sábado, 24 de dezembro de 2016
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
Sou e Sempre serei grata.
Escrito por
Catiaho Reflexod'Alma
Depois de alguns anos, vou Encerrando nessa publicação de dia
23 de dezembro de 2016 a minha participação neste maravilhoso
e democrático espaço.
Não há causa que não a falta de tempo.
Sou e sempre serei:
Grata aos que aqui escrevem.
Grata aos que aqui leem.
E aos administradores.
Feliz 2017 a todos.
Catiaho Alc./dezembro de 2016
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
Notável
Escrito por
Rodrigo Domit
Naquela noite que se fez outro dia, a lua estava tão cheia, de si própria, que mesmo depois de o sol ter se aprumado, ostentoso, ela ainda desviava a atenção de muitos desavisados.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2016
Apenas há penas para os raros (?)
Escrito por
Angela Gomes
Pássaros
Passantes
Passam
Passos...
Apenas há
Penas.
Pisamos
Por onde nos deixamos
Pegadas (?)
Apenas há
Penas
Sob os pés
Que deixaram rastros (?)
Entretanto e, contudo,
Embora aflitos em conflitos e, confusos
Gravitamos esfera que circunda astro.
Saudemos, então,
Novo verão, no pólo sul.
Com asas camufladas de azul, solar
Pra festejar novo solstício.
Que nossos voos permaneçam
Desafiadores e raros
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
Marcel, do Inferno ao Céu
Escrito por
André Bortolon
Marcel nasceu numa tarde cinzenta de 1990. Fruto
de uma união que não durou mais do que alguns meses, Marcel foi criado então
pela mãe, vendo o pai apenas de vez em quando. Apesar de alguns parentes mais
próximos por perto, Marcel sempre teve bastante tempo livre em seu dia-a-dia,
uma que sua mãe trabalhava em dois empregos para poder mantê-los em uma
situação confortável enquanto a sua avó materna, tadinha, já não dispunha mais de
condições físicas para cuidar do neto. Já os avós paternos de Marcel, àquela
altura já tinham partido dessa pra uma melhor, antes mesmo dele nascer.
E foi num ponto entre os anos de 2003 e 2004
que Marcel conheceu o caminho das drogas. Ainda adolescente, sem ter tido
sequer a sua iniciação sexual, Marcel já estava fumando maconha com alguns
carinhas, aqueles da turma do fundão da sala – todos já repetentes. Nem é
preciso dizer que além da maconha, o álcool também passou a ser uma novidade
constante na vida de Marcel, que ia conhecendo bebidas e se entorpecendo,
enquanto a sua mãe trabalhava para sustenta-los.
E sim, sua mãe percebeu a mudança no filho. Ela
tentou intercepta-lo por mais de uma vez, mas o filho ficara extremamente
agressivo, o que passou a ser motivo de medo por parte dela. Sabendo que a
coisa não ia bem, mas querendo um pouco de paz quando podia estar em casa, a
mãe de Marcel “deixou” a coisa ir adiante dessa forma, apesar de um pouco
incerta de sua decisão.
E Marcel começou a tomar pau na escola, ano
após ano. Aos dezesseis anos, ele já tinha namorada firme e tudo. Mas, com um
porém – a menina também era viciada. E agora o repertório no cardápio de
narcóticos já havia aumentado: os dois provaram juntos benzinha, cola de
sapateiro, chá de cogumelo... e cocaína. Essa última, por sinal, era quase
todos os dias. Não havia mais controle. O dinheiro dado pela mãe de Marcel não
dava conta dos gastos com as drogas. Enquanto sua namorada roubava dinheiro dos
pais, Marcel sabia que se pegasse um centavo a mais que fosse de sua mãe,
faltaria para a comida e a moradia dos dois. Ao menos reconhecendo o esforço
que sua mãe fazia para conseguir dinheiro, Marcel deu um jeito de arrumar um
pouco para si. Só que para isso, ele teria que largar de vez os estudos –
afinal, trabalhar, estudar e usar drogas, tudo num mesmo dia, não tinha como.
