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domingo, 5 de julho de 2009

Lua Negra

O grito torna palpável a solidão.

A estrada atada à linha fugidia,
o topo surdo da montanha
ou um nicho no granito
não ratificam tanto o ser só
quanto gritar na multidão.

O grito é faísca
de massa cinzenta em combustão,
imperceptível na tensa claridade.

O grito é rito
de intriga e desintegração
a riscar e trincar o obscuro.

Se a poesia lambe a face iluminada
o grito tange a lua negra,
sem arrecadar simpatia.

Sabe a censura da razão
e a ovação da boemia etilizada.

Seu palco é a rua, o relento,
entre a bênção das estrelas
e o irromper dos ratos nos bueiros,
onde qualquer cadela vadia
cuida ensinar-me amar a lua

Iriene Borges

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