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sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Fragmentos XVI a XX

O Ninhal
lendas, lendas e mais lendas. tudo que queria era acreditar no desgosto de Maria de palitar os dentes do jacaré na beira do pântano. justo nela que confiava o beijo azedo que vinha das sobras do charque do almoço do animal. os carrapatos tinham cara de patos selvagens. acho que essa foi a única vez que vi um pé de jibóia. o alambique tinha seus dons. e como.

A Mão no Fogo dos Outros
jurei com mão sobre fogo que se saísse vivo do 'jurassic park' me converteria para o islamismo. Muhammed é um bom nome. Juca Chaves ganhou uma nota preta às custas da ditadura. e daí? fazer poesia era uma aventura de quem queria levar no rabo. as meninas adoravam. Maria me deu a última chance pra provar que a amava. juntei os cacos de vidro no chão e queimei a mão. mas não a rosca.

A Dona do Bordéu
o vermelho da parafina queimada cheirava mal. Salete era uma típica cética. duvidava solene da existência de disco voador. ali, o que voava eram baratas e tamancos. a ordem só veio quando topou com o dedão no pé da mesa de sinuca. o taco era grande. mas quebrado não tinha serventia. chamava cada um pelo nome de batismo. seu cinismo exagerado por vezes era evidente. barateira, ela não era.

O Prego e a Cruz
o embaraço só era perceptível a quem o conhecia de nascença. evidente que sua mãe não o entregaria. não era a semi-nudez ou o penteado, tão fora de moda, que o preocupava. Jessé cobrava dívidas do relapso carpinteiro. aqueles tocos e pregos comprados a prestação nunca haviam sidos quitados. de qualquer forma ali estavam eles. diferente do seu colega de cruz, morreu devendo.

O Candidato
o cara era um pau-mandado. de tanto falar e fazer o que outro pensasse e quisesse suspeitou por aprender o ofício. pobre idiota, jamais soube por que estava ali.caricatura nova e jovem em palanque tinha suas vantagens. por trás do homem-sorriso, os búzios nas mãos do pai-de-santo. hora passada e corte na carne. o pavilhão do comando paralelo continua firme e forte, obrigado.

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