E Marcel trabalhou. Foi ajudante de pintor por
um tempo. Distribuiu panfletos nas ruas para lojas que eram de conhecidos seus
ou de sua mãe. Começou a fazer malabares nos sinais de trânsito, a troco de
migalhas. Repassou pequenas quantidades de droga para seus conhecidos da época
de escola que, à esta altura, estavam melhores na vida do que Marcel, já
cursando nível superior ou até em empresas. Ainda trabalhou lavando carros e por
fim como “chapa”, guiando motoristas de caminhão que entravam na cidade.
Outras namoradas também vieram. Marcel mudava
de parceira, mas algo parecia inerente à cada uma delas: o vício por drogas.
Algumas inclusive já encontravam-se na sarjeta, sem esperanças de um futuro
melhor. Enquanto isso, a outra mulher da vida de Marcel, sua mãe, apenas via o
filho se perdendo, dia após dia. Magro, andando em trapos velhos... cada roupa
que sua mãe lhe dava parecia desaparecer, como poeira ao vento. Os dias
pareciam cada vez mais difíceis para esta mulher, que se perguntava
incessantemente onde ela tinha errado para com o filho.
Com os “pilas” que conseguia fazer, Marcel
passou a gastá-los comprando ecstasy e LSD, drogas essas que passaram a servir
como substitutas à cocaína. Marcel até preferiu essa troca de início, só que
essa onda durou apenas por alguns meses. Como ele mesmo já sabia, o vazio, a
frustação e o desespero vinham da mesma forma, fosse usando droga A, B ou C. E
num momento de solidão total, andando com gente em condições iguais ou piores
do que a sua, Marcel acabou experimentando o crack, já no início de 2012.
Aí as coisas degringolaram. Marcel não
conseguiu mais trabalhar para ninguém, pois ninguém mais queria lhe dar
trabalho. Sua mãe, que já tinha buscado ajuda em psicólogos e até em algumas
religiões, só queria que o filho se internasse o quanto antes em alguma clínica
para dependentes. Em vão. Marcel fugia de cada tentativa, para voltar à
sarjeta, onde consumia crack com pessoas na mesma situação desoladora em que
ele se encontrava. Todo esse martírio, esse sofrimento desumano que deixava
filho e mãe cada vez mais afastados um do outro, seguiu-se em 2013, 14, 15...
Até que, perto de completar 26 anos, sentindo
fome, frio, e tendo alucinações horripilantes pela falta da droga, Marcel
finalmente bateu na casa de sua mãe para pedir ajuda. Pela primeira vez em
anos, Marcel viu como sua mãe tinha envelhecido: as rugas, as olheiras
profundas pelas noites de sono mal dormidas, e o olhar de medo visível por não
saber a reação que o filho poderia ter, tudo isso parecia evidente agora para
Marcel. Que, arrependido até o último fio de cabelo, clamou pela ajuda de sua
mãe.
No mesmo dia, Marcel tomou um banho como a
muito tempo não tomava, e vestiu uma das poucas peças de roupa suas que haviam
restado no apartamento de sua mãe. Trêmulo e cambaleante, foi levado de carona
pela mãe para a melhor clínica da região, e por lá ficou por mais de 30 dias.
Hoje, quase seis meses após a sua alta da
clínica, Marcel leva uma vida completamente diferente da que um dia teve. Namorando
firme, desta vez uma menina trabalhadora e totalmente “do bem”, Marcel vê agora
o olhar de sua mãe, outrora marejado, brilhar de alegria com a nova vida que o
filho vem levando. E ele também, pela primeira vez em toda a sua vida, se sente
finalmente uma pessoa livre.
Hoje, Marcel vive cada dia como se fosse o
último, só que da melhor maneira possível. É por isso que na virada de ano – a
primeira que Marcel passará em família em muitos anos – ele quer fazer muitos
pedidos para ano de 2017. Pensando no tempo todo que perdeu entregue às drogas (praticamente
metade de sua vida), Marcel agora mescla desejos de adulto com desejos de
menino ao escrever numa folha de papel quais serão suas metas para os próximos
anos:
- fazer atividade física todos os dias;
- pular de bungee
jumping;
- fazer um cruzeiro de navio com a sua namorada;
- participar de uma procissão ao lado de sua
mãe;
- ajudar uma entidade para pessoas com câncer;
- ajudar um asilo;
- comprar o seu primeiro carro;
- participar de uma corrida ou maratona;
- ter um animal de estimação
- fazer uma língua estrangeira;
- ligar para o pai, que ainda vive, no mínimo
uma vez por semana;
- iniciar uma faculdade para buscar uma
graduação;
- conhecer o Rio de Janeiro;
- assistir a um show internacional de rock;
- comer alimentos saudáveis;
- assistir a peças teatrais com a mãe e a namorada;
- escrever um blog;
- agradecer ao criador todas as noites antes de
dormir;
Etecetera,
etecetera, etecetera...
