4.3 e inda não aprendi o tal pulo do gato que tira o cavalo da chuva, o boi da linha e coloca o ruminante na sombra; talvez o bicho de sete cabeças, se não estiver com a macaca, espante o espírito de porco e me ensine a dar o drible da vaca no lobo em pele de cordeiro. quero acertar na mosca mas a morte da bezerra está recorrentemente nos meus pensamentos. nesses dias, ando trôpego, feito barata tonta e as velhas raposas me vendem gato afirmando enfaticamente tratar-se da mais felpuda lebre. sempre pratico a discrição e tento manter minha boca qual a do siri, contudo, sempre vem um raio dum papagaio de pirata cabeça de bagre me apontar o bico e eu, bode expiatório, acabo pagando o pato, ou pior, caindo do cavalo paraguaio. o lance é mandar esses amigos da onça irem pentear macaco quando vierem com aquela conversa pra boi dormir. ora, cada macaco no seu galho! se ameaçarem soltar a franga, solto os cachorros em cima deles. tô farto de engolir sapos, de assistir impassível à vaca seguir mansamente rumo ao brejo. chega de cutucar a onça com vara curta! quero amarrar o burro, afogar o ganso, matar a cobra e mostrar o pau. encerro minha sina de vaquinha de presépio e aviso: prendam a respiração porque a cobra vai fumar!
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segunda-feira, 6 de julho de 2015
sábado, 6 de junho de 2015
Mad Max Fury Road, crítica boca suja do cinéfilo desbocado
Escrito por
Carlos Cruz
tá ok. tem a galera que acha que os anos 80 foram do caralho porque neles surgiu uma puta cultura pop inimitável e irrepetível; tem a galera mais xiita que xinga, roga praga e deseja ardentemente que quem ousa reproduzir qualquer 'clássico' dos 80 passe a eternidade a arder no mármore cinza-corumbá do inferno ao som de uma banda misto de fresno e restart, com pitadas ch-tum ch-tum ch-tum de david gueta. não sou desses. penso que os anos 80 - como os 40, 50, 60, 70 e tal - pariu muitos filhos geniais e muitos bichos-de-goiba. vi, baixei, revi, revi, revi de novo a trilogia mad max; cada qual, descontada a carga tosca ou cult - a depender do gosto do freguês, com seu nível singular de fodeza (sou da banda cult e curto pacas o the cult, embora a crítica da revista bizz/showbizz sempre tenha feito a maldosa questão de incluí-los no mesmo balaio de guns'n'roses e skid row). bom, vamos ao que interessa: o mad max da foto. tá, ok, beleza, não tem mel gibson nem tina turner. tá certo, tem efeito especial pra homem-aranha nenhum botar defeito. aos amigos de meia-idade: aquelas caralhas de óculos 3D também me dão enjoo. mas, na boa véi, é um puta filme bom pra caralho! o cenário desértico tá lá; o visual a la tank girl também; os veículos, os personagens punk-rock, as perseguições, tá tudo lá. de quebra, ainda puseram um carro com tambores e um guitarrista heavy metal dedilhando uma guitarra-lança-chamas. há quem diga que transformaram o clássico dos 80 num reles blockbuster. concordo. mas uma coisa é certa: blockbuster ou clássico ou filme cult ou a porra da caralha da buceta do que seja, o filme é bom pra caralho e me diverti à beça. é isso. ponto. ponto final. falomaisnada. cabô.
quarta-feira, 6 de maio de 2015
Liberté, Egalité, Fraternité, Panelé Vameaux Baté
Escrito por
Carlos Cruz
quer participar do panelaço em protesto aos mandos & desmandos da presidanta e seus petralhas amestrados mas não quer passar por pequeno-burguês ascendente de classe média emergente? quer batucar o utensílio da empregada com pompa e circunstância, estilo e glamour? quer causar frisson, ficar todo pimpão e bebericar seu chandon? chegaram as novíssimas Panelas Tramontana, com design arrojado, hastes em ouro 23 quilates, fabricadas na França sob encomenda. na próxima manifestação, mostre sua indignação. mas sem perder o savoir-faire nem o physique du rôle.
