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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Acalanto para abstinências e vazios

    é a falta e a lacuna quem cria
                                                                      (Paul Valéry)
é para agasalhar ausências que teço este poema
fantasmas não dormem
anseios me esperam

o que urge além do lábio e da palavra
é o mesmo que me trinca o esmalte dos dentes
vindo da lacuna que ocorre no rastro do voo
de cada pássaro que ousei ser
neste não sentir talhado nos ossos
feito rios secos a riscar-me a pele
álveos calcinados 
onde escorrem congeladas 
a doçura e a tortura
de vozes e olhares idos ou perseguidos
dentro de um pretérito que me bate à cara
ou em um porvir que se me escancara

é para agasalhar ausências que teço este poema
de vazios e de abstinências
e me permito à lagrima
tanto quanto ao riso

(Celso Mendes)

3 comentários:

  1. Um poema muito bonito, parabéns
    por postar para e beleza dos nosso
    olhos
    Deixo um abraço carinhoso
    de bom dia
    Bjuss
    Rita!!!

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  2. Silvio, agasalhar ausencia... muito interessante. Um momento de melancolia foi transformado em poema.

    Beijos

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  3. Meu irmão, sua competência com a area profissional é notória. Mas, poema, esse dom, me espanta, pois não se aprende, vez que nato. Muito lindo. Parabens!

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