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
Das tempestades
Escrito por
Júlio Freitas
São tempestades
em copos de água
constantes
desde antanho
das quais somente os copos
desconheço o tamanho.
em copos de água
constantes
desde antanho
das quais somente os copos
desconheço o tamanho.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
DOR NÃO SE COMPARA
Escrito por
Daniel Delgado Queissada
Dor não se
compara
Não se
compara a dor da perda
A dor do
coração corado de tristeza
A dor da
fome na praça
Dor não se
compara
A dor de
perder um filho
Não se
compara a dor de perder qualquer ente querido
A dor de
sentir a pedra na vidraça
Dor não se
compara
Não se
compara a dor da religião extrema
A dor da
invasão sangrenta
A dor de uma
mãe perder a guarda
Dor não se
compara
A dor da
cara suja de lama
Não se compara
a dor de nenhum drama
A dor de
quem foi levado com a casa
Dor não se
compara
Não se
compara a dor de se ganhar um rótulo
A dor da
intolerância sem modo
A dor do
dedo apontado na cara
Dor não se
compara
A dor do
desgosto pelo trabalho
Não se
compara a dor da mãe do presidiário
A dor da mãe
da vítima caída na sacada
Dor não se
compara
Não se
compara a dor do refugiado
A dor do europeu
explorado
A dor do
extremismo da nossa alma
Dor não se
compara
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
terça-feira, 22 de novembro de 2016
Espaço
Escrito por
Rodrigo Domit
– Eu preencho meus dias com ela.
– E quando ela vai embora você fica com um buraco, vazio.
– Não é que eu fique vazio, eu guardo espaço para quando ela voltar.
quarta-feira, 16 de novembro de 2016
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
sábado, 22 de outubro de 2016
Contra o tempo
Escrito por
Rodrigo Domit
Explicou ao filho as coisas da vida e do tempo. Para facilitar, usou o relógio de exemplo:
– Aquele é o tempo, passando.
– Ele fica dando voltas?
– Nem sempre, às vezes passa correndo e nunca mais volta, por isso precisamos correr atrás do tempo.
No dia seguinte, após observar o relógio por horas, enquanto o pai corria de um lado para o outro, o garoto retrucou:
– Você disse que a gente tem que correr atrás do tempo; Mas ele tem uma perna bem maior que a outra, nem consegue correr. A gente é que tem que andar com mais calma, para não deixar ele para trás.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
Leia Agora, Serviço de Utilidade Pública!!
Escrito por
André Bortolon
Hoje vou ser breve. Em poucas linhas vou
transmitir a você, leitor e leitora, o que quero lhes dizer. Sei que seu tempo
é curto, assim é o meu também. Então vamos ao que interessa.
Primeiro, o que te faz parar o que você está
fazendo para ler algo? O título? Uma foto que vem logo abaixo ou acima dele (do
título)? Ou você pára o que está fazendo para ler, pois o que você faz te
cansa, e assim, essa leitura poderá te distrair por uns instantes? Se encaixa
num destes perfis? Bem, vamos adiante. Não posso demorar.
Quem sabe você lê porque, ora bolas, você lê
muito. Uau, sim, eu estou ligado que existem pessoas como você. Que devoram
tudo o que veem pela frente. Que andam pela rua, lendo sob um sol infernal, no
meio da multidão. Pessoas que, na falta do que ler, leem toda a bula do remédio,
ou o manual inteiro do motorista do carro (números e siglas inclusas). Que bom
– você certamente vai ler isto, por isso já lhe agradeço aqui, antes do fim
mesmo. Mas falta só mais um pouquinho, vamos ao próximo parágrafo...