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Eleições 2014 sob a ótica de um eleitor-leitor que leu o pequeno texto do Bertoldo ou o naufrágio do sufrágio
Escrito por
Carlos Cruz
01) Dilma Roussef - candidata da situação à reeleição cujo partido, antes de se tornar situação, era a melhor opção pra quem desejava uma aurora menos cinza. sempre com cara amarrada, parece pronta a cravar as unhas no pescoço de algum desavisado. passaram-se os anos e ninguém que tenha vivido o antes e o depois pode negar que a coisa melhorou um gole. hoje o povo brasileiro menos favorecido pode ser entregar a luxos dantes impensáveis, como comprar um fardo de cerveja importada. mas o partido, no afã desesperado de se perpetuar no poder, se perdeu e descambou na mesmice pantanosa daqueles mesmos partidos que tanto criticaram no passado. o fim justifica os meios, por mais pestilentos e nauseabundos. lamentável, especialmente para mim que, sendo um eterno lago de paciência, naqueles idos de 1989, por pouco não me engalfinhei com um boçal na defesa do meu ideal representado por aquele ogro barbudo de fala cavernosa e língua presa.
02) Aécio Neves - primo siamês do ex-presidente fernando collor. cara de playboy criado a leite semidesnatado com pera, mamão papaia e sucrilhos kellogs. o fofucho cresceu e, na adolescência, passou a frequentar o iate clube aos domingos, para relaxar e se curar dos excessos das baladas de sábado à noite, regadas à jack daniels com red bull, drogas diversas, muito sertanejo universitário e a mulherada doida pra passear na carroceria da camioneta presenteada pelo papai, aquele mesmo que, de quando em quando, vinha resgatar o filhinho na delegacia. puto, chegava dando esporro: "porra! vocês estão de sacanagem? prender meu filho só porque ele bebeu algumas garrafas de uísque, capotou com o carro e morreram 3 pessoas? foi só um acidente, caralho! eu pago a porra toda! vamos embora, filho, esse pessoal parece que nunca foi jovem. papai dá outro carro, novinho e mais possante, tá?"
03) Marina Silva - chata pra caralho. cara de anfíbio, voz esganiçada, discurso confuso. estivéssemos nos 70 e ela fosse candidata a integrante dos novos baianos, votava nela sem titubear, desde que não cantasse, só compusesse. vejo uma trilha errática em meio à selva difusa nebulosa que vai descambar na sociedade alternativa sonhática. ou não. caso perca a eleição, fecha fácil uma parceria com o rapper criolo.
04) Luciana Genro - sem marina, ganharia o troféu 'mais chata da eleição' sem maior esforço. estuda ciência política na UFRS desde os 05 anos de idade; em casa, papai toma as lições. fez pós-graduação em retórica, mestrado em oratória, doutorado em dialética. poderia ganhar a eleição mas um grave deslize do passado, mancha indelével na sua bela história de vida, torna-a persona non elegível: ela tirou uma foto em cuba, de boina vermelha, com a estátua de che guevara ao fundo. perdeu, maluca.
05) Levy Fidelix - mineiro de Mutum, baixinho, gordinho, bigodudo e macho até a raiz do cabelo que sobrou atrás do cocuruto. se eleito, promete dar um gás, com o apoio do candidato Eymael, na combalida TFP e restabelecer o poder da tradicional família brasileira. seu lema: “a moral acima de tudo”. criará centros de pesquisa e reabilitação hermeticamente fechados para casais LGBT, onde especialistas altamente gabaritados tentarão provar por meio de experiências científicas que aparelho excretor não faz filho e que todo homossexual é útil na forma de adubo.
06) Pastor Everaldo - promete instituir o bolsa-danoninho e o vale-grapete. não sabe o que é previdência social mas sabe tudo de dízimo e gosta muito de púlpito. se pressionado, peida.
07) Eduardo Jorge - sempre que o vejo, penso em Trindade, Paraty. penso em praia, ondas, ondas quebrando na praia, onda, muita onda, viagem à lua, lua cheia, luau, estrelas brilhantes, hippies, dreadlocks, fogueira, alguém toca um violão, dança, roda, tudo roda. areia fofa. fogo colorido no céu. o mundo é lindo. A natureza é nossa amiga. a vida é boa demais.
