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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Convidado Walter Bezerra

Os princípios etílicos do boêmio

O verdadeiro boêmio não bebe para esquecer, mas, vez e quando, bebe a memória.

O verdadeiro boêmio não é um bêbado contumaz, não bebe para se embriagar, mas para venerar a noite e as suas benesses.
O verdadeiro boêmio não é só aquele que dá de bom grado a gorjeta ao garçom, mas aquele que também o presenteia com um bom disco de Noel, Vinícius ou outros tais.
O verdadeiro boêmio tem cadeira cativa em todos os botecos onde se faz indispensável e desejado.
O verdadeiro boêmio não tolera bate-boca nem disse-me-disse. Ele pode até beber fiado, mas se abstém de conversa fiada.
O verdadeiro boêmio não senta à mesa cuja principal iguaria é a vida alheia, mas lhe cai bem banalizar os canalhas e velhacos que usurpam o país e se aproveitam da embriaguez política do seu povo.
O verdadeiro boêmio nem sempre canta ou toca qualquer instrumento, mas sabe como ninguém interpretar a beleza nostálgica de um Tango para Tereza.
O verdadeiro boêmio não é um “malandro”, mas um idolatra que celebra a vida e ressuscita, a cada golada de pinga, cerveja ou uísque, uma boa sacada de igual boêmio como Mário Lago: “Quando deixarmos de ter esperança, é melhor apagar o arco-íris”.
O verdadeiro boêmio não polemiza com os que se dizem donos da verdade, simplesmente porque ele não cobiça ter 51% das ações de soberba nenhuma.
O verdadeiro boêmio pode até esquecer a primeira namorada, jamais a “saideira”.

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Walter Bezerra
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