Bem, se não leu pelo título chamativo, ou pela
foto chamativa acima ou abaixo do texto, se não leu para se distrair duma
tarefa chata (ou de alguém chato!!), e se você não é o leitor devora-tudo do
parágrafo acima, bem deixa-me ver... Não sobram muitas opções, acho eu...
Rá!!! Já sei!
Você é aquela pessoa que não lê nada. Eu sei,
eu sei. Você é muito legal e tudo, mas você não lê, certo? Nada contra, você
apenas não lê. Sim, eu sei que lá no fundo você é gente fina e tudo mais... e ora
bolas, pra que ler, hum? Afinal de contas... você já sabe de tudo mesmo! Mas é lógico
que sabe! Não, não estou sendo sarcástico, até porque, você já viu tudo no
noticiário de ontem, inclusive isso que estou escrevendo agora. Eu sei que
sim!! E sabe o que mais? Vai acabar no próximo e último capítulo, aqui ó...
Eu sei quem você é, sabia? Quando eu falo com um
de vocês, é pra já que reconheço. Vocês andam como se uma aura de sabedoria
cintilante estivesse sobre as suas cabeças. É fácil notar. Bem, você deve
saber, afinal você sabe de tudo. Inclusive que ler não é para você. Isso, deixa
pros outros, vai. Seja bonzinho. Há muitas coisas boas reservadas para a sua “qualidade”
de pessoa. A política, por exemplo. Para ela existir, é fundamental que gente
como você continue sem ler; viu só? Então, sem mais delongas.
Paro por aqui, conforme prometido; hasta la
vista, baby!!!
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Sem título
Escrito por
Unknown
Que lucidez despertará tua manhã
que maça morderá teu desejo
que vociferar rugirá tua coragem
que janela abrirá teu peito
que sexo revigorará teu corpo
que poesia começara de novo
quando o sol parir teus versos e beijos
que olhar pupilará o céu do teu pensamento
que surpresa presenciará tua essência una
que brancura de horizonte beberá teu deleite
que cara lavada terá tua consciência
quando a poesia lavares na pia
que grito desabafara teu mundo
quando cargas d'Água levantares tua cabeça
que caminho levará teu passo ao outro lado do presente
que cosmo arrepio sussurrará em tua pele
quando ventos solares assobiarem em teu ouvido
quando pássaros cantarem as asas do teu ser
que ruga do tempo apanhará teu sorriso preso
que ruga da tua história lembrará aquele que ficou vivo de ti vivo
quanta alegria dormira tua realidade
quando teu sonho silenciar a vida
que precipício jogará teus sonhos
que sente sentirá nossos ossos
que chuva matará nossos corpos
que recordação carregara no bolso d memória
que que se queixara tua querencia
que olá dirá tua saudade
que distância liga teu reencontro
que desejo reciproca teu caminho
que estrela gritará teu voo noturno insólito na madrugada
quando o silêncio gritar mais alto em tua liberdade
que procura encontrará teu pensamento a reencontrar-se
que loucura repousará teus olhos estasiados e habitará teu reino
quando habitar em ti os sonhos mais deusvaneios
que sorrir sorrei sorrirá teu seio
que vento penteará teus longos cabelos
quando ele passar anunciando
que turbilhão fará teu coração
quando a tempestade tocar-te com fúria e som
que partituras comporá com a visão de novos sóis
que tropeço acentuará tuas sobrancelhas alto como faróis
que caminhar acalmará tua alma
que fruto morderá teus dentes
quando o néctar solar irradiar tua mente
que dengo fará tua vontade
quando o que querias era outro alguem
que feridas esconderá no escuro
quando alguem amares demais
que falta não terão mil palavras
quando beijares tua mulher
quão ventos loucos serás
quando cavalgares nas crinas do vento
que maturescência terá tua juventude
que juventude terá tua maturescência
que musica tocará tuas pálpebras nas noites insones
quando grilos velarem as estrelas
que espada empunhará tua mão
quando começar a guerra de teu coração
que deuses adorará
quando de só um precisar
quem estará contigo
quando não tiveres mais ninguém para estar
que será do teu ser
quando sendo ele não se foi
que será dos teus escritos
quando não tiveres mais que escreve-los
que céus descansará tua alma
quando o teu corpo estiver morto
que poder terá tua palavra
quando não disseres nada de novo
que sentido terá teu sentido da vida
que resposta responderá tua pergunta
quando a própria interrogação foi você
que grave espanto no rosto brilhará tua certeza
que dor no peito sofrerá tua duvida
que camisa de força aprisionará teus sonhos de viver
que sombra inundara teu sono
quando dormires no acalanto estelar
que silêncio fará tua vida
quando a morte em ti chegar
que abraço estará seguro
quando o sol amanhecer e afastar as sombras
que imenso vazio preencherá tua realidade
quando mais nada existir
que lama levantará teu corpo da cama
que bençãos receberam teu corpo
que ar tomará tua alma livre
que riso de criança derrubará teu orgulho
que pegadas deixará teus passos
quando caminhares na estrada da vida
que espinhos pisaram teus pés
que calmaria fará teu tormento
que ais sentirá tua dor
que será do teu amor?
