quinta-feira, 30 de abril de 2009
DESPEDIDA - Poema à minha mãe
não te dou atenção...
Há tempos que não te abraço,
não te estendo a mão.
O tempo passa depressa,
já não trago comigo
a pureza da minha infância,
meu sorriso de criança
que tanto te encantava.
Nossas brincadeiras ou
as canções que cantavas
para eu dormir...
O tempo avança, nos trai,
o amor não se desfaz,
mas é esquecido
como que adormecido
para não cedermos, nem sermos fracos
na hora da despedida
que sempre chega, amiga querida!
Pelo amor que te tenho e pelo respeito,
não vou chorar, sentir saudades.
Te levarei comigo, dentro do peito,
lugar perfeito para seguirmos juntas...
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Dicas de eventos literários
FESTIVAL AMÉRICA DO SUL, CORUMBÁ (MS)
http://www.festivalamericadosul.com.br/
Criado em 2002, o seu principal objetivo é criar um circuito cultural entre o Brasil e países vizinhos. Um panorama de manifestações artísticas e pensamentos de solidariedade e união sul-americana. Assim, o Festival nasceu com a missão de estreitar as relações culturais, políticas, econômicas e sociais do Brasil com os demais países da América do Sul.Desde então ele vem cumprindo seu papel. O Festival fomenta a pesquisa e divulga seus resultados. Apóia a expressão da identidade sul-americana e incentiva seu desenvolvimento criativo. Coordena iniciativas culturais de vanguarda e talentos folclóricos e artísticos do Brasil e seus vizinhos, difundindo a história dos povos sul-americanos às novas gerações de estudantes.
FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE
http://www.feiradolivro-poa.com.br/
Histórico: é uma das mais antigas feiras literárias do país. Sua primeira edição ocorreu em 1955 e seu idealizador foi o jornalista Say Marques, diretor-secretário do Diário de Notícias. Inspirado por uma feira que visitara na Cinelândia no Rio de Janeiro, Marques convenceu livreiros e editores da cidade a participarem do evento. O objetivo era popularizar o livro, movimentando o mercado e oferecendo descontos atrativos. Na época, as livrarias eram consideradas elitistas. Por esse motivo, o lema dos fundadores da primeira Feira do Livro foi: Se o povo não vem à livraria, vamos levar a livraria ao povo. A Praça da Alfândega era um local muito movimentado na Porto Alegre dos anos 50 e de 400 mil habitantes. E, no dia 16 de novembro de 1955, era inaugurada a 1ª Feira do Livro, com 14 barracas de madeira instaladas em torno do monumento ao General Osório.
JORNADA DE LITERATURA DE PASSO FUNDO (RS)
http://www.jornadadeliteratura.upf.br/
Histórico: "O projeto inicial das Jornadas de Literatura, nos anos 80, representou a eclosão de um movimento político-cultural de abrangência nacional. Os tempos do arbítrio mostravam exaustão e, em contrapartida, a sociedade organizava-se na busca de uma nova alternativa de país, amparada na democracia e na justiça social. No que se refere à iniciativa de Passo Fundo, tratava-se de mudar as coisas pela via da leitura e da formação de leitores, retirando o livro dos círculos restritos da intelectualidade e colocando-o nas mãos de milhares de leitores. Nesse sentido, desde o seu início, as Jornadas, mais do que o encontro entre leitores e escritores, consolidaram-se como verdadeiras celebrações do livro, da leitura e da literatura."
BIENAL DO LIVRO DA BAHIA
http://www.bienaldolivrobahia.com.br/www/site/pages/home.php
Em sua última edição, em 2007, reuniu cerca de 350 expositores, entre editores, livreiros, distribuidores de livros, jornais, revistas, entidades e órgãos ligados ao livro, com recorde de público de 254 mil visitantes. Um evento voltado para toda a família, com atrações organizadas para atrair o interesse de pessoas de todas as idades, interesses e classes sociais. A próxima edição será em 2009.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Indo Pro Mar...
sem rumo...
sem prumo ....
sem lenço...
sem documento...
e pior sem papel e sem caneta...
mesmo que tenha não há vontade de levar
Indo pr'o mar sem identidade d'alma como indigente...
indiferente, tão de forma largada que chega ser indecente.
