Amanheceu o sábado.
Ela levantou cedo. Não queria
perder um segundo. O banho foi rápido, o café igualmente.
Foi ao armário. Lá estava a
fantasia. A bailarina.
Dançou dos três aos 12. Parou: o
quadril cresceu mais do que a professora de balé poderia aceitar. A fantasia
era uma lembrança. E uma frustração.
Tirou-a do armário e do cabide.
Estendeu sobre a cama e observou por alguns segundos. Os segundos viraram
minutos de contemplação. Era muito bonita a roupa da bailarina.
Lembrou da infância. Uma lágrima
escorreu discretamente.
Tirou o pijama e começou a
colocar a fantasia. Mas a roupa da bailarina parecia ter alguma coisa errada.
Não entrava. Não cabia na roupa da bailarina. Tentou mais uma vez.
Lembrou da professora do balé. E
das outras bailarinas. Ia sempre assistir. Gostava de balé. Era apaixonada. Mas
odiava um pouco as bailarinas. Pensou que a professora talvez tivesse razão.
Definitivamente, não tinha jeito para bailarina.
Foi então que rasgou a roupa da
bailarina. Inteira. Desfiou algumas partes, costurou outras. Em pouco mais de
uma hora, tinha outra fantasia.
Odalisca.
A odalisca é uma bailarina
gostosa, pensou.
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