sábado, 12 de abril de 2014

O TERÇO

A tristeza é um terço
Ao desfecho da oração
Só me resta ser feliz
E mais nada
Amar sem correspondência
É esquecer-se de si
É desviver na eloquência do silêncio
De quem sabe o que já senti
As estrelas são luzes do que jaz fora belo um dia
Mas agora o sentimento se esvai
Este é você, que jaz amara...mas ainda cultiva
Assim sou eu, que sentia...mas hoje trai
Não corro além do que posso alcançar
Ainda estou detença no mesmo lugar
Você sabe onde me deparar
Guardada...às portas trancadas...parada no ar
Não sei quanto tempo dura a minha espera
Uma tarde...uma vida...uma sesta
O tempo de uma oração
Com o terço da desilusão
Amar sem ser amada
É morrer em ti
Seja senhor das tuas vontades
E mate-me...assim
Terás o brilho de volta
Da estrela que não feneceu
Assim o sorriso aflora
Da flor que renasceu
Morre...você
Vive...eu
Não tive tempo de me resguardar
O período é implacável
Cruzei eras a te campear
Os pensamentos a abrolhar
Mas não se deslembre
Não careço me mostrar
Permanecerei cá...sempre
No mesmo lugar
Só não posso pressagiar
Que sozinha ficarei
Se não sou sua rainha
Como podes ser meu rei?
Um outro me faz sorrir
E o trono é tomado
Pelo bobo da corte daqui
Até o sonho realizado
Bem aventurada sou
Por tudo que aconteceu
Durante uma tarde...uma vida...um triz
Esperei até onde a vida arremeteu
Morre...você
Vive...eu
Ponderei que fosse assim
Amar sem ser amada
Mas, aprendi...enfim
A caminhar em outra estrada
Hoje as estrelas estão vivas
Cadentes vêm a mim
Amanhã o peso alivia
E percorro mais feliz
As lágrimas santificadas
Pelo terço da ilusão
Ilusão sua eu ficar guardada
Pelo tempo que não é vão
Não és rei
Não sou rainha
Não fomos três
Tampouco dois um dia
Sou eu feliz sem ter
Correspondência do que senti
Sou eu feliz por ter
Aprendido com o que vivi
A melhor das orações
Com o terço da felicidade
Só