que maça morderá teu desejo
que vociferar rugirá tua coragem
que janela abrirá teu peito
que sexo revigorará teu corpo
que poesia começara de novo
quando o sol parir teus versos e beijos
que olhar pupilará o céu do teu pensamento
que surpresa presenciará tua essência una
que brancura de horizonte beberá teu deleite
que cara lavada terá tua consciência
quando a poesia lavares na pia
que grito desabafara teu mundo
quando cargas d'Água levantares tua cabeça
que caminho levará teu passo ao outro lado do presente
que cosmo arrepio sussurrará em tua pele
quando ventos solares assobiarem em teu ouvido
quando pássaros cantarem as asas do teu ser
que ruga do tempo apanhará teu sorriso preso
que ruga da tua história lembrará aquele que ficou vivo de ti vivo
quanta alegria dormira tua realidade
quando teu sonho silenciar a vida
que precipício jogará teus sonhos
que sente sentirá nossos ossos
que chuva matará nossos corpos
que recordação carregara no bolso d memória
que que se queixara tua querencia
que olá dirá tua saudade
que distância liga teu reencontro
que desejo reciproca teu caminho
que estrela gritará teu voo noturno insólito na madrugada
quando o silêncio gritar mais alto em tua liberdade
que procura encontrará teu pensamento a reencontrar-se
que loucura repousará teus olhos estasiados e habitará teu reino
quando habitar em ti os sonhos mais deusvaneios
que sorrir sorrei sorrirá teu seio
que vento penteará teus longos cabelos
quando ele passar anunciando
que turbilhão fará teu coração
quando a tempestade tocar-te com fúria e som
que partituras comporá com a visão de novos sóis
que tropeço acentuará tuas sobrancelhas alto como faróis
que caminhar acalmará tua alma
que fruto morderá teus dentes
quando o néctar solar irradiar tua mente
que dengo fará tua vontade
quando o que querias era outro alguem
que feridas esconderá no escuro
quando alguem amares demais
que falta não terão mil palavras
quando beijares tua mulher
quão ventos loucos serás
quando cavalgares nas crinas do vento
que maturescência terá tua juventude
que juventude terá tua maturescência
que musica tocará tuas pálpebras nas noites insones
quando grilos velarem as estrelas
que espada empunhará tua mão
quando começar a guerra de teu coração
que deuses adorará
quando de só um precisar
quem estará contigo
quando não tiveres mais ninguém para estar
que será do teu ser
quando sendo ele não se foi
que será dos teus escritos
quando não tiveres mais que escreve-los
que céus descansará tua alma
quando o teu corpo estiver morto
que poder terá tua palavra
quando não disseres nada de novo
que sentido terá teu sentido da vida
que resposta responderá tua pergunta
quando a própria interrogação foi você
que grave espanto no rosto brilhará tua certeza
que dor no peito sofrerá tua duvida
que camisa de força aprisionará teus sonhos de viver
que sombra inundara teu sono
quando dormires no acalanto estelar
que silêncio fará tua vida
quando a morte em ti chegar
que abraço estará seguro
quando o sol amanhecer e afastar as sombras
que imenso vazio preencherá tua realidade
quando mais nada existir
que lama levantará teu corpo da cama
que bençãos receberam teu corpo
que ar tomará tua alma livre
que riso de criança derrubará teu orgulho
que pegadas deixará teus passos
quando caminhares na estrada da vida
que espinhos pisaram teus pés
que calmaria fará teu tormento
que ais sentirá tua dor
que será do teu amor?
