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sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Cidade Velha

o cinza nubla
a paisagem tímida
da velha cidade.

congestionada,

essas ruas
quase mortas
putrefeitas
de asfalto

martírio
de quem vem
do barro,

traçam linhas
a destinar
seus ciclos
e vícios.

sumo,
invado o nada
que engole
a cidade.

sumo,
esgoto toda
a ternura
que era de cimento.

5 comentários:

  1. Gosto de urbanidades. O putrefeitas ficou bonito. Putrefazidas, putrificadas.

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  2. Esse cara é mesmo porreta!
    Cada poema melhor que o outro, lindo.

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  3. Gostei!

    Essa poesia é bela, poesia por si só. O título introduz o cenário, as palavras seguintes tomam conta do resto. Por elas, a cidade velha é apresentada de modo silencioso ou surdo. Uma cidade velha deve ser agitada, suas ruas estão congestionadas, mas a poesia não tem esse som: é de reflexão, de ponderação. A cidade velha deve ser grande, alta, são-paulina, mas o que vemos pela poesia é que sua paisagem é tímida, retraída, não imponente.

    A cidade velha parece querer esconder-se. Mas atrás de quê? De nada - e em nada a cidade se transforma. Terá valido sua velhice? Que vergonhas traz o seu passado para esta anulação?

    Na cidade velha, as ruas estão congestionadas de pessoas e carros que caminham como formigas sobre um corpo putrefeito. Terá morrido então a cidade velha? E estaremos todos caminhando sobre seu cadáver sem nos apecebermos disso?

    Eis uma poesia de reflexão: reflete todo o nosso cinza.

    Parabéns, Leo!

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  4. um poema necessário. essa poética sobre as raízes e a memória dos espaços nos faz tocar o chão e caminhar sobre as marcas do tempo.

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As opiniões para os textos do Blog Bar do Escritor serão todas publicadas, sem censura ou repressão, contudo, lembramos que pertence ao seu autor as responsabilidades por suas opiniões e, também, que aqui agimos como numa mesa de bar, ou seja, quando se fala o que quer pode se escutar o que nem merece.