08) Eymael – não convocado ao debate. menos de 1% das intenções de voto segundo os principais institutos de pesquisa. sabe-se tão só da parceria com o candidato Levy Fidelix no projeto Câmara do Amor Livre, destinado à reabilitação de homossexuais com vistas à reinserção na tradicional família cristã brasileira.
09) Zé Maria – não convocado ao debate midiático. menos de 1% das intenções de voto. inexpressivo. peru de festa. sem nenhuma chance. acha que ficou bem na foto do site do TSE. só isso. mais nada. acabou.
10) Mauro Iasi – vide Zé Maria.
11) Rui Costa Pimenta – vide Mauro Iasi.
Face às facetas, provavelmente, uma vez mais irei no bom e velho voto-cacareco: zé maria presidente.
sábado, 6 de setembro de 2014
a ave que cagava diamantes fedegosos, a tipoia e a azáfama
Escrito por
Carlos Cruz
há alguns anos, durante um bate-papo antes do início das aulas com o professor Marcelo Leite na Universidade Severino Sombra, presenciamos uma cena lamentavelmente cada vez mais comum: um funcionário da universidade, seguramente dos mais graduados (e abastados), havia estacionado seu enorme e reluzente carro do ano numa tal posição que "matava" três outras vagas, um claro recado aos demais funcionários reles do campus: "cambada de insignificantes, vão estacionar seus carros populares financiados em quatrocentas prestações em outro lugar. eu sou rico, lindo, inteligente e muito importante, eu sou a pessoa mais importante da universidade, quiçá do mundo todo. logo, ocupo todo o espaço que eu quiser, faço o que quiser, inclusive cagar em suas piolhentas cabeças sem valor." aquele remoto - e esquecível - episódio foi a pedra angular da Teoria da Expansão Espacial do Ego dos Seres Pseudo VIPs na Sociedade de Consumo Contemporânea. Grosso modo, a teoria parte do pressuposto de que quanto mais arrogante, cheia-de-si e besta a pessoa for, mais espaçosa ela é.
ontem, tive nova comprovação da teoria. estávamos eu e minha amiga Suzana Muniz fumando em frente ao Hospital Samaritano em Botafogo, quando um gigantesco Jeep Cherokee assomou à toda e parou com direito à guinada de pneus à porta do nosocômio, precisamente no meio da passagem onde cabem dois veículos grandes, atravancando a porra toda. As quatro portas se abrem simultaneamente e desembarcam quatro orangotangos esbaforidos, tendo o menos corpulento pouco mais de dois metros. Um deles oferece a mão à uma mulher que reconheci no ato pois já a havia visto na TV. a pobrezinha aparentemente tinha torcido o tornozelo e estava acompanhada de outra mulher muito parecida com ela, ou seja, tão esquálida, feia e desprovida de atrativos quanto. a tal acompanhante já entrou reclamando pois cinco segundos haviam se passado e ninguém trouxera uma cadeira-de-rodas à muito-sobremodo-demasiado-pessoa-célebre-rica-famosa-mais-importante-de-todas. o porteiro corre desabalado (azafamado é o termo mais apropriado, certo, Suzana?) para atender à ordem da integrante do séquito.
até aí, tudo mais ou menos dentro do script. contudo, eis que surge um "Corsinha". o motorista aciona a buzina e gesticula, pedindo a liberação do acesso à entrada do hospital. simples: bastava um dos brutamontes entrar no monstro e locomovê-lo poucos metros à frente; ao invés disso, ele limitou-se a olhar de esguelha e com cara de poucos amigos o pobre veículo de pobre, como se dissesse: "você faz ideia da importância da minha patroa? foda-se! trate de esperar!" vendo que a buzina não surtira efeito, desembarca do carro uma senhora muito idosa, deslocando-se custosamente com seu andador. o detalhe que me fez pensar: a idosa sorria. refleti: será que essa moça rica e famosa, cheia de pompa, circunstância e empáfia, viverá tanto quanto essa senhora do carro popular que sorri diante de uma adversidade boba? se viver, com toda a descomunal importância que dá a si mesma, com todo o seu dinheiro e mordomias, impotente ante a ação implacável do tempo, será feliz?
ao final de tudo, fiquei matutando sobre como assim caminha a humanidade e onde descambaremos. uma interjeição seguida de uma expressão não me saía da cabeça, mas sem exclamação, posto que branda. sem nenhuma potência ou importância, qual um programa da rede globo: ai. que loucura.
