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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

No cais deserto

(Sonia Cancine)
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A sina da vida me ensina amar
- sem narcisismo, eu sei -
Embora a luta persista no mundo
A maior delas é vencer a si mesmo.

No instante do amargo sabor
Que [aos teus olhos]
Peregrinam no barco da dor

O entendimento confuso
No mar dos pensamentos, navega.
Mas no teu barco junto ao vento
E nas ondas do teu olhar
Navegam sentimentos.

Carregada de um silêncio mortal

Abro a janela, entreaberta do caos
E não reconheço o arrebol
Que outrora refletia emoções.

Será que não o deixei antes de à hora
Despontar-se a de mim?

É o íntimo abatido de face cansada

Cansada

De esquadrinhar sempre sozinha
No cais deserto, o meu barco.
De ouvir ecos na sombra da voz
Que clama em chama por liberdade?

De escapar infeliz das lições
E das artimanhas nas manhas
Deste mar de contradições...

Mas sobre a areia molhada
Tua voz eu escuto...
Afaga-me a alma numa onda calma
Ecos que chegam ao meu silêncio.

Um comentário:

  1. Esse texto tem uma sensibilidade toda especial típica de seu interior. Poucas autoras escrevem dessa forma, gosto de ler suas obras.

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