessoas acharam que eu estava até muito à vontade.


Eliane Alcântara - Literatura marginal. Estamos todos as margens de um período em que a violência se aperfeiçoa. Como o poeta tem captado as manifestações poéticas dos ‘novos poetas’ frente a tal palco, divulgados via-internet, rádios, publicações próprias etc?

Affonso Romano –Olha, apresentei na Alemanha, durante a Copa da Cultura, uma conferencia sobre o problema dos “ centros” e “ periferias”, tentando redefinir essas coisas. A sua pergunta incide sobre isto. A periferia foi para o centro e o centro para a periferia. Vivemos tempos estranhos e excitantes.


Eliane Alcântara - “Sobre a atual vergonha de ser brasileiro” - atualíssimo -, o Poeta ainda vê um ‘povo- macunaíma’ a ceder ao chicote dos governantes sem a rebeldia da voz ‘de um povo heróico o brado retumbante’?
Como a Poesia contribui junto a outras áreas do conhecimento para a educação/formação do homem?

Affonso Romano –Outro dia a Fiocruz fez um seminário internacional e me chamaram para falar sobre Poesia e Ciência. Ta vendo? Poesia está em tudo. Na política, no amor, na ciência. Isto, é claro, desde que você tenha um conceito exigente de poesia, um compromisso com a linguagem e com seu tempo.


Eliane Alcântara – Projetos, livros, trabalhos? Gostaria de divulgá-los para fãs de carteirinha? Quais as surpresas podemos aguardar com o setuagenário do menino Affonso?

Affonso Romano - Está saindo dentro de um mês pela L&PM um novo livro de crônicas “Tempo de delicadeza”. Acabei de publicar “ O homem e sua sombra” e “A cegueira e o saber” E estou para publicar mais um livro de ensaios analisando a crise das artes plásticas em nosso tempo.
Ah, sim, agora dia 31 de março vou participar de uma coisa sensacional: vou dar um recital de poesia na Gruta da Lapinha, lá em Minas. Já pensou?

Eliane Alcântara – Como vê a iniciativa de um blog como essa, do Blog Bar do Escritor, que conta somente com a boa vontade de seus colaboradores em difundirem suas letras e qual a contribuição percebida no contexto homem contemporâneo?

Affonso Romano –O Fernando Pessoa responde melhor com aquela frase que todo mundo conhece, de que nada é pequeno(nem o blog) quando a alma não é pequena


Eliane Alcântara - Bem, é isso. Claro que o presente chegou antes do dia 23, e nos fomos os agraciados. Obrigada, Affonso, pela atenção. Felicidades na nova idade e muitos, muitos anos a mais para que possamos comemorar a dádiva que é tê-lo, imortal.

***

Liturgia.


O pecado que minha boca parece trazer
é uma liturgia indulgente
quando teu sexo sacro
a(s)cende a chama do meu corpo.


Eliane Alcântara.

21 comentários:

  1. Pecado e prazer... Duas coisas que parecem andar de mãos juntas. Achei pequeno, mas traduz a idéia.

    ficanapaz!

    (ah, tenho um conto com o mesmo título, rs)

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  2. É...quem sabe, sabe.As vezes bastam poucas linhas para se perceber o talento.Muito bom Eliane.Parabéns.

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  3. Trata-se de um poema rapidinho mas longe de ser um papai e mamãe.

    Minha mente devassa captou uma metafora do sexo oral. Estou certo ou preciso de urgentemente de um tratamento?

    Saudações libidinosas

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  4. Bela estréia, Eliane. Com o pé direito. Parabéns!!! Bjs.

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  5. Tb gostei. Tem até uma brincadeira com acende e ascende. duas interpretações.

    Mas, no próximo mês, Eliane, espere mais três minutos para postar no seu dia correto.

    Ah, o Ema perdeu o dia 18.
    []s

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  6. Eliane, esse projeto está simlesmente demais. Muito bacana o Bar do escritor. De quem é a ideia?. Tua entrevista, lerei logo mais. Nesse momento, vim agradecer o convite e deixar meus parabens pela iniciativa. Abraços.

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  7. gostei bastante da entrevista, mas, principalmente, por sua poesia! muito boa!
    parabéns!
    André Espínola

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  8. Olha só: o Afonso tá sabendo da existência do Bar. Que fera. Sou completamente fan do escritor Afonso. Ele sabe o que faz e tem plena noção de onde quer chegar.
    Demais.
    Valeu, Eliane.

