Eterna dança de roda,
um baile estático e mudo,
uma ciranda de rocha.
As pedras dançam sem pressa
e giram junto com o mundo
(seu tempo se conta em eras).
Canta como dança a pedra:
pra si e não para a gente.
A voz da pedra é interna,
sua cantiga é silente.
Antes cantasse mais alto
e desse a quem ouvisse
a voz que vem do basalto
lição, ainda que triste:
"O construtor, sendo humano,
é breve, mortal, finito
(seu tempo se conta em anos,
não é o tempo do granito).
E finda a vida nada sobra
a não ser, talvez, a obra."
terça-feira, 27 de julho de 2010
Escrito por
Glauber Vieira
Hoje é dia de propaganda.
Primeiro quero divulgar a entrevista que o escritor Selmo Vasconcellos fez comigo: http://antologiamomentoliterocultural.blogspot.com/2010/06/glauber-vieira-entrevista.html
Também queria divulgar o blog que criei no início do ano, com poesias visuais, contos, minicontos, fotografias, pequenos relatos de viagens... Para conhecê-lo: http://www.prosaseviagens.blogspot.com/
Primeiro quero divulgar a entrevista que o escritor Selmo Vasconcellos fez comigo: http://antologiamomentoliterocultural.blogspot.com/2010/06/glauber-vieira-entrevista.html
Também queria divulgar o blog que criei no início do ano, com poesias visuais, contos, minicontos, fotografias, pequenos relatos de viagens... Para conhecê-lo: http://www.prosaseviagens.blogspot.com/
sábado, 24 de julho de 2010
Prato do dia: Traíra
Escrito por
Lena Casas Novas
O que você faria se descobrisse que está sendo traída por seu namorado ou marido com sua melhor amiga? Você perdoaria uma traição?
Não há dúvida que a mulher tende a ser mais fiel que o homem. Mas com a ascensão feminina no mercado de trabalho, onde elas estão expostas a novos cenários, como happy hours, viagens, encontros de negócios, etc., elas ganharam maior espaço para conhecer novas pessoas e por que não homens interessantes? Isso nos leva a crer que até as mulheres "comprometidas" estão propensas a traírem.
Por esses dias, circulou na internet um vídeo de uma mulher agredindo uma suposta amante do seu marido. Um problema que era para ser resolvido entre família virou entretenimento na web com centenas de milhares de acesso.
O que leva uma mulher brigar fisicamente com outra por causa de um homem? Insanidade? Ciúme doentio? Desequilíbrio emocional? Seja qual for o problema, eu sustento a “tese” de que homem nenhum merece ser colocado no pedestal como se fosse o único, o supremo, o máximo!
No momento em que um homem decidiu ficar com outra, ele não está feliz com seu relacionamento. E, nada mais justo do que a mulher permitir que seu "companheiro" siga seu caminho e busque sua felicidade. Ela pode superar esse desafio com muita dignidade além de ficar livre para encontrar um homem de verdade que a valorize. [Podemos inverter os papéis, porque todos merecem respeito!]
quinta-feira, 22 de julho de 2010
BAR DO ESCRITOR na Flip - 2010
Escrito por
Giovani Iemini
O VIRTUAL SE REALIZA
Que a vida imita a arte, todos estamos cansados de saber.
Mas o que você ainda não viu foi uma comunidade do Orkut ganhar vida e materializar-se no mundo real.
Atenção, História da Literatura Mundial! Rufem os tambores!
Na Flip 2010 (de 04 a 08 de agosto) você encontrará, ao vivo, a cores e em todos os seus sabores, o
BAR DO ESCRITOR
Cerveja gelada, cachaça, comes e bebes;
Declamação de poesias, leitura de contos, causos e crônicas.
Vendas de livros de autores do BDE
Lançamaneto da 2o. Antologia BAR DO ESCRITOR
Estarão presentes membros do BDE de todo o Brasil.
A duzentos metros da FLIP, eis o mapa. É tão perto que o Google nem calcula a distância.
Nos vemos lá.
Que a vida imita a arte, todos estamos cansados de saber.
Mas o que você ainda não viu foi uma comunidade do Orkut ganhar vida e materializar-se no mundo real.
Atenção, História da Literatura Mundial! Rufem os tambores!
Na Flip 2010 (de 04 a 08 de agosto) você encontrará, ao vivo, a cores e em todos os seus sabores, o
BAR DO ESCRITOR
Cerveja gelada, cachaça, comes e bebes;
Declamação de poesias, leitura de contos, causos e crônicas.
