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quinta-feira, 18 de outubro de 2007

EU, MÚSICA (Canção de Niara)

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Ao som da batuta do maestro,
desapareço da esfera mundana.

Respiro o sabor do limiar do espetáculo
e saboreio os olhares da platéia.
Estou viva, subitamente livre de meus ais.

Minha alma, até então triste e fraca,
enfim encontra-se, sorri e agiganta-se,
explodindo em infinitas notas musicais.

Libertos,
meu sorriso e minhas lágrimas
são as luzes do palco.

E eu vôo,
una aos acordes.

Sou, agora,
a beleza da voz do soprano,
trago em meus olhos
o brilho sagrado do piano.

Feita divina,
meu peito exala o poder dos violoncelos,
a força agressiva dos trompetes
e o sussurro milenar das harpas.

Feita mulher,
o vai-vem do arco do violino me embala
em meu gostoso flerte com a vida.
A pausa aveludada do flugel solitário
é meu prolongado momento de prazer
e meu gozo grita nas distorções nervosas da guitarra.

Sou as notas baixas, as notas altas
e o chilrear doce das flautas.

Sou a voz dos saxofones,
dos contrabaixos e dos tenores.

Eterna,
sou o rufar dos tambores...

...a solenidade do clarim
e o estouro do aplauso,

no fim.

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(feito por mim usando palavras que ouço da Niara, meu amor, diariamente).

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3 comentários:

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