Indo por mar agora sem vontade nada, sem vontade voltar...
de falar ou até de sonhar...
só indo pro mar... A Alma de poeta acordou pagã,
levantou sem afã... Sem eira ,nem beira.
E segue indo pro mar pra misturar as lágrimas sem motivo com águas do destino...
que insano: o pranto na face escorre,
a vida que pela ampulheta corre. Mas é tudo bobagem...
a vida não tem sentido é mero arremedo,
enfeite nulo na parede. A única coisa que vale é que indo pro mar a luta será ferrenha pois a vontade de ir junto com ele só tende aumentar...
vontade só de ir...
nunca vontade de voltar...
sempreindo...
só indo pro Mar...
...
Catiaho Alcântara/Reflexo d´Alma
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Péssimo escritor
Os papéís, cheios de suas palavras vazias, saltavam da escrivaninha e corriam para o corredor
A caneta escapava dos dedos, caia ao chão e rolava para baixo da cama
A cada cochilo, uma revolta
terça-feira, 21 de abril de 2009
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Convidada Belvedere Bruno
Carlinhos era mulherengo. Acomodara-se a uma vida descompromissada. Aos 45 anos, ainda estava na casa da mãe, com a desculpa de cuidar dela. Pura questão de economia. O que Carlinhos queria era que sobrasse dinheiro para suas noitadas, que incluíam carteado, bebidas e mulheres.
No morro, a briga entre facções do tráfico se agravava a cada dia. Zenaide receava sentir as contrações do parto quando a luta tornasse os dias mais difíceis, com ordens vindas das chefias, muitas vezes impedindo o ir e vir dos moradores.
Eis que, numa tarde de domingo, hora de almoço, surgiu Carlinhos, com sua usual camisa estampada e bermudão de duas cores.Trazia duas latinhas de cerveja. Sentou-se numa cadeira da sala e ligou o rádio no jogo de futebol para acompanhar a transmissão . Era vascaíno doente, e seu time disputava final de um campeonato.
- E então, vai registrar ou não? - perguntou Zenaide.
- Olha aqui, Zenaide, nem sei se o filho é mesmo meu, pô! e num tô a fim de ouvir reclamação tua. Tu transou com outros antes!
Zenaide não resistiu à provocação e avançou contra ele.
- Filho da puta!
A gritaria chamou a atenção e chegou um grupo.
- Gente, caba cum isso. Cramulhão tá puto.
Carlinhos começou a dormir na casa de Zenaide em dias intercalados, pois não podia deixar a mãe sozinha. Dizia que era questão de compromisso.
Exatamente quinze dias depois, estavam juntos, quando Zenaide começou a sentir que a hora da criança nascer estava chegando. Já tivera três partos, sempre doando as crianças logo que nasciam.
No morro, o clima era de guerra. Cramulhão contra Sete Bocas. Os tiros se entrecruzavam nas subidas e descidas, entravam pelos botecos, pelas casas, e Zenaide a sentir as dores aumentando. Como sair do morro em meio àquele caos? Teve, então, uma idéia.
- Carlinhos, Dona Iracema, a mulher do Pastor é parteira. Já fez dois partos meus. Vai lá e chama ela.
- Sabia que sobrava pra mim... O tiro tá comendo geral. E se algum me pega? Você gosta é de se aproveitá de mim...
Fugindo dos tiros, ele trouxe Dona Iracema e o marido, o Pastor. Dona Iracema entrou no barraco e enquanto ela fazia o parto, do lado de fora do barraco Carlinhos ouvia o Pastor com suas rezas, para que tudo saísse bem. Em alguns minutos Zenaide deu à luz uma menina. O pastor depois a abençoou, impressionando Carlinhos.
Os dias passaram e Zenaide enfim, perguntou a Carlinhos:
- Vai registrar?
Ele começou a andar de um lado para outro. Olhou a menina. Sorriu.
- Acho que vô sim. Acho o olhinho dela igual o meu...