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
frango assado
Escrito por
Carlos Cruz
depenado por galinhas ariscas e depravadas, engolido pela cloaca concupiscente e voraz que atrai, embevece e devora, duro como um ovo talhado em pedra chamada seixo carbono ferroso, o frango serelepe decidiu recolher as asas-coto, baixar a crista e pousar nu.
sexta-feira, 6 de junho de 2014
dorgas
Escrito por
Carlos Cruz
tremores, alucinações, boca seca, palpitações, delirium tremens, coração na calvaria pulsante, olhos nos olhos boquiabertos. o sol gélido empretecido. a lua carcará sanguinolenta coruscante. antes que sobrevenha o esquizoide catatônico que tudo sabe,a iluminação regozijantemente nauseabunda, a bunda retrátil que retrata e sorri e o rigor mortis, vos digo a vós que escutai a voz: dorgas. largai. enquanto Seu Lobo não vem.
domingo, 6 de abril de 2014
conjunção carnal-advérbio-infernal
Escrito por
Carlos Cruz
entre tantos entretantos
perambulando por aí
trôpegos todavias
contudos cheios de si
emboras que não visitam a tia
no entantos que olham de soslaio
adredes de cara pra parede
algures pretensamente alhures
ceando em casa de sampaio
sita porventura lá pras bandas
do longínquo nenhures
porém, sempre vem o porém
acabar com a festança
à proporção que fode assaz
a cachola rubro-cornuda de satanás
zonzo, cara escarlate, vaza
zás-trás!
embora pr'os outroras
zamora, beleléu, conchinchina
fedentina casa das prima
sempiternos quintos dos infernos
porquanto o tacho está fervente
urge preparar gramáticos crentes
picantemente
alegremente
al dente.
quinta-feira, 6 de março de 2014
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
manual para fazer Martin Luther King dançar break na cova
Escrito por
Carlos Cruz
vire político;
dê seus pulos e seja eleito;
cole com colegas que estão há mais tempo na sacanagem, observe e aprenda;
participe de toda sorte de maracutaias, sempre, jamais recuse participar;
ganhe muito dinheiro e esconda-o bem escondido, de preferência em países que ninguém conhece;
ludibrie o fisco;
ascenda na carreira;
repita cem vezes ao dia, todo santo dia: "eu sou honesto", até sentir que você se auto-convenceu disso (sua convicção será fundamental quando necessitar persuadir outros do seu caráter ilibado e da sua conduta irrepreensível);
jamais faça troça dos otários que pagam seus luxos, lembre-se que qualquer pé-inchado tem um celular com câmera hoje em dia;
se a casa cair, faça cara de bebê cagado, chore, chore muito, chore a cântaros, olhe para os céus e brade: isso é uma injustiça! isso é perseguição política! eu sou inocente!;
escreva um manifesto que contenha as seguintes expressões: preso político, perseguição, vítima, ditadura, censura, 1964, doi-codi, tortura, História, povo, liberdade; se puder, acrescente mártir, Araguaia, Vladimir Herzog e Gramsci;
contrate advogados safos que conheçam os tais meandros da lei, especialmente as chamadas 'brechas';
por fim, ao ser preso, diante dos holofotes, das câmeras e dos flashes, faça o famoso gesto dos Panteras Negras.
p.s. prepare seu retorno triunfal.
Carlos Cruz - 18/11/2013
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
polícia para quem não precisa de polícia
Escrito por
Carlos Cruz
a função precípua da polícia civil, ou polícia judiciária, é apurar as infrações penais, aqueles fatos - por 'fatos' entenda-se algo que já aconteceu - definidos por lei como crimes ou contravenções penais. logo, tal atribuição NÃO inclui:
01) apurar crimes que ainda não aconteceram. o crime ou contravenção tem quatro fases sequenciais: cogitação, preparação, execução e consumação. o candidato a meliante tem a ideia do crime, decide pô-la em prática, traça seu plano diabólico, inicia os preparos e parte para executá-lo. se bem-sucedido, o crime se consuma. caso contrário, responde pela tentativa. a lei brasileira pune o criminoso somente a partir dos atos de execução. portanto, não, a polícia não é obrigada a agir porque você acha que seu vizinho pode lhe ferir ou matar ou fazer qualquer mal a você porque ele, cujas feições lembram muito as do monstro do doutor frankenstein, olha para você de cara feia.
