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sexta-feira, 22 de junho de 2007

Coisas do futuro

Em um futuro distante, a civilização evoluída chegou ao seu limiar científico e tecnológico. As verdades, agora sim, são absolutas. Não há teorias, conjeturas, nem religiões. As guerras cessaram. Todos os países convivem harmoniosamente sob as leis unificadas da Constituição Final. A comunicação se dá de maneira telepática e todos finalmente vivem de luz.

A menina, fazendo o trabalho da escola, vai à enciclopédia, durante a pesquisa sobre educação sexual. A enciclopédia está arquivada no disco gelatinoso (substituto do disco rígido) implantado em seu cérebro delicado. Em um piscar de olhos, encontra o verbete “língua” e sua definição: "órgão sexual humano que os antepassados usavam para falar". A menina, que constantemente se masturba com a língua, não entende, vai atrás do significado de "falar". Lá, bem perto da palavra “falo”, há uma definição confusa. Algo como: "forma de comunicação antiga, muitas vezes usada como forma de prazer, com sons semelhantes à flatulência..." A doce menina fecha o livro digital horrorizada e ofegante. É muita perversão para uma moça tão inocente.

Ao fim da noite, ela se masturba "falando" francês, após passar com traumas pelo alemão e o russo.

Roberto Menezes

6 comentários:

  1. É cara, o futuro vai continuar a ser uma zona, hehehe

    Curti a dualidade dos verbetes,rs

    ficanapaz

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  2. Que loucura! Mas fico feliz em ver erotismo no futuro sem os tais vibradores e aparatos modernos,rsss
    Bom texto, gostei. Boa estreia. Beijos

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  3. Bela estréia. Legal ler teus textos aqui também.

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  4. No primeiro parágrafo, essa visão tecnocientífica do futuro, ingenuamente positivista, foi até engraçada.
    A segunda metade está mais inspirada e interessante. A idéia de como nossa "rudimentar" fala poderia soar neste futuro distante ficou legal.

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