Senhor Hipônimo e Senhor Hiperônimo eram gêmeos não-univitelinos. Trabalhavam juntos na mesma repartição.
Senhor Hipônimo era carrancudo. Metódico. Não abria exceções. Já o Senhor Hiperônimo era mais bonachão. Comunicativo. Guardava ainda uma rebeldia adolescente e levava a vida com condescendência.
Naquele dia, o sub-chefe do setor de pessoal da Secretaria do Conselho anunciou, com voz grave, que estavam todos dispensados de seus serviço e deveriam desocupar as gavetas.
Senhor Hiperônimo esbravejou. Lamentou todos os anos perdidos em dedicação à burocratização da Empresa. Ao fim, pôs-se a varrer os própios vestígios do recinto.Surprendeu-lhe um achado entre as pilhas de arquivos: Uma pasta amarela intitulada "Projeto de Vida Pessoal de Hiperônimo". Sorriu. Tomou a pasta contra o peito. Começou a assobiar uma canção dos anos sessenta e ganhou novamente a rua.
Senhor Hipônimo só agora começava a despertar da letargia que a notícia lhe causara.Abriu a primeira gaveta.Contemplou a simetria dada pelos objetos ali dispostos com perfeição.Abriu a segunda gaveta. Retirou o estojo com os óculos e, então, abriu a terceira.
Ouviu-se um estampido seco, metálico...como a vida do Senhor Hipônimo tinha sido por todo o sempre.
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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Gêmeos Contextuais
Um comentário:
As opiniões para os textos do Blog Bar do Escritor serão todas publicadas, sem censura ou repressão, contudo, lembramos que pertence ao seu autor as responsabilidades por suas opiniões e, também, que aqui agimos como numa mesa de bar, ou seja, quando se fala o que quer pode se escutar o que nem merece.
apreciado, principalmente o final.
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