02) apurar crimes impossíveis. embora muitos - dentre os quais habitués da Serra da Beleza, Chapada dos Veadeiros e Chapada dos Guimarães, bem como assinantes da revista UFO e leitores de erich von daniken - possam discordar, não, a polícia não tem o dever de lhe proteger porque os alienígenas espalharam câmeras invisíveis por toda a sua casa e podem a qualquer momento lhe abduzir e fazer altos e excitantes experimentos sexuais com você enquanto deslizam pela via láctea.
03) dar susto. uma das não-atribuições mais requisitadas pela clientela, especialmente por vítimas de violência doméstica: "sabe, doutor, meu marido não é uma pessoa ruim. ele só fica violento quando bebe. e ele bebe todo dia. daí ele me bate. mas eu não quero prejudicar ele não. eu amo ele. só queria que a polícia desse um susto nele pra ver se ele para de me bater." não, minha senhora, lamentamos informar que a polícia não dá susto. embora seja certo que eles seriam de enorme valia à instituição, não, o conde drácula, o lobisomem, a múmia, darth vader, satan goss, gasparzinho e o fantasminha pluft não integram nossas fileiras. é até verdade que temos alguns colegas na casa que antes de descerem à terra entraram na fila da feiúra várias vezes, contudo, malgrado involuntariamente sirvam para provocar choro em bebês de colo e dispensem dedetização nos locais onde trabalham, assustar maridos agressores não faz parte do seu rol de atribuições.
04) apurar crime ou contravenção penal que não é crime nem contravenção penal. se a lei define isso ou aquilo ou aquiloutro como crime ou contravenção, então, sem a menor sombra de dúvida, isso, aquilo ou aquiloutro É crime ou contravenção. se não, não. a polícia judiciária não tem que intervir:
a) se você acreditou no garoto-propaganda da casas bahia quando ele, com aquele sorriso idiota, afirmou que você poderia pagar quanto quisesse naquela linda cozinha bartira;
b) se o farmacêutico estava caindo de bêbado mas ainda assim lhe vendeu o medicamento correto;
c) se a professora disse que seu filho - cuja maior nota foi um 2 em educação artística - tinha déficit de aprendizagem mas (embora até pudesse estar pensando) em nenhum momento o chamou de jumento;
d) se seu marido comeu aquela secretária loira que tem um litro de silicone em cada peito, usa sumários tubinhos, tem piercing do tipo penduricalho no umbigo e uma tatoo tribal logo acima do cofre;
e) se você contratou o canal sex gay mas a sky só disponibilizou o canal de putaria hétero;
f) se sua filha de 16 anos topou alegremente um gangbang com todo o time de futebol do colégio no vestiário do clube;
g) se você chegou em casa e flagrou sua mulher e três afrodescendentes que poderiam facilmente ser confundidos com seu guarda-roupas e cujas envergaduras somadas ultrapassavam fácil 70 centímetros, praticando sexo animal no seu leito de amor conjugal;
h) se sua vaidade masculina foi massageada pela possibilidade de aumentar seu bilau com a super-ultra-mega-sensacional bombinha big pênis, expectativa frustrada pela constatação de que aquela coisinha minúscula e ridícula, por mais que sua mão esteja dormente de tanto bombear, continua e continuará ridícula e minúscula;
i) se o morador do 701 soltou uma bufa fétida no elevador que quase levou você à lona quando houve aquele blecaute de 20 minutos;
j) se você ficou atônito e amedrontado quando soube na curimba que frequenta às sextas, por meio do relato fidedigno da dona maria padilha das sete encruzilhadas do rodoanel, que uma das amantes do seu marido fez um trabalho 'indesfazível' para costurar espiritualmente e para todo o sempre a sua linda e rechonchuda vulva;
k) se você, ao chegar da vernissagem ou do shopping, deparou-se, horrorizada, com o vira-latas pulguento do vizinho engatado e babando em cima de adriane, sua cadelinha poodle que para você é muito mais que uma simples cachorrinha, é sua filhinha querida super bem-tratada à base de ração inglesa e shampoo francês;
