Páginas

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Cálice de Adversidade

(Sonia Cancine)
.

A margem da estrutura social
Eu tento digerir
O que se impõe nas caldeiras ferventes
Das relações existentes.

Cozidos os destemperos
Sobram as porções carnudas
Para o prazer da gula animal.

Desmancham-se nos caldeirões
Aos borbotões olhos tristes
No regalo de perdas infindas
Onde deveriam nascer canções.

Embriagada pelo sentimento de saudade
O amor jazido entoa palavras jogadas ao vento
Buscando a brisa suave
Na esperança de que esta enleve
E abrande as cinzas do lado sombrio d’alma
Corrompida pela dor.

Sou livre sou pássaro
Que no alto de vôos imaginários
Deste inverno triste, aguardo os raios de Sol
Pousar e aquecer os quintais humanos
Para que me tragam de volta o brilho do olhar.

Olhar que se perde ao longe
E reflete a expressão de anseios

Inebriando-me no mais absoluto Silêncio d’Alma.

Assim num ritmo cigano
Ao som de pandeiros e violinos
Representando o júbilo do Sol
Embainhada de lenços eu danço
Um lamento arcano

E aos poucos revelo tão somente
A beleza e o poder da dança
Como forma de oração
E me basto neste instante.

Tal como filha do amor
Neste cálice de adversidade
Ao que o mundo se destina

Ao dançar manifesto desejo, sentimentos e sonhos
Movidos pelo deslizar dos lenços tristes pelo ar
Num transe livre e musical como o vento

Numa tentativa de envolver e fortalecer teu coração.

2 comentários:

  1. Uma força muito grande vc passa aqui. Além de belo!

    ResponderExcluir
  2. Obrigada, Me
    por assim perceber e sentir.


    beijos
    tum tum tum

    ResponderExcluir

As opiniões para os textos do Blog Bar do Escritor serão todas publicadas, sem censura ou repressão, contudo, lembramos que pertence ao seu autor as responsabilidades por suas opiniões e, também, que aqui agimos como numa mesa de bar, ou seja, quando se fala o que quer pode se escutar o que nem merece.