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quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Neo


A gangue de carecas, munidos de socos-ingleses, correntes e canivetes, adentrou, abruptamente, a loja de sapatos. Ariosvaldo, o vendedor, pensou em esquivar-se, contudo, era a hora do almoço dos demais funcionários, estava sozinho na loja. Receoso, foi atender os clientes.
- Pois não? - disse para o mais alto, que exibia uma cruz suástica na testa e parecia ser o líder.
- Tem coturno aí, paraíba?
- Não. Mas temos ótimas botas de couro cru. São bastante confor...
- Botas de couro cru você enfia no seu cu, seu paraíba filho da puta!
- Olha, moço. Eu tô trabalhando. Não quero confusão.
- Vai tomar no cu, porra! Vocês são escória! Vermes! Tomam nossos empregos, sujam nossa cidade, comem nossas mulheres, infectam nossa raça com o sangue ruim de vocês. Têm que voltar pro Nordeste que é o lugar de miseráveis como você! Mas você não vai voltar, porque vamos te quebrar aqui mesmo. Será menos um.
Os neo-nazistas, brandindo suas armas, investiram contra Ariosvaldo, que, de um salto, refugiou-se atrás do balcão, do qual saiu de peixeira em punho e chapéu típico nordestino. Parecia um cangaceiro egresso dos filmes de Lampião e Maria Bonita. Os carecas, ante a visão daquele Virgulino de cara amarrada e olhar decidido, estacaram por alguns segundos. Foi quando prorrompeu o grito de guerra do líder:
- Matem esse paraíba!
A gangue arremeteu, furiosamente, contra Ariosvaldo. Apesar de extremamente desigual - eram dez contra um - o combate foi renhido. Ariosvaldo, qual um gladiador solitário lutando contra leões vorazes, movimentava sua peixeira com agilidade, desferindo golpes precisos contra seus oponentes. O líder, que encabeçava o ataque, foi o primeiro a tombar, com o bucho trespassado pela peixeira de Ariosvaldo. Outro golpe, outro careca ao chão, o sangue esguichando, aos borbotões, do pescoço degolado. Ariosvaldo ainda derrubou mais três, antes dos demais debandarem. Postado à entrada da loja, rubro do sangue de seus opositores, peixeira em riste, entre gargalhadas eufóricas, Ariosvaldo gritava:
- Voltem, seus cabras frouxos! Passo vocês todos na peixeira! Voltem!

Carlos Cruz - 01/12/2007

7 comentários:

  1. Confesso que fiquei enojado ao ver a suástica emoldurando seu texto.
    Você tocou num ponto delicado de preconceitos e saiu-se muito bem.

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  3. comentei lá no Bar,achei ótimo
    bjos Carlos

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  4. Achei ótimo este. Ufanista e engraçado!

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  5. Cara, vc deveria escrever roteiros para curtas, hehe!

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  6. hahaha... dei muita risada quando ele pegou a peixeira e o chapéu.
    gostei do conto!

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