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sexta-feira, 15 de abril de 2011

Entre o espanto e o nada


Existe uma lânguida poesia enclausurada neste portal,
um borrifo de pensamentos anacrônicos, obsoletos,
versos velados marcados de cores e odores habituais.
E existe a poesia calada do cancro infiltrada nas vísceras
a apodrecer palavras reticentes;
um engasgo bruto, uma turbulência de rompantes na língua.
Existe uma língua querendo tornar-se idioma,
um pássaro pousado,
um matiz de arco-íris no meio da noite.
Existe a palavra pingada no oco do céu de uma boca pedindo socorro.
E o poema perdido que ora berro
é só uma mentira
trancafiada
entre o espanto e o nada.

(Celso Mendes)

2 comentários:

  1. Suculenta,
    senti em minha espinha dorsal.

    digestiva e instigante.

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  2. Esta preenche-me por inteiro! revejo-me nela não sei se feliz ou in -feliz ( mente).
    Deixei-lhe uma resposta ao seu comentário no meu cloreto de (s)ódio)...
    Um bom fim de semana :)

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