Cinco meses depois, o morro vivia tempos de relativa calma, agora sob a liderança de Cramulhão.
Zenaide, em novo barraco, assistia a uma novela. Das vielas, chegava a gritaria da garotada.
- Ei, cambada! vão gritar mais lá pra baixo. Tô vendo minha novela! - grita para as crianças, irritadíssima.
- Parece que vivo procurando sarna pra me coçar. Ainda bem que deixei a menina direto com Carlinhos. Aquela idéia dele de entrar pra igreja foi uma boa! Tá até querendo virar Pastor. Deixou de tomar cerveja, e nem liga mais pra futebol... pensou Zenaide, voltando à televisão. - Criança só serve pra atrapalhar a vida da gente. Pior que parece que tô novamente. Enjoando, muito sono e há três meses que não vem... – Nem sei o que Cramulhão vai dizer...
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http://www.belvederebruno.prosaeverso.net/
http://belvedere.bruno.zip.net/
Belvedere Bruno [Cônsul - Niterói - Z-Sul-RJ] Poetas del Mundo
Niterói - Brasil
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Festa em mim

Não. Não foi de repente
mas não me pergunte quando
que dei pra ser contente
quando estamos nos olhando
É uma festa dentro de mim!
E se assim pareço fria,
é por não saber o que dizer
mas muito me contentaria
te nomear meu novo você
E seria outra festa dentro de mim!
Imagem retirada do site:
www.textolivre.com.br/poemas/3678-seducao
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Livre outra vez

"Engarrafo nuvens"
não só elas,
junto esperanças e sonhos
os meus
os seus
que terminam em nossos
e nessa mistura ainda adiciono
uma pitada individual
da essência do nosso ser
e nos tornamos uno
Envazados
a espera da libertação
nesse universo de voltarmos
a ser nuvens novamente
doces, eternas e efêmeras...
(Ro Primo)
play [random – repeat all]:
às vezes parece tudo meio distorcido.
o coração semi-breve marca o tempo,
enquanto os graves o abafam
para a deixa da harmonia:
é batidinho, confesso,
porém é tudo que possuo.
o ritmo tribal do relógio corta às asas,
não deixa o cabelo crescer
e logo o fará desaparecer lentamente.
todas as estradas que levam a perdição
eu sigo com pés conversíveis,
decapotáveis,
sem almejar correr rápido demais
por pura inaptidão heróica.
e as garotas de cor do coral vão “doop-doo-doop”
com vozes envenenadas,
distribuindo folhetos
que levam ao caminho
e a verdade.
quando se perder,
no final,
não passa de se encontrar ao contrário
(aliás, a verdade é uma grande sacanagem).
que cancelem minha assinatura para a ressurreição!
o que pra eles soa sem, nítido eu escuto cem.
amargos gritos de blues,
sussurros tristes de jazz
por dentro emerge
dentre ruídos eletrônicos intraduzíveis,
indecifráveis,
do videoclipe das experimentalidades
a consciência de ser meu próprio DJ
apesar de me alegrar com canções tristes
terça-feira, 14 de abril de 2009
Ave
segunda-feira, 13 de abril de 2009
O Rosto Trágico
Esperei em meu sepulcro sórdido.
Da boca que a alegria saía,
Também escapava ternura...
Da boca nada mais escapou.
A pele pálida era sem reação,
Nenhum riso amável,
Minha dor ninguém entende.
Com o espírito cansado,
A têz virou mármore,
Retrato pétreo do inevitável.
Eis o rosto maldito,
Face louca deprimente,
Meu pesadêlo terrível!
Sofri amargamente,
Minha humanidade perdida,
Quem fui... morreu.
Agora sou um espectro,
Decadente máscara mortuária.
Restou um rosto trágico
Ironicamente desfigurado.
- Mensageiro Obscuro.
Agosto/2007.
José Menestrel
Para: Renata
SIL VOUZ PLAÎT
Ruginhas
"E eu conto uma por uma lindas e sabias.."