l) se o ogro sujo, cabeludo e tatuado que mora perto da sua casa não separa as latas vazias de cerveja das garrafas de pinga das guimbas de cigarro dos restos de comida quando joga fora o lixo;
m) se você todos os dias se vê forçado a escalar o morro mais alto de sua cidade para falar ao celular com sua mãe que mora em santo antão do horizonte infinito;
n) se você, bêbado como um gambá, foi implacavelmente sodomizado naquela bacanal em que topou participar;
não. definitivamente não. seu problema é enorme, gigantesco, um problemão, mas não é previsto nem definido como crime ou contravenção na lei penal brasileira, logo, não é caso para a polícia. o policial pode se compadecer e até mesmo sentir ganas de fazer algo para tentar resolver sua questão, mas ele sabe que não pode fazer isso. tomar para si o encargo de outro funcionário público é usurpação de função pública e isso é crime. mas não fique aí parado, reclamando que ninguém faz nada para ajudá-lo. o chapolim colorado não vai aparecer e chamar os bons para seguí-lo. informe-se e procure o órgão nas esferas administrativa, civil, órgãos de classe, o judiciário, o batman, o justiceiro, etc., busque quem tem a atribuição, o dever de ouvir sua reclamação e tomar providências no afã de reparar a tremenda injustiça que você sofreu. pense também sobre a possibilidade de aceitar jesus, apagar a luz, usar brinco de cruz ou comer cuscuz, senhor(a) avestruz.
Carlos Cruz - 29/08/2013
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
lugar comum
Escrito por
Carlos Cruz
por quê
toda dor tem que ser dilacerante
toda lágrima tem que ser copiosa
toda regra tem que ser clara
todo erro tem que ser crasso
todo sol tem que ser escaldante
toda estupidez tem que ser gritante
toda burrice tem que ser porta
toda estrovenga tem que ser torta
todo nu tem que ser castigado
todo leite tem que ser derramado
todo moribundo tem que ser desengado
todo cristo tem que ser crucificado
todo lar tem que ser casa
toda cova tem que ser rasa?
Carlos Cruz - 02/08/2013
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
amor próprio
Escrito por
Carlos Cruz
amo-te
de um jeito
só meu
sem parada
sem charada
sem trovoada
amo-te
de um ímpeto
só meu
sem bordoada
sem almofada
sem saraivada
amo-te
de um tempo
só meu
sem jangada
sem pincelada
sem alvorada
amo-te
de um barulho
só meu
com batucada
com gargalhada
com patuscada
amo-te
de um amor
só nosso
Carlos Cruz - 18/07/2013
domingo, 6 de outubro de 2013
onã anão
Escrito por
Carlos Cruz
onã
toca tantã
pela manhã
no sexo
a febre malsã
na cabeça
o sutiã
onã
toma leite nan
onã
é fã do kleber bambam
onã
pensa que tupã é marido de iansã
onã
não come maçã
Carlos Cruz - 17/07/2013
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
El Ingenioso Hidalgo Don José de la Portela
Escrito por
Carlos Cruz
Num vilarejo perdido no cume das distantes montanhas do Reino Esquecido de Miguel Pereira, vivia um fidalgo que diuturnamente se dedicava à laboriosa tarefa de medicar notebooks enfermos e ressuscitar computadores mortos. Conquanto seu mister não o desgostasse, o jovem, dado a leituras de livros de cavalaria revolucionária e farto dos desmandos e tiranias de Sua Majestade, o Rei Rói, e dos seus sectários, que se autodenominavam Os Cavaleiros da Távola Quadrada e cujo lema não deixava dúvidas quanto ao modelo -dito democrático - governametal adotado: "farinha pouca, meu pirão primeiro.", decidiu agir. Imbuído do espírito guerreiro dos seus antepassados, limpou, com escova de aço e kaol, a ferrugem da velha armadura do seu finado avô, lançou mão da faca de churrasco à guisa de espada, a tampa da lixeira lhe serviu de escudo, da velha piaçava fez sua lança e assim, devidamente paramentado, montou seu Rocinante VW Fusca 1973 que reunía a força de 1300 cavalos em apenas um, e partiu para a guerra, em nome de sua musa, a