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  9. Linda poesia Eliane.
    Gosto de coisas assim, selvagem (instiga a imaginação) mas, sutil.

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  10. Eliane, cheguei, vi e gostei. Primeiro, pela desenvoltura da entrevistadora. Entrevistar/conversar com uma pessoa como o Affonso só dá prazer. Segundo, por esse quarteto "litúrgico", uma pequena amostra para, certamente, um público maior ter uma idéia da veia poético-erótica da minha amiga Eliane. Parabéns.

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  11. opa, é o Barba comentando na conta do Giovani, só pra testar o blog, testado e aprovado
    abraços

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  12. ELIANA POETA MARAVILHOSA ADOREI A ENTREVISTA COM AFONSO ROMANO DE SANTANA POIS EU ADORO A POESIA DELE E SUA LINDO E DOCE MOMENTOS

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  13. Eliane, uma entrevista muito bem conduzida com respostas eloquentes do poeta, que se rejuvenesce com a escrita e nos dá momentos de puro prazer, dois poetas de grande envergadura que "degladiaram" aqui Parabéns

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  14. Ola Eliane, tudo bem?
    Vim aqui li e gostei, sobre a violencia, acho que estamos passando por um periodo de reflexão ao proximo e a nos mesmos em se respeitar e educar.
    Tudo é um chamado ao amor.
    Ao verso tão pequeno, mais foi profundo.
    Parabens.
    Célia

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  15. Belo poema, Eliane! Como sempre, aqui temos a conjugação feliz do que é breve e intenso! O melhor, claro, fica subentendido... Um abraço!

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  16. Putz. Não tinha visto esta entrevista. Tu postaste o poema primeiro.

    Bela entrevista. O Affonso sempre tem algo interessante a dizer. Parabéns a desenvoltura da entrevistada

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  17. Eliane, está muito criativo o diálogo com Affonso, grande poeta. Para complentar a liurgia, a tua palavra sacraliza o texto. Abraços.

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  18. Cristiano, estava um tantão insegura. Dá próxima postarei um maiorzinho. Faz um bom tempo que não arrisco um conto. Boa dica. Obrigada : )
    Me, o frio na barriga, hoje passou. Obrigada pela força. Beijos!
    Lameque, sim, sim, não, não... rs* Obrigada pelo comentário. Saudações...
    Valeu, Veruza. Beijos!
    Mão Branca, legal que tenha gostado. Diminuiu a insegurança. Obrigada.
    Adalberto, que saudades! Bem, a idéia é do Giovani. Estou felicíssima em estar aqui. Dê uma olhada na comunidade no orkut, depois passo o link. E, eu? Estou no mesmo cantinho : ) Abraços!
    André, obrigada : ) Fico feliz com o carinho do pessoal do Bar!
    Olá, Veio China, feliz que agrade.
    Você veio, Mana!!! Obrigada. Beijos!
    Francisco, esse você já conhecia e sabe que sou fã do Affonso. Não poderia ter melhor momento para declarar. Obrigada pela doce presença, Poeta.
    Anônimo, obrigada – não pode revelar a identidade? Valeu assim mesmo : )
    Jorge Humberto, é isso, Poeta. Estamos na correria e ‘comendo’ Poesia. Feliz em tê-lo aqui.
    Célia, minha amiga, um beijo grande. Fica com Deus!
    Eurico, saudades dos seus comentários sempre tão próximos. Espero que tenha uma folguinha no serviço : ) Abraços mineiros!
    Lameque, eu postei o poema, porque não havia encontrado as respostas de Affonso. Sou ‘bem’ distraída. Tão logo encontrei corrigi o post. Para uma fã como eu, deixar de fora seria assassinar minha paixão pela escrita dele : ) Obrigada.
    José, tenho algo relacionado ao que disse. Vou dar uma olhada se é viável para o próximo dia 19. Obrigada pelo comentário.
    Fernando, Poeta, fotógrafo... Saudades! Que o corre-corre, logo cesse : ) Obrigada pela visita. Gostou do bar? Tim-tim. Beijo a todos e obrigada pelo carinho com a leitura e comentários!

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  19. Um de seus "escritores" COPIOU meu texto inteiro!!!!!
    Eu quero a retirada do texto e um pedido de desculpas!!!!

    MEU TEXTO: RELÓGIOS – PUBLICADO EM 27/02/2007

    A CÓPIA: Terça-feira, 13 de Março de 2007
    Mente humana?

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