“ter
pertença”
um dia, a conversarem
comigo
sobre coisas miúdas,
(estas coisas ajuntadas
no momento)
me disseram que eu tinha
pertença
por coisas simples.
eu nunca pensei na
palavra pertença
deste modo...
as palavras têm caras
diferentes,
para quem fala e para
quem as escuta.
(é preciso ter cuidado
com elas!)
“ter pertença” explica
para mim
muitas coisas que não
tinham palavras
para serem ditas.
ter pertença,
pertencer,
sem saber... pertencer.
estar envolvido,
comprometido,
ser,
ter...
é querer a
responsabilidade do mimo,
do trato,
da comoção.
sentir a mesma dor,
sentir o mesmo amor
e chorar a angústia e a alegria.
“ter pertença” ao chão,
à chuva,
as coisas carregadas
pela chuva,
à noite,
ao choro,
ao sorriso,
à compreensão, mesmo
desatinada,
ao senso relativo e
imparcial,
à humildade de saber que,
no fim,
todos serão iguais aos
passos lentos
daquele que não pode
mais
o voo de garça ou ao
passo rápido,
que no caminho alcançou
e carregou
aquele que só podia
admirar o horizonte.
ter pertença é cuidar do
pertencido
como se cuida de um
pássaro na palma da mão.
(querê-lo preso,
mas ter as mãos abertas
permitindo a viagem...)
é este amar
profundamente com os olhos,
emocionar-se com as
pequenas e grandes coisas,
com a imagem daquele que
chora
com os filhos nos
braços,
daquele que traz no rosto
a agonia do percurso,
daquele que, mesmo sendo
nada,
se joga no combate,
daquele que aceita o desígnio,
o julgo e segue ao cadafalso.
ter pertença...
amar, simplesmente, por
amar
(sentir no coração a
humanidade).
[daufen bach.]
[daufen bach.]
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