combalida, rota mas inda bela Democracia del Toboso. Alguns diziam-no louco, outros faziam troça, chamavam-no O Cavaleiro da Triste Figura, ninguém acreditava nele. Mas Don José de la Portela era brasileiro, miguelense, portelense, intrépido, sagaz, indômito, amava sua cidade e sua família (o adesivo no vidro traseiro de Rocinante clamava em caixa alta esse apreço) e não desistia jamais. Poucas luas após o início de sua aventura, a Providência, que assiste os homens de coração bom e caráter retilíneo, ofereceu ao desacreditado cavaleiro a oportunidade de mostrar a todos - nobres e plebeus - seu enorme valor. Pairavam sobre a reluzente coroa de Sua Majestade graves suspeitas de mau uso do erário real na contratação de carroças destinadas a recolher o lixo feudal, falava-se em favorecimento ilegal ao suserano de um reino vizinho. O Povo clamava por esclarecimentos. Foi marcada, então, uma assembleia na qual decidir-se-ia quanto à instauração de procedimento investigatório em desfavor do monarca. O Povo acorreu em massa e lotou a audiência, gritando palavras de ordem. A vassalagem não destoou nem surpreendeu, vassalo é vassalo. A grande surpresa ficou a cargo de nosso intimorato fidalgo que, malgrado as severas ameaças - que incluiam degredo, bastilha e guilhotina - proferidas pela Ordem dos Cavaleiros Encarnados, à qual era filiado, votou, em meio a lágrimas profusas e reminiscências das façanhas do avô, o Duque del Futurista, e para desgosto do Monarca e seus asseclas, a favor do investigatório. A turba foi ao delírio. O outrora chacoteado Cavaleiro da Triste Figura foi carregado nos ombros pelos populares, heroi merecidamente aclamado cujo novo cognome condiz melhor ao seu brio, à sua coragem e caráter: O Cavaleiro da Esperança. O final da novela ainda está por contar, todavia, uma coisa é certa: não há mais bobo de bobeira no Reino de Miguel Pereira.
Carlos Cruz - 19/04/2013
com vistas à contextualização e compreensão:
terça-feira, 6 de agosto de 2013
Balzac sem SAC
Escrito por
Carlos Cruz
deus, o todo-poderoso-de-olhos-chamuscantes, materializou-se em minha bacanal onírica e, esbanjando austeridade e vozeirão de trovão, mandou a letra, na lata: "quereis usufruir os prazeres e dissabores da vida mundana ad infinitum? comprai e lede balzac. enquanto não exaurirdes a comédia humana, vosso espírito permanecerá encerrado no cárcere que expele vapores nauseabundos, a sorrir pateticamente de sua própria vileza." eu, que não sou bobo nem nada, antevendo-me um highlander de espada flamejante sempre em riste, relampagueando a la he-man, acresci proust à lista e cliquei no botão comprar. foi aí nesse ínterim fatídico que o pequenino avatar brotou no canto esquerdo inferior do vídeo. evitei encarar os olhos-de-fogo pra não virar estátua de sal ou churrasquinho de carvão, mas o cabeludo barbudo grisalho sorridente, sem mais e de repente, foi ficando enrubescido, à proporção que o ígneo dos olhos enegrecia a olhos vistos. não tardou e a possibilidade de mirá-lo sem os receios pétreos iniciais deu o ar de sua graça, devidamente acompanhada e assistida pela recém-manifestada nefanda constatação: eu me fodera. o barbudo era o chifrudo de cavanca, rabo e cascos de bode. "me chamo mefistófeles. que prazer te conhcer!", disparou o sem-mãe, entre risadinhas zombeteiras. mas nem, pensei. morro, mas morro letrado, entupido de cultura a peidar literatura. "aqui jaz carlos cruz. ele leu balzac." ui. de mais a mais, vamos e venhamos que um livro com esse nome deve ao menos possuir algum humor. foda-se o capiroto traíra filho da puta e suas traquinagens de sérgio malandro glu glu ié ié. eu vou ler essa caralha. se à palavra fim inda houver respiração, emito minha opinião. se não, boiemos na crista do aluvião, sentemos sensatos à sombra do pé de feijão e, com unhas e dentes, destrinchemos carinhosamente nossa adorável auto-aberração. tudo é ficção.