domingo, 16 de outubro de 2016
Limpeza estomacal
Escrito por
Júlio Freitas
Vomite tudo de volta
o que foi engolido
durante todo este tempo
não era teu
arrancaram a costela do macho
e enfiaram goela abaixo
ninguém questionou
a procedência da carne
do sangue ou do vinho
da cruz ou do espinho.
o que foi engolido
durante todo este tempo
não era teu
arrancaram a costela do macho
e enfiaram goela abaixo
ninguém questionou
a procedência da carne
do sangue ou do vinho
da cruz ou do espinho.
sábado, 15 de outubro de 2016
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
sábado, 24 de setembro de 2016
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
Nau Lua
Escrito por
Angela Gomes
Ensina-me
uma canção
Para
despertar a lua
Desencantá-la
do seu sono
Imerso na densidade das esferas
Componha
uma canção
Isenta
de pecados
Dissolva-os
com a saliva
Do
nosso amor trocado
Componha
uma canção
Com
notas soltas
E
acordes de jasmim
Que
seja doce e,
Dissolva
na boca
Das
noites lilases
Na
transparência do negro azul mar
fim
Afete
O
amor
O
amargo
O denso
O fraco
Clareie a lua
A
sua canção
O
afeto
O
gosto
O
som
De cifra
Astro irradiado
segunda-feira, 19 de setembro de 2016
Svalbard, I Love You
Escrito por
André Bortolon
Durante seis meses, tive a oportunidade única de morar na cidade mais ao norte do mundo: Longyearbyen, no arquipélago de Svalbard. Graças a um convite muito especial do explorador do ártico Chicco Mattos, consegui passar esse tempo de minha vida em um lugar ímpar.
Dona de uma natureza exuberante, com um clima subpolar, Svalbard possibilita aos seus visitantes e moradores a chance de testemunhar o sol da meia-noite em seu verão, e a noite polar em seu inverno. Durante a fase escura, vi um dos maiores espetáculos da natureza: a Aurora Boreal, e suas luzes verdes a dançar no céu estrelado do Ártico.
Dona de uma natureza exuberante, com um clima subpolar, Svalbard possibilita aos seus visitantes e moradores a chance de testemunhar o sol da meia-noite em seu verão, e a noite polar em seu inverno. Durante a fase escura, vi um dos maiores espetáculos da natureza: a Aurora Boreal, e suas luzes verdes a dançar no céu estrelado do Ártico.
Além do frio que senti, – com direito a um início de frostbite em meu rosto - vi uma natureza única de animais que sobrevivem ao frio intenso, e a beleza de aves que migram todo o ano para Longyearbyen. Vi a vida, através das pequenas pétalas das flores, que se multiplicam para tentar sobreviver ao verão a embelezam ainda mais este lugar, que agora faz parte de minha história, e que ficará para sempre no meu coração.
Longyearbyen, cidade mais ao norte do mundo
Rena típica de Svalbard no inverno
Eskerfossen, cachoeira congelada
O transporte mais comum de Svalbard no inverno: o snowmobile
Aurora Boreal em Adventdalen, início de março
Tempelfjorden
Uma barraca estilo indígena, clareando o branco da paisagem.
Aves migratórias - o fim do inverno chegando
Navio Nordstjernen, final de agosto
Natureza viva sobre o gelo
Eu em Magdalenefjorden
Uma foca solitária, repousando sobre uma pedra
A estátua de Roald Amundsen, o maior explorador norueguês, na localidade de Ny-ålesund
domingo, 18 de setembro de 2016
a recíproca é verdadeira
Escrito por
ofilhodoblues
eu sinto o blues o tempo inteiro,
todo dia.[1]
é minha sina, nasci com má sorte[2],
dizem,
ao menos foi o que uma cigana disse a minha mãe[3];
nasci com o blues e pronto[4],
minhas 24 horas do dia cantam os blues
incansavelmente,
e eu canto junto.
afinal, se os problemas fossem dinheiro,
eu juro que seria um milionários[5];
como não posso perder o que nunca tive[6],
eu continuo bebendo[7]
e esperando o sol bater na minha porta
algum dia[8],
pois os tempos são difíceis onde quer que você vá[9];
porque, sabe, é tão difícil amar alguém
que não ama você[10],
até porque ninguém me ama, a não ser minha mãe,
e olhe que ela pode estar bincando também[11],
mas logo eu estarei morto e dormindo a sete palmos do chão[12];
pois bem, é tanto blues na cabeça que
não sei se sou eu que sugo o blues,
ou se é ele quem me suga;
se eu o respiro ou se é o blues
que me re(in)spira.
