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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Convidado Marlon Vilhena




ORA, MERDA

as formigas se enfileiram, seguem-se pela rachadura na calçada.
o pé grande com tênis de R$ 139,90 decreta o fim pelo alto.
um defunto diz valei-me, deus, que o demônio quer comer meu rabo,
começando pelo culhão.
deus esvazia o cinzeiro e com voz de ressaca pelos ventos ressoa
que se foda, arranja-te sozinho praí que eu tenho mais o que fazer.
as formigas fogem, desembestam, esmigalham-se.
uma barriga sente fome, um avião despenca.
um estupro por excelência nos Andes.
um vômito por excrescência em Istambul.
o defunto levanta um cotoco viril da terra,
deus assoa o nariz e vai buscar aspirina na prateleira.
ora, merda.
porque sim.



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Marlon Vilhena - é natural de Macapá-AP e escreve há muito tempo. Depois de viver em Minas Gerais e São Paulo, de ter trabalhado como garçom e professor, e também de ter feito biscates como segurança e músico, formou-se químico e atualmente mora em Belém-PA.


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