Vendas de livros de autores do BDE
Lançamaneto da 2o. Antologia BAR DO ESCRITOR
Estarão presentes membros do BDE de todo o Brasil.
A duzentos metros da FLIP, eis o mapa. É tão perto que o Google nem calcula a distância.
Nos vemos lá.
Lúdico
Escrito por
Rodrigo Domit
Com certa facilidade, como se brincasse, criava personagens e suas histórias. Vivia envolvendo-se em diversas tramas, algumas rotineiras e, outras, um tanto insólitas. Mergulhava em enredos complexos, labirintos desenvolvidos em realidades paralelas
Entre os familiares e os círculos de amizade, todos exaltavam esta particular aptidão, capacidade criativa. No entanto, após visitarem diversos médicos, para que não restassem dúvidas, chegaram ao diagnóstico: esquizofrenia
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Pó
Escrito por
Angela Gomes
Quanto de mim são lágrimas?
Quanto de mim sorria?
Quanto de tudo de mim
Jogado pelos cantos
Qualquer sorte bastaria?
(ou moderno aspirador hidráulico modelo luxo XW 6,02 x 10²³ se encheria?)
Frações, inteiras porções,
Em potes de fracassos.
Uma poção diluída
E, da prateleira me fitam
Dois olhos extremamente cansados.
O que restará ao fim,
Se algo ainda vibra?
Rarefeita sombra.
Reflexo da luz
Que insiste em dizer vida.
Quanto de mim sorria?
Quanto de tudo de mim
Jogado pelos cantos
Qualquer sorte bastaria?
(ou moderno aspirador hidráulico modelo luxo XW 6,02 x 10²³ se encheria?)
Frações, inteiras porções,
Em potes de fracassos.
Uma poção diluída
E, da prateleira me fitam
Dois olhos extremamente cansados.
O que restará ao fim,
Se algo ainda vibra?
Rarefeita sombra.
Reflexo da luz
Que insiste em dizer vida.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Avoando Inutilidades Pseudo-factuais
Escrito por
Celso Mendes
Enquanto formigas labutam em linha reta, penso torto: zune as asas da abelha ou seria o ar a festejar mais um voo? Não gosto de atritos, prefiro a sabedoria das curvas, que sempre me possibilitam ver as coisas por um ângulo diferente.
Entretanto existem algumas certezas quase retilíneas...
Toda luz que atravessa frestas rasga sombras. Nem toda luz que conheço é Sol, mas toda vida sim (a que conheço). E nem todo o escuro conhece o Sol. Essas pertinências por vezes me incomodam. Melhor mudar de rumo.
Um pardal pia e pisca suas penas rindo de mim. Ele pensa que eu não sei de nada. Mal sabe que aprendi que pedras se fingem de surdas e podem ser disfarces de estátuas ou deuses. Outros pardais pousam próximo e me olham com o mesmo desprezo. Talvez tenham razão. Só sei o que penso saber e minhas verdades não são mais verdadeiras do que as deles; muito menos minha sapiência. E só sei voar de mentirinha. Mas é tão gostoso...
(Celso Mendes)
Entretanto existem algumas certezas quase retilíneas...
Toda luz que atravessa frestas rasga sombras. Nem toda luz que conheço é Sol, mas toda vida sim (a que conheço). E nem todo o escuro conhece o Sol. Essas pertinências por vezes me incomodam. Melhor mudar de rumo.
Um pardal pia e pisca suas penas rindo de mim. Ele pensa que eu não sei de nada. Mal sabe que aprendi que pedras se fingem de surdas e podem ser disfarces de estátuas ou deuses. Outros pardais pousam próximo e me olham com o mesmo desprezo. Talvez tenham razão. Só sei o que penso saber e minhas verdades não são mais verdadeiras do que as deles; muito menos minha sapiência. E só sei voar de mentirinha. Mas é tão gostoso...
(Celso Mendes)
terça-feira, 13 de julho de 2010
Rastejante Maldito
Escrito por
Mensageiro Obscuro
Faminto em profunda decadência
e miséria rasteja o trôpego,
em sua desgraçada vida
o indigente apenas existe.
Farejava dor e putrefação,
ao mastigar restos e carniça
nomeado mordazmente:
Rastejante Maldito.
Rejeitado com chorume nas veias
sua carne repuxada sustentava
uma pele cadavérica
que sorria doentemente.
Distante de nossos sentidos
a fantasmagórica criatura
desejava uma vida verdadeira
mas só levou migalhas e surras.
