Mt bacana, Paulo! A Me disse sua cara, hehehe; se esse poemeto é sua cara, então realmente ainda precisamos conhecê-la, afastar a multidão, localizá-lo, limpar a maquiagem, rasgar o saco de pão e arrancar os disfarces baratos de 1,99 da cara do poeta.
Eu gostei destas letras. Usa os clichês do disfarce, os quais de imediato o leitor identifica. Depois, sofistica com a arte da maquiagem. A multidão não é bem um elemento de disfarce, mas devido à escala multidão/personagem, a personagem some, é diminiuída, o que auxilia na incognoscibilidade dela; e é também um símbolo bem estabelecido.
Eu gostei do poema também pelos dois momentos que ele traz: um é pessoal, um close (até a cena do corada); o outro é geral, amplo (a multidão). Isso dá uma dinâmica ao poema e tb não o restringe a um momento só.
Essa é a outra coisa legal: que a personagem em si pode ser incógnita, mas não alguns de seus sentimentos, ora sugeridos pela vontade de ocultar-se, ora revelados pela palavra corada.
O fato de a personagem estar na multidão pode ser interpretado de duas formas. Na voz do poeta, pode ser que ele esteja fazendo significar pouco os sentimentos da personagem ou sua vontade. Explico: a personagem se maquia para esconder o que expressa; reforça esse esconder com disfarces; mas na multidão, quanto importa ela? Ela é só mais um ponto, sua vergonha e seus receios estão disfarçados só porque ela lhes dá importância; no dia-a-dia, na sociedade, a multidão se encarrega de fazer desconhecido o que ela sente. Por outro lado, pode ser que a personagem, ciente disso, tenha por vontade própria se mesclado à multidão, e nela querido dissolver-se, a fim de tornar-se incógnita por completo.
PS: ah, não seria mais legal se em vez de "por cima" escrevesse "por baixo", na parte do saco de pão? Mais caricaturalmente, o saco de pão está sempre por baixo do kit disfarce de 1,99.
PPS: esqueci de dizer que o conjunto todo do disfarce, sendo ridículos, são um pouco malvados com os sentimentos da personagem. Ou seria mais ridícula a sociedade que a oprime e a obriga a esconder sua natureza?
Visão, olfato, paladar, tato. Audição solta em meio à multidão. Que sejam limpos os bigodes dentro da própria incógnita – tapa que estremece na mente dos que não enxergam, não cheiram nem fedem, escondem e não provam para não sentirem ou ouvirem o peso da 'realidade' que anseia bem mais que o pão. Showwwwwwww!!!
As opiniões para os textos do Blog Bar do Escritor serão todas publicadas, sem censura ou repressão, contudo, lembramos que pertence ao seu autor as responsabilidades por suas opiniões e, também, que aqui agimos como numa mesa de bar, ou seja, quando se fala o que quer pode se escutar o que nem merece.
Grande Paulo. Predisa ser lido com calma, mas sempre surpreende.
ResponderExcluirBravíssimo, incógnita!!
ResponderExcluirbj
mj
Paulo, lembrou-me Leminski.
ResponderExcluirBela imagem do cotiano apressado.
Muito bom Paulo. A sua cara.
ResponderExcluirgostei dessa!
ResponderExcluirMt bacana, Paulo! A Me disse sua cara, hehehe; se esse poemeto é sua cara, então realmente ainda precisamos conhecê-la, afastar a multidão, localizá-lo, limpar a maquiagem, rasgar o saco de pão e arrancar os disfarces baratos de 1,99 da cara do poeta.
ResponderExcluirEu gostei destas letras. Usa os clichês do disfarce, os quais de imediato o leitor identifica. Depois, sofistica com a arte da maquiagem. A multidão não é bem um elemento de disfarce, mas devido à escala multidão/personagem, a personagem some, é diminiuída, o que auxilia na incognoscibilidade dela; e é também um símbolo bem estabelecido.
Eu gostei do poema também pelos dois momentos que ele traz: um é pessoal, um close (até a cena do corada); o outro é geral, amplo (a multidão). Isso dá uma dinâmica ao poema e tb não o restringe a um momento só.
Essa é a outra coisa legal: que a personagem em si pode ser incógnita, mas não alguns de seus sentimentos, ora sugeridos pela vontade de ocultar-se, ora revelados pela palavra corada.
O fato de a personagem estar na multidão pode ser interpretado de duas formas. Na voz do poeta, pode ser que ele esteja fazendo significar pouco os sentimentos da personagem ou sua vontade. Explico: a personagem se maquia para esconder o que expressa; reforça esse esconder com disfarces; mas na multidão, quanto importa ela? Ela é só mais um ponto, sua vergonha e seus receios estão disfarçados só porque ela lhes dá importância; no dia-a-dia, na sociedade, a multidão se encarrega de fazer desconhecido o que ela sente. Por outro lado, pode ser que a personagem, ciente disso, tenha por vontade própria se mesclado à multidão, e nela querido dissolver-se, a fim de tornar-se incógnita por completo.
Comentado! :-)
PS: ah, não seria mais legal se em vez de "por cima" escrevesse "por baixo", na parte do saco de pão? Mais caricaturalmente, o saco de pão está sempre por baixo do kit disfarce de 1,99.
ResponderExcluirPPS: esqueci de dizer que o conjunto todo do disfarce, sendo ridículos, são um pouco malvados com os sentimentos da personagem. Ou seria mais ridícula a sociedade que a oprime e a obriga a esconder sua natureza?
Muito inteligente. Parabéns.
ResponderExcluir\gostei muito!
ResponderExcluirEstou adorando essa história de Blog, há muitas pessoas que escrevem bem e que ainda não estão nos livros de Literatura.. Belo poema..
ResponderExcluirAbraços
Fernando, dentro dessas suas considerações, ainda cabem, conforme o que bararizei ao tretear, pelo menos mais duas idéias relevantes.
ResponderExcluirVisão, olfato, paladar, tato.
ResponderExcluirAudição solta em meio à multidão.
Que sejam limpos os bigodes dentro da própria incógnita – tapa que estremece na mente dos que não enxergam, não cheiram nem fedem, escondem e não provam para não sentirem ou ouvirem o peso da 'realidade' que anseia bem mais que o pão.
Showwwwwwww!!!