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terça-feira, 6 de agosto de 2013

Balzac sem SAC



deus, o todo-poderoso-de-olhos-chamuscantes, materializou-se em minha bacanal onírica e, esbanjando austeridade e vozeirão de trovão, mandou a letra, na lata: "quereis usufruir os prazeres e dissabores da vida mundana ad infinitum? comprai e lede balzac. enquanto não exaurirdes a comédia humana, vosso espírito permanecerá encerrado no cárcere que expele vapores nauseabundos, a sorrir pateticamente de sua própria vileza." eu, que não sou bobo nem nada, antevendo-me um highlander de espada flamejante sempre em riste, relampagueando a la he-man, acresci proust à lista e cliquei no botão comprar. foi aí nesse ínterim fatídico que o pequenino avatar brotou no canto esquerdo inferior do vídeo. evitei encarar os olhos-de-fogo pra não virar estátua de sal ou churrasquinho de carvão, mas o cabeludo barbudo grisalho sorridente, sem mais e de repente, foi ficando enrubescido, à proporção que o ígneo dos olhos enegrecia a olhos vistos. não tardou e a possibilidade de mirá-lo sem os receios pétreos iniciais deu o ar de sua graça, devidamente acompanhada e assistida pela recém-manifestada nefanda constatação: eu me fodera. o barbudo era o chifrudo de cavanca, rabo e cascos de bode. "me chamo mefistófeles. que prazer te conhcer!", disparou o sem-mãe, entre risadinhas zombeteiras. mas nem, pensei. morro, mas morro letrado, entupido de cultura a peidar literatura. "aqui jaz carlos cruz. ele leu balzac." ui. de mais a mais, vamos e venhamos que um livro com esse nome deve ao menos possuir algum humor. foda-se o capiroto traíra filho da puta e suas traquinagens de sérgio malandro glu glu ié ié. eu vou ler essa caralha. se à palavra fim inda houver respiração, emito minha opinião. se não, boiemos na crista do aluvião, sentemos sensatos à sombra do pé de feijão e, com unhas e dentes, destrinchemos carinhosamente nossa adorável auto-aberração. tudo é ficção.

Carlos Cruz - 20/03/2013

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