Páginas

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Convidado Mauro Silva



A minha carne

A minha carne, mordida pela minha
Carne, dói. Ela dói e assusta a minha
Fé que até então pensei ser forte,
Mas diante da minha dor vacila.
A dor dói em mim sem piedade,
Sem misericórdia o medo abraça o
Meu corpo e a prece que sai pela
Minha garganta parece me
Abandonar, parece querer abandona
O seu caminho e o desespero me
Abraça.
A minha carne morde-me até seus
Dentes tocarem os meus ossos que
Não tardam expor-se a mostra sob
A minha pele. Eu oro! Oro e apego-me
A minha fé e seguro-a no intento de
Evitar que ela me abandone.
As noites são longas e os dias sofridos.
As lágrimas são tristes e o desespero
É medonho. A minha carne dói!
O gemido agonizante escapa pela
Minha garganta e corre, vai para bem
Longe de onde estou e ficamos sós,
Eu e a minha fé. A minha fé,
Desalentada, me olha, olha para a
Porta do quarto e, somente por
Piedade, permanece comigo.
Indeciso, fraco de corpo e de fé
Pergunto-me se vale a pena esperar
Por um novo amanhecer. A minha
Carne morde a minha carne e a dor
Tortura-me, me dói tudo, me dói
Até o ato de pensar. Tudo, todos
Foram-se, foram e somente a minha
Convalescida fé permanece comigo
E para não deixá-la parti eu vivo
Mais um dia.

---


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

As opiniões para os textos do Blog Bar do Escritor serão todas publicadas, sem censura ou repressão, contudo, lembramos que pertence ao seu autor as responsabilidades por suas opiniões e, também, que aqui agimos como numa mesa de bar, ou seja, quando se fala o que quer pode se escutar o que nem merece.