Engoliu em seco.
Aquelas palavras significavam mais do que pareciam. Ou deveriam.
Deixou o garfo sobre a mesa e perguntou o que ela queria dizer com aquilo.
Foi ignorado.
- Pede outra garrafa.
Ele chamou o garçom. Pediu outro vinho. Outro pedido.
Seco.
Ele repetiu.
Não sobre o vinho. Sobre ela.
Nenhuma resposta.
Mas queria saber. Aquilo não podia ser uma simples frase.
Permaneceu olhando pra ela.
- Você tem que experimentar o filé.
Mastigava o ar. Olhos fixos.
Ela, cabeça baixa, desenhando no prato com o garfo.
- O ponto é perfeito.
Pensou, então, que o chef deveria gerenciar sua vida. Tinha dificuldades em estabelecer pontos perfeitos. Mas não disse nada.
- Desmancha.
Talvez fosse essa a intenção dela com a frase inicial.
Ele insistiu no significado.
- Os acompanhamentos também são excelentes.
Ignorado. Sem cerimônia. Outra vez.
Pensou que talvez o que ela havia dito não significasse nada demais.
O que não pensou foi que sua inquietação talvez fosse a resposta.
E, concentrando o olhar no que estava a frente, decidiu analisar, com cuidado, os acompanhamentos que pediria para o seu filé.
2 comentários:
Delicioso de ler :)
Obrigado, Angela! Abraços
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