".... T udo que vale uma ruga tem uma ruga"
( Dudu Nicácio/ Bruna Alburquerque)
-Não transformaria o mundo em nada se fosse possivel escolher era o que diziam eles!. Ele sempre pensava nisso quando caminhava pela cidade a tarde ouvindo ou cantando música era preciso acredita no amor de certa forma por isso que ele vivia a canção que achava bela embora as cenas no filme fossem fortes mais a vida realmente era assim pensava ele ou será que seus deleites sonhos e fantasias vivem perdidas no fino claro de suas emoções que o deixar fraco e belo como o pestaneja das nuvens que se abrem no céu para ver um tipico casal de enamorados que passeiam junto das arvores que atravessam toda uma avenida em forma de rua .
Mais não! trinta e cinco anos, era um tempo de calmaria, por isso devia relaxa e deixa a viajem se ir. Realmente foi muito bom te comprado aquela passagem do trem expresso que roda pelo Brasail. era assim que vivia gostava quando o trem passava pela cidade de ver as pessoas nas portas de sua casas sentadas nas praças gostavam de viver de vaga pela cidade , Jóse ficava a pensar sentando em uma poltrona na janela do trem que faziam essas vidas que existiam em cada cidade talvez só a tragedia era o que importva era o que pensava ele, gostava de pensar também nas andanças do vagabundo do brasil que era um espirito que apericia de tempos em tempos nas terras do brasil outrora ele fora soldado mineiro que lutou na guerra do paraguai e tirava a virgindade de mocinhs que começam a se abrir para o amor.
mais não! iria pensava no caminho que os trilhos percorrem pelo pais, teve uma fez no interior da bahia num lugar cahamado vitoria da conquista ali perto de minas gerais onde o frio era intenso foi lá que jóse viu pela primeira vez uma fada verde! foi dessa forma era noite alta quando o trem passava pelas montanhas da bahia entando por minas gerais.
josé estava cansado seu dia tinha sido melancolico em cada estação que o trem parava seu tedio aumentava nem as pessoas conseguiam fazer que ele melhora-se.
Foi assim que a fada apareceu e entregou uma lâmina para josé que fico a pensar o que esta lâmina que dizer.
Então josé menestrel pegou a lâmina das mãos da fada que sorriso para ele o beijou e sumiu na escuridão da noite.
Dessa forma jóse se matou pego a lâminae enfiou em seus pulsos o sangue logo jorou rapido pareciam cataratas de sereias depois de um tempo tudo se achou tudo se acabou Jóse foi enterrado em minas gerais mesmo lá pra bandas de São joão del rei.
No outro dia pela amanha acharam o corpo dele, mais não causou auvoroso, apenas o fato dele te se matado dentro de um trem teve repercursão, ninguem sabia que ele era cinesta vivia de fazer filmes usando como cenario varias cidade diferentes.
passado tanto tempo Orfélia lembrava dessa estória tinha amado José mais que tudo, fizera de tudo mais ele era por demais melancolico e depressivo no fim o tédio venceu josé foi embora sem nem dizer adeus.
Se ela soubesse que josé agora estar junto com a fadinha verde a voar pela europa.
hhehehehehe
Au-revoir!
domingo, 12 de abril de 2009
Óios d'água
ontem
o tempo fechou
[tempestade]
hoje
tem mais água
[nos olhos da amada]
amanhã
se houver seca
[águas de abril]
.
tem pés
[tá] de
pé
os
óios cheios
d'água
se abriu...
