Páginas

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Desejo

Estancou maravilhado diante daquele peitão ali à mostra. E as coxas carnudas então? Deixavam qualquer mortal babando de vontade. Entusiasmou-se com sua pele bronzeada, douradinha, cheirosa. Mas era um sonho quase inatingível para ele, um reles mendigo. Resolveu passar o dia esmolando na esperança de conseguir o dinheiro suficiente para saciar o carnal desejo, afinal, também não era ele um filho de Deus?
Terminado o dia, notas amassadas dentro dos puídos bolsos, tomou coragem e foi direto ao assunto.
- Boa noite.
- O que há de boa nela? – foi a resposta indelicada.
- Quanto custa? – perguntou apontando com o queixo.
- Dez real, completo.
- Farofinha também?
- Incluída.
- Vou querer.
Voltou para a praça onde dormia feliz, de posse do suculento frango assado que tanto sonhara. O arrogante e mal-educado português da padaria que se danasse.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

As opiniões para os textos do Blog Bar do Escritor serão todas publicadas, sem censura ou repressão, contudo, lembramos que pertence ao seu autor as responsabilidades por suas opiniões e, também, que aqui agimos como numa mesa de bar, ou seja, quando se fala o que quer pode se escutar o que nem merece.