André Espínola
[1] B. B. King – Everyday I Have The
Blues
[2] Albert King – Born Under a Bad Sign
[3]
Muddy Waters – Gypsy Woman
[4] Memphis Slim – Born With The Blues
[5] Albert Collins – If Trouble Was
Money
[6] Muddy Waters – You Can’t Lose What
You Never Had
[7] Pinetop Perkins – I Keep On
Drinking
[8] Big Bill Broonzy – Trouble In Mind
[9] Skip James – Hard Times Killin’
Floor
[10]
Son House – Death Letter
[11] B. B. King – Nobody Loves Me But My
Mother
[12] Howlin’ Wolf – How Many More Years
sábado, 17 de setembro de 2016
Vida'mor
Escrito por
Unknown
Quero a poesia madura
fruto recém colhido do pé
sabe-se lá o que é
não quero rascunho, esboço, nem tristeza
quero a palavra suculenta
antes que o fruto apodreça
quero as estrelinhas do teu corpo
afago de brisa
e sopro
quero a loucura escaldante
comer a polpa, a carnadura
a infinita tessitura do instante
quero a saliva
o sabor-a-ti, o orgasmo revigorador
antes de mais nada
quero a vida e o amor
fruto recém colhido do pé
sabe-se lá o que é
não quero rascunho, esboço, nem tristeza
quero a palavra suculenta
antes que o fruto apodreça
quero as estrelinhas do teu corpo
afago de brisa
e sopro
quero a loucura escaldante
comer a polpa, a carnadura
a infinita tessitura do instante
quero a saliva
o sabor-a-ti, o orgasmo revigorador
antes de mais nada
quero a vida e o amor
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
Chuva de canivetes
Escrito por
Júlio Freitas
Pensava em um rumo
todos ali esperavam
todas as gotas
todos os minutos
todos ansiosos
aos poucos
eles iam embora
sozinhos
casais
ou grupos
tão escuro
tão frio
tão nervoso
estava na parada
seu ônibus
nunca veio.
todos ali esperavam
todas as gotas
todos os minutos
todos ansiosos
aos poucos
eles iam embora
sozinhos
casais
ou grupos
tão escuro
tão frio
tão nervoso
estava na parada
seu ônibus
nunca veio.
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
terça-feira, 6 de setembro de 2016
sábado, 27 de agosto de 2016
São Thomé das Letras (MG)
Escrito por
Glauber Vieira
A cidade de São Tomé das Letras é um dos meus lugares preferidos, e sempre dou um jeito de passar por lá quando vou a minha Varginha, a uns 40 km de distância. A cidade é famosa pelo misticismo, bons restaurantes de comida típica e cachoeiras.
Não por acaso, mereceu uma poesia bem humorada, que estará no meu próximo livro, Poesia Estradeira:
São Thomé das
Letras
A nave
do ET de Varginha estava com o GPS quebrado
O que
queriam mesmo
era
flanar por São Thomé
pousar
perto da Pirâmide, de madrugadinha, sem ninguém por perto
sentar
no telhado, a 1400 metros de altitude
discar o
DDI, Discagem Direta Intergaláctica
e falar
com a patroa:
“Meu
bem, aqui é lindo! Daqui vejo nossa estrela:
tô pertim de casa!”
Do alto da gruta onde começou São Thomé, se vê a igreja matriz na praça
Igreja do Rosário
Pracinha com a estátua de Chico Taquara, morador já falecido, tido por alguns como um representante de outros mundos...
Uma lojinha de artesanato local, na entrada da cidade
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
segunda-feira, 22 de agosto de 2016
Cinzas
Escrito por
Rodrigo Domit
Em uma metrópole qualquer. Debaixo de uma chuva fina, mas tão fina que se tornava quase invisível, caminhavam lado a lado, de mãos dadas, o garotinho e a mãe. A mãe ia andando com pressa, sem dar atenção ao filho, arrastando-o pela mão.
Quando eles pararam em um cruza-mento, esperando o sinal abrir, o garotinho girou o pescoço e reparou no mundo à sua volta: nas centenas de pessoas apressadas, nas plantas, pássaros, prédios e tudo o mais. Após uma breve análise, por sinal muito precisa, ele virou-se para a mãe e perguntou:
– Mamãe, se os passarinhos são coloridos, as plantas são coloridas, os prédios são coloridos e até mesmo a comida é colorida... Por que é que as pessoas são assim, cinza?
E ele ficou olhando, esperando por uma resposta. Enquanto o rosto da mãe, por vergonha, passou de cinza para rosa.
domingo, 21 de agosto de 2016
Contraste
Escrito por
Angela Gomes
Como
pode haver poesia
Se
existem barrigas vazias
Se
há crianças em perigo
Refugiados
sem abrigo
Se
o medo é companheiro
A
liberdade usurpada
A
convivência insana?
Mas,
poesia é tão intensa que,
Crava n’ alma as dores e,
Faz
ouvir os gritos de pavores
Perceber
o amargo do sangue
As
cores que o corte derrama
A
lucidez que a tez exclama!
Rogo
em prece às Musas
Para
que o bom senso que jaz reviva
Como
brotos depois da chuva
Como
a paz que trazem as flores
Para
que viver e a Primavera
Continuem
a fazer sentido
(Angela
Gomes, 23/09/2015)
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
Poetizo-me
Escrito por
Unknown
Faço de mim carne
Corpo para Deus manifestar-se
Faço de mim mente
Para Deus meus pensamentos povoar
Faço de mim espirito
Alma para Deus abençoar-me
E enfim faço de mim pássaro
Para com a liberdade poder voar.
Corpo para Deus manifestar-se
Faço de mim mente
Para Deus meus pensamentos povoar
Faço de mim espirito
Alma para Deus abençoar-me
E enfim faço de mim pássaro
Para com a liberdade poder voar.
terça-feira, 16 de agosto de 2016
Feito o diabo fugindo da cruz
Escrito por
Júlio Freitas
Ela saiu correndo
e o derrubou
e atordoado,
custou a perceber
o que havia acontecido
forçou as vistas
procurando
e foi atrás dela
Dobrou a esquina
e pôde vê-la
estava longe
nada mais a fazer
Lá se ia a sua boa sorte,
tropeçando num gato
e se esparramando numa roseira.
e o derrubou
e atordoado,
custou a perceber
o que havia acontecido
forçou as vistas
procurando
e foi atrás dela
Dobrou a esquina
e pôde vê-la
estava longe
nada mais a fazer
Lá se ia a sua boa sorte,
tropeçando num gato
e se esparramando numa roseira.
domingo, 14 de agosto de 2016
domingo, 24 de julho de 2016
sexta-feira, 22 de julho de 2016
Sutil
Escrito por
Rodrigo Domit
Cantarolando, colheu do chão uma flor cheia de pétalas. Delicadamente, retirando pétala por pétala, começou a falar, entre sorrisos e suspiros:
– Bem me quer... Bem me quer! Bem me quer... Bem me quer!
Um amigo um tanto sem sal, e totalmente sem açúcar, interrompeu:
– Não! Não é assim!
Ao que ele respondeu:
– Você só diz isso porque você não conhece ela!
E continuou sorrindo.
quinta-feira, 21 de julho de 2016
Conversas a sós
Escrito por
Angela Gomes
Conversas a sós,
Entre mim e,
Sombras que me habitam.
Entre as que me agradam
E, as que me irritam.
Na solidão de uma cela
Cheia da minha companhia.
No aconchego do descanso
E, terror da luz que as clareia.
Entre, quem ama e se odeia.
Entre o que se conhece
E o que não se imagina.
Ante a contemplação
Do que nunca termina...
Cosmos em átomos...,
Moléculas em desenhos abstratos.
Meu amor em um porta-retrato
Desbotado pelo tempo
Perdido.
(08/09/2013)
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