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Convidado Rolando Revagriatti (Argentina)
Nosotros, no
No hemos sido nosotros
quienes entre 1600 y 1850 hemos asesinado
sistemáticamente a más de 30 millones de indígenas
durante la colonización de Norteamérica
ni quienes a partir de 1619
legitimamos y establecimos el uso de prisioneros africanos como esclavos
situación que jurídicamente sólo vino a terminar en 1995;
no hemos sido nosotros quienes nos apoderamos
de Texas, California y Nuevo México entre 1846 y 1848
tras promover y financiar un movimiento de secesión en estos territorios mexicanos
ni quienes anexionamos a Hawai en 1898 e intervinimos
en la política de los países centroamericanos, anexionando
también a Filipinas, Guam y Puerto Rico;
no hemos sido nosotros quienes, por supuesto, innecesariamente
atacamos con bombas atómicas
a ciudades de Japón, como muchos recuerdan, en 1945
ni quienes una y otra vez
nos involucramos en guerras foráneas
y conquistando nuevos territorios
o áreas de influencia
declaramos la guerra a Corea
intervinimos en la política sudamericana
y a tantos masacramos en la guerra de Vietnam;
tampoco hemos sido nosotros
quienes invadimos a la República Dominicana en 1965
y reiteramos la experiencia en Panamá y Granada,
Afganistán e Irak
ni quienes en los primeros años del siglo veintiuno
mostramos abierta y sangrientamente la pretensión de dominar
a todas las razas y culturas;
de ningún modo somos nosotros
los que devoramos cerca del 40% de toda la Energía
incluyendo combustibles, alimentos y agua
ni quienes apostamos al sustento del mayor arsenal operativo nuclear de todo el Planeta.
Repudiamos nosotros, no sin énfasis
que se nos endilguen estos dichos, y aun otros, y otros
con esa liviandad, animosidad manifiesta
y afán estigmatizante que a ustedes los caracteriza
al tiempo que denegamos
haber ido deviniendo en el Supremo
Energuménico
Enemigo de la Humanidad.
(a Ernesto Guevara)
Rolando Revagliatti - Ciudad de Buenos Aires, la Argentina
quarta-feira, 8 de abril de 2009
"Empadinha de Palmito"
Êba! Quando passar por aqui, na volta, vou pedir uma dessas, pensei, fazendo planos para o futuro. Fui ao tabelião na XV de Novembro. Depois, cumprindo o que me prometera, parei na lanchonete (não dá pra chamar de ‘restaurante’, não tem mesas. Se tem, não vi. Só uma prateleira de uns 20 cm, junto da parede, do lado oposto ao balcão, com banquetas de bar. Ok, por mim! Nada contra aproveitamento do espaço).
Primeira dentada na empada: era de frango. Depois de engolir, reclamei, desapontada:
– Ei, moça! Esta empada é de frango!
– E daí?
– Está escrito lá que é de palmito!
– De palmito acabou.
– Então precisa avisar que é de frango.
– Você não perguntou.
– Não perguntei porque tá escrito “em-pa-da-de-pal-mi-to”. Se não tivesse nada escrito, eu perguntava! Melhor não escrever nada do que informar errado!
Silêncio enquanto a moça limpa a chapa. Insisto:
– Precisa tirar de lá aquela plaquinha.
Ela continua limpando a chapa. Outra atendente vai lá e tira o cartão.
Na hora de pagar, digo à que me atendeu:
– Desculpe ter pedido a empada errada, viu?
– Tudo bem, responde ela com um sorriso magnânimo.
Até esqueci sobre o balcão a garrafa de água que eu tinha comprado pra levar...
terça-feira, 7 de abril de 2009

PUNHAL CEGO
Quero uma lâmina cega
Que não te possa cortar.
Para que assim
Eu não te mate,
Outrossim,falhar
De vez.
Pode parecer insensatez,
E é.
Te vejo tal síntese de mulher,
E não te toco,
Tampouco
Cheiro.
Quero uma lâmina cega,
E que não enxergue
Mais esperanças.
Um punhal inofensivo
Em mãos de crianças,
Que é o que bem somos.
Quero um cenário lírico,
Um mundo imaginário,
Onde heroínas e heróis
Descansem após
O último
Dos gozos.
Pode parecer estupidez.
E é.
Te vejo tal síntese
E mesmo assim, quando der,
Vou ficar lembrando de tuas pegadas,
Dos teus cheiros
Sabores e aromas...
Ficar batendo nas teclas de um piano sem pés,
Degustando , como vinho,
Todo o revés
De não ter sabido nunca
Amolar uma simples lâmina,
Cortar meus braços,
E morrer sorrindo...
segunda-feira, 6 de abril de 2009
a vida imita a arte

http://www.flickr.com/photos/andreadias/322674343/
Tomando um Café
Sentei-me a mesa de um café e comecei a observar as pessoas.
