
Por Anderson H.
mortos engasgam
com as areias da fome.
"tossem costelas secas
em imagens vivas de horror
e osso a osso elevam rangidos...
(lamentos tribais sem tambor)"
comovidos,
anjinhos de escura cor,
olhos saltados,
pernas finas
e cabeças agigantadas pós barroco,
aparecem embalados nas súplicas.
cada baque oco
arrasta um abutre;
morte com odor - carnes pútridas,
um se desfaz - outro se nutre.
enquanto isso as pirâmides dormem
o sono dos faraós
e o vento deflagra
a verdade quente e magra
pelo continente.
um prato de comida,
parado à minha frente,
muito maior que a fome,
determina que a tevê
seja desligada
e que a raça humana
mude de nome
após jantar com os urubus.
Anderson H.
Primeiramente, peço desculpas aos integrantes do Blog pelo meu esquecimento.
ResponderExcluirMe e Fernando, muito obrigado pelo auxílio e pela compreensão.
Valeu mesmo.
Impressionante a força desse poema. Sint0-me menos humana...
ResponderExcluirPARABÉNS.
reverências!!!!
ResponderExcluirSó corrigindo alguns pequenos erros de digitação na segunda estrofe:
ResponderExcluir"tossem costelas secas
em imagens vivas de horror
e osso a osso elevam rangidos...
(lamentos tribais sem tambor)"
ufa!!
ResponderExcluiruma poema-reflexão!!
muito bom!
Muito legal .. Gostei do tema .. Beijins ...
ResponderExcluirGostei muito do poema.
ResponderExcluirPesado, eloqüente, perturbador.
Parabéns.
S. Quimas
O poema em si seria belo e marcante, não fosse por essa imagem assustadora que faz a gente ficar sem ação. Não sei definir o conjunto, absurdamente real e monstruoso.
ResponderExcluirPor falar na imagem assustadora que ilustra esse seu poema, me parece que o autor da mesma cometeu suicídio algum tempo depois de ter feito a foto do garoto morrendo e o abutre aguardando para banqueteá-lo. Banqueteá-lo porque a alma desse corpo deve ter evoluído milênios durante os poucos anos que viveu...
ResponderExcluirAbutre: o cume do poema!
"cada baque oco
arrasta um abutre;
morte com odor - carnes pútridas,
um se desfaz - outro se nutre."
É quase uma tristeza incurável existir tanta poesia em tal poema...
Salve a vida eterna que nos salva!
Parabéns!
Eu queria aplaudir. Mas não deu...Chorei.
ResponderExcluirUma das melhores obras que lí por aqui.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTriste reflexão sobre a verdade. Se nos toca, é porque foi bem conduzida.
ResponderExcluirPena que a humanidade não se conduz tb com tanta destreza... :-(
Sou meio avesso a comentar poesias e penso que uma palavra bem dita vale mais do que mil imagens, mas neste caso, o poema encaixa-se de modo perfeito a ilustração e nso remete a que ponto estamos chegando.
ResponderExcluirParabéns pelo belo e pertubador trabalho.
acho que ainda não elogiei esse aqui. Demais, cara!
ResponderExcluirFoda.
ResponderExcluirNão tenho outra palavra. O texto é foda e a foto também, choca geral. Dá até para entender por que o fotógrafo colocou termo à vida depois disto.
ficanapaz (acho que nunca utilizei tão bem esta despedida como agora...)
Maravilha! ótimas imagens e conteúdo intrigante ao mesmo tempo comovente.Sucesso, Poeta!
ResponderExcluirhehehe, tá cheio de gente boa por aqui.
ResponderExcluirse tudo der certo, vou produzir o ebook do anderson. e ele será lançado aqui no bar!!!