Carlos Cruz - 20/03/2013
sábado, 6 de julho de 2013
Dos Sectários do Canho-Do-Pé-Preto
Escrito por
Carlos Cruz
Petição Pública dos Headbangers, Góticos e Aficionados Por Death e Black Metal Miguelenses aos Exmos. Membros da Câmara de Vereadores de Miguel Pereira
Exmos. Srs.
Nós, integrantes da galera que enverga roupa preta, usa braceletes de tachinhas, passa sombra nos olhos, curte um rock podreira, frequenta cemitérios e assiste a filmes de zumbis, vimos, por meio do nosso representante (que não compartilha do ideário nem tampouco da indumentária dos representados, que fique bem claro), reivindicar nosso sacrossanto direito, enquanto cidadãos brasileiros, fluminenses (não me agrada esse designativo local) e miguelenses ilibados e cumpridores fiéis de seus deveres, no sentido de que seja estabelecido o DIA DO SATANISTA, a ser celebrado no dia 06 do mês 06 dos anos vindouros, a partir de 06:00 h. Requeremos, ainda, que o DIA DO SATANISTA seja elevado à categoria de FERIADO PÚBLICO MUNICIPAL, para podermos nos dedicar aos rituais comemorativos (que incluem bebericar drinques feitos à base de sangue de bode e dançar pelados em torno da fogueira no centro da estrela mágica, em local hermeticamente fechado e sem acesso ao público, obviamente). Rogamos aos conspícuos edis que se dispam de todo e qualquer preconceito, por mais arraigado, ao analisar o teor de nossa demanda, porquanto, como é notório, vivemos em um Estado Democrático de Direito laico, cujos princípios basilares previstos na Carta Magna incluem a inviolabilidade do direito à liberdade e à igualdade. Ademais, "aequitas in paribus causis, paria jura desiderat."
Nestes Termos,
Pedimos Deferimento.
Ass. Pupilos de Moloch Miguelenses
*Nota: O texto acima é ficcional e humorístico. Qualquer semelhança com fatos ou pessoas é mera coincidência.
quinta-feira, 6 de junho de 2013
iPhone 5
Escrito por
Carlos Cruz
o besta
desembesta
ou quiçá, çá, çá
defenestra
na poeira das vaidades
bestas
e atuais, mais
que atuais
os ancestrais
cambalhoteiam
inutilmente
pra frente
pra trás
qual idiotas
os devotos
do black metal
dão saltos
camisas pretas
acham demais!
mas, ademais, existe a luz
no fim do túnel
da Tunísia
pour elise
eu faria tudo, tudo
coesão, coerência, clareza
o importante é ser feliz
na cama
o mais, é o amor
só o amor
que conhece o que é verdade
a verdade dói e mói e corrói e destrói
mas isso é bom e agradável
exceto ao platão
seja bem-vinda, ruidosa bofetada!
bate outra vez, coração!
a mão que balança o berço
envolve e cabe perfeita na masturbação
o ego rebelde não quer rebentar
diz que há os tais maiorais
déspotas e tarados
cheios de pênis eretos
no lugar dos pelos
glândulas invertidas
pelas barbas de netuno!
levantai, unamuno!
semeai a discórdia e a dúvida
entre os homens bicudos
jegues-justos-obtusos
cheios de hemorróidas
enfiados em ternos justos
absurdamente demodés
quem dera ser um peixe
para expor em riste a guelra média
ao anzol pontiagudo
imerso, babacamente
pelo babaca-mor
que o mundo acabe em buceta
de mulher tesa
para morrermos encharcados
felicidade é algo mais que uma maçã eletrônica.
Carlos Cruz - 20/12/2012
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