Diferentes, iguais a nada.
Todas arrumadas outras disfarçadas.
Olhei alguém que do nada apareceu pedindo um café e uma água gelada.
Vi um senhor que se sentou tranqüilo lendo o jornal.
Um casal que se abraçou sem medo das olhadas.
Vi a garçonete olhando para porta imaginando, quanto tempo ainda faltava.
Peguei o cardápio e vi que nada combinava com nada.
Resolvi mudar, pedindo em voz baixa
Um café de ilusão com um pouco mais de emoção
Queria um pouco de açúcar sem adoçar a decepção
Uma água gelada quem sabe afogar as mágoas.
Vi que poderia ter uma historia em cada café.
Um café que chorava as lágrimas de uma malvada.
Um café soberbo de uma dissimulada.
Também teria um café de alguém que ainda sonhava.
Um café gelado outro bem amargo.
Para entender toda cilada
Um café que poderia ser planejado
Com canela ou mascavo
Simplesmente um café para brindar a derrota
Ou que sabe um café bem Melado
Para entender que o pior estava ao lado.
Um café na xícara pequena, pois não precisa de mais nada
Um café na xícara enorme, para sentir a dor do golpe.
Café de ilusão com açúcar sem emoção
Café de coração só assim se entende a traição.
Um café só de mentira esse seria sua golada
Um brinde a todos os monstros que passava na calçada.
Um café de esperança de nunca mais sofrer por nada
Um café sem tolerância pra mandar você pra outra estrada.
Poderia pedir um cappuccino mais seria exagerada
Mas uma xícara bem quente melhor que água gelada
Queria um café dos sonhos, não melhor que não tenha nada
Sonhos são mentiras, mesmo estando em outra estrada
Um café de pouco leite ou curto aparada
Café com alegria você não tomaria nem adoçado.
Vi que as pessoas tomavam um gole meio forçado
Talvez lembrança dos golpes ou do café que estava amargo.
Café que descia embolado com medo de ser amado
Pois ser traído de confiança nem café descafeinado
O melhor seria um café desenrolado
Mesmo vendo cada pessoa, não imaginava seu percalço
Café atrapalhado daqueles que foram humilhados
Tomando um café, talvez importe a cada pessoa que está ali sentado
Avaliando, sonhando, idealizando, ou até mesmo rezando por quanto tempo foi enganado
O que importa o motivo
Se café é só café em um cardápio feito livro sujo, que pode ser rasgado
Edson Rufo
Sabatina Silvestre

Carlos Cruz - 31/03/2009
domingo, 5 de abril de 2009
Caligrafia da entrega
entrega ao objeto
Nele se exaure e extasia
como se fosse fantasia
o querer precipitado
E súbito se nega
olhando novamente
indiferente
raso
conciso
e calculado
O desejo existe
febril e impetuoso
ávido por prazer
na brutalidade da carne
Mas em mim
se dilui e transfigura
na linguagem crua
na superfície táctil
da palavra nua
Iriene Borges
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Por Flá Perez
Colaterais
entre pontos cardeais
enquanto ele se banhava
em cachoeiras de Laurásia
eu me deitava
no mar de Gondwana.
Criatura tipo mignon,
quase à beira da extinção
deito nesse peito cro - magnon
e ouço bater o coração
de pedra.
Tô lascada!
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Louca de Fama - Ato XXIV

.
39
.
tempo de inovação
ares de napoleão
de saias
navalhas
tomara-que-caia
.
.
82
.
tempo de luta
salvadora das putas
com asas impuras
gestos. lisura
religiosa...
.
.
24
.
anos de culpa
cadafalso,
insensatez
altaneira, majestosa
lusitando o horizonte
das loucas dos montes...
lucidez
.
.
de dezembro a março
fez seu nome, seus passos
louca de fama que um dia
quis desenhar sua história
na lama, na glória
da rainha louca,
criança
esperança,
renascentista e futurista de Bragança.
.
.
autor: Me Morte
(do livro "A Canção da Louca Renascentista de Bragança")