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domingo, 30 de dezembro de 2012

Convidado Daniel de Mattos

A paixão não é o mundo.


A paixão não é o mundo. Conceber
Que da mulher e do homem a porfia
Seja (de quanto há) o que mais vale ao ser
É a mais inerte e vã filosofia.

Nela teus sonhos hão de perecer
Quais tuas reflexões, à revelia;
Morrem a sanidade, o afã, o querer,
E os amigos (se é que os tiveste um dia...).

Tu mesmo morres, por conta da face
Que crias para a tua sobrepor,
Permitindo a outrem que teu fado trace.

Mas eis que também és o matador,
Pois não evitas que o ardor teu embace
A imagem turva a quem prestas louvor.

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Daniel de Mattos
 

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