Morreu! Um sem-número de cabeças
observaram seus restos mortais
negando que sua origem
é o mesmo ventre nos pariu.
- Mensageiro Obscuro.
Março/2010.
Foto: "Escolhas" por William A. R. Ferreira.
Portal do artista: Will Artes
e miséria rasteja o trôpego,
em sua desgraçada vida
o indigente apenas existe.
Farejava dor e putrefação,
ao mastigar restos e carniça
nomeado mordazmente:
Rastejante Maldito.
Rejeitado com chorume nas veias
sua carne repuxada sustentava
uma pele cadavérica
que sorria doentemente.
Distante de nossos sentidos
a fantasmagórica criatura
desejava uma vida verdadeira
mas só levou migalhas e surras.
Morreu! Um sem-número de cabeças
observaram seus restos mortais
negando que sua origem
é o mesmo ventre nos pariu.
- Mensageiro Obscuro.
Março/2010.
Foto: "Escolhas" por William A. R. Ferreira.
Portal do artista: Will Artes
sexta-feira, 9 de julho de 2010
O PUTRAFICA
Escrito por
Pablo Treuffar
O PUTRAFICA
uma ode para Demétrio Tenório de Mello
uma ode para Demétrio Tenório de Mello
Demétrio Tenório de Mello
O domador de leões
Morou em Ipanema, na década de 80.
Era visto dirigindo uma Maserati conversível na orla do Rio
Placa de Punta Del Este
Entre outros carros
Jaguar
Porcshe
Lamborghini
Não eram dele
Demétrio foi o cafajeste no balneário carioca
Adepto das campanhas contra as drogas
Servia café a PMs em cafeteiras cheias de pó
Cheirava compulsivamente depois e antes
Batidas em seu apartamento
Não foram poucas
Não achavam nada
Em geral, iam embora melhores amigos.
Os PMs e ele!
Comparsas
Também, contrabandeava Rolex.
Trazia carros roubados do Paraguai
Tinha leões em seu apartamento
O qual era frequentado pela nata da bandidagem mundial
Falava pelo menos quatro línguas estrangeiras
Fluentemente
Sua casa era um bordel
Ele era o gigolô mor do Rio de Janeiro
E era cearense
Vivia na noite de Ipanema
Ipanema era o Leblon de hoje
Naquele tempo
Diria Hélio Luz
Ipanema brilhava à noite
É!
Ipanema brilhava por causa de Demétrio Tenório de Mello
Não durou muito
Com 38 anos de idade foi encontrado morto no Cosme Velho
Tiros nas palmas das mãos
Em seu corpo, onze pipocos fizeram a avaria.
Não sei por que tantos
Por vingança ou cortesia
Seu fim foi degradado
Ele era o homem que sabia demais
Na casa dele, foi descoberto um dossiê.
856 páginas
46 capítulos
Relatos de cizânia com uma modelo Paraguaia
Evasão de bilhões
Envolvimentos com o Cartel de Cali
Cartel de Medellín
Máfia italiana
Deputados
Senadores
Empresários
Traficantes
Economistas
Todos nomeados explicitamente
Membros da sociedade brasileira
Até o CENTAC 26 foi citado no dossiê
Serviço de informações
Movimentações de milhões de dólares
Vários bancos
Dezenas de negócios nebulosos
Roubos de diamantes
Empresas fantasmas
Enriquecimento ilícito
Além de menções a festas regadas à puta e pó
Deus não destruiria com fogo e enxofre essa Sodoma e Gomorra documentada
O caso foi arquivado por falta de evidências
Ninguém nunca foi punido
Aparentemente nada ficou provado
Só rindo!
A vida como ela é
Quando Demétrio mudou-se pro meu prédio, eu tinha 12 anos.
Fui seduzido por ele
Qual menino da minha idade não seria
Enquanto meus amiguinhos tinham heróis convencionais
Superman
Batman
Homem-aranha
Tantos outros
Eu só tinha um ídolo
Demétrio Tenório de Mello
O Cearense da Doze do Cano Cerrado
O Homem do Taco de Baseball
Rapidamente virei seu leva e traz
Eu esperava ser chamado ao seu apartamento
Ficar no meio das gostosas seminuas
Entre um beijo e outro de suas meninas
Ahhh... Minha puberdade...
Sem entender bem o que acontecia o tempo foi passando
Com 14 anos de idade perdi a virgindade no apartamento do cara
Verônica foi a dissoluta da boa ação sexual
Ela foi capa da revista Ele & Ela
Franja repicada
Calça Dijon com plaquinha de metal no bolso
Sandália de plástico
Outros tempos
Minha mãe é cristã ortodoxa e sofria por minha amizade com Demétrio
Eu não tive pai
Escolhi o mito como pai
Estar na vida dele
Passear em seus carros
Rezar pela caridade de outras maneiras
Rameiras
Denominação usada por Demétrio ao classificar suas meninas
Assim vivia a minha biografia
Daí pra drogas foi um pulo
Com 17 anos eu já tinha cheirado mais de 50gr de pó e comido 49 mulheres
Sim
Eu contei
Pior
Escrevi no meu diário
Na verdade, até outro dia.
Parei de anotar no número 1.000
Infantiloide
Tinha medo de passar de 1.000 bucetas
Pensava nos astros de rock
Comeram tanta gente
Enjoaram
Viraram viados
Começaram a dar ré no kibe
Cagar pra dentro
Tô fora
Hoje tenho 39 anos
Perdi a conta das piranhas picadas por mim
Passei a pica em geral
Eu não enjoei
Foi também aos 17 anos o meu primeiro trabalho pro grande homem
A missão:
Pegar uma BMW em Teresópolis e trazê-la pro Rio
Imaginem um menino de 17 anos, dirigindo uma BMW na Washington Luiz.
Esse menino era eu
Não abaixava minha cabeça pra nada
Na mala da BMW
Dentro do estepe
Um quilo de cocaína
Montinhos de dólares
Soube depois
Demétrio contou-me o que eu tinha feito
Deu-me os meus primeiros 1.000 dólares
Elementar meu caro
Outras mulas eu fiz
Não parei
O esquema era o seguinte
Alguém roubava um carro de luxo no Paraguai
Geralmente esportivos com preço superior a 100 mil
Botavam as drogas no estepe
Com novas placas eu os pegava em Foz do Iguaçu e trazia pro Rio
Outras vezes, levava pra São Paulo.
Abastecendo ambos os mercados de carros e de coca
Tudo era falsificado
Meu RG
CNH
CPF
A porra toda
Eu era outra pessoa
Só faltou-me um curso de espanhol
Nunca fui pego
A fé não costuma falhar
Eu já sabia
Em 1995
No dia do show do Rolling Stone
Maracanã
Soube do assassinato do Demétrio
Chorei como nunca
Era tarde
Eu já era o filho do bordel
O sem caráter
O coisa ruim
Tenho orgulho de mim
Demétrio igualmente teria
Herdei seu famoso Taco de Baseball e sua Doze Cano Cerrado
Minhas relíquias
Uma das suas biscates deu pra mim
Obrigada
Eu sou o putano
Hoje trabalho vendendo sonhos
O melhor emprego do mundo
Juntei dinheiro com os ensinamentos do meu guru e construí o Templo do Senhor
Depois outro
Outro
Hoje tenho um império
Virei pastor
Você me conhece
Sou o maior de todos
Tenho até programa na televisão
Quem foi que disse que o crime não compensa
Demétrio era otário comparado a nós, os exploradores da fé.
Doações não pagam impostos
Lavei meu dinheiro
Multipliquei minha grana
É melhor que vender armas e drogas
Tirar dindin dos idiotas da fé
É só pagar o dízimo
Eu abençoo logo
Sou o mensageiro de Deus
Minha mãe tem orgulho de mim
Acredite se quiser
Hoje eu trafico a palavra de Deus
Convertido porra nenhuma
Gosto de dinheiro
Sou o máximo
O putrafica divino
O filho do SatanásMeu nome é Lúcifer Jr.
O PUTRAFICA de Pablo Treuffar é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported.
A VERDADE É QUE EU MINTO
sábado, 3 de julho de 2010
Fuga (para Wassily Kandinsky)
Escrito por
Larissa Marques - LM@rq
resvala na sequência
dos sons que embatem
à imagens verbais
prestes a se calar
diante da sodomia
que recolhe a venta
e respira para morrer
entrega-se ao bugre
ao cheiro de terra
entranhas ancestrais
evocadas pela vilania
que travam-se abstratas
em seu olho absurdo
que irrompe a linha
de colisão.
(imagem de minha autoria)
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Japonesa
Escrito por
Flá Perez (BláBlá)
Queria ser toda enigmática,
muito mais controlada e quieta,
verdadeiro ideograma de mim.
Tentar me educar foi em vão.
Sou gritante,
buliçosa, bandeirante,
bandeirosa.
Nasci com a dor do carmim,
onde era pra ser cor-de-rosa.
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