Páginas

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

A bailarina


Amanheceu o sábado.

Ela levantou cedo. Não queria perder um segundo. O banho foi rápido, o café igualmente.

Foi ao armário. Lá estava a fantasia. A bailarina.

Dançou dos três aos 12. Parou: o quadril cresceu mais do que a professora de balé poderia aceitar. A fantasia era uma lembrança. E uma frustração.

Tirou-a do armário e do cabide. Estendeu sobre a cama e observou por alguns segundos. Os segundos viraram minutos de contemplação. Era muito bonita a roupa da bailarina.

Lembrou da infância. Uma lágrima escorreu discretamente.

Tirou o pijama e começou a colocar a fantasia. Mas a roupa da bailarina parecia ter alguma coisa errada. Não entrava. Não cabia na roupa da bailarina. Tentou mais uma vez.

Lembrou da professora do balé. E das outras bailarinas. Ia sempre assistir. Gostava de balé. Era apaixonada. Mas odiava um pouco as bailarinas. Pensou que a professora talvez tivesse razão. Definitivamente, não tinha jeito para bailarina.

Foi então que rasgou a roupa da bailarina. Inteira. Desfiou algumas partes, costurou outras. Em pouco mais de uma hora, tinha outra fantasia.

Odalisca.

A odalisca é uma bailarina gostosa, pensou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

As opiniões para os textos do Blog Bar do Escritor serão todas publicadas, sem censura ou repressão, contudo, lembramos que pertence ao seu autor as responsabilidades por suas opiniões e, também, que aqui agimos como numa mesa de bar, ou seja, quando se fala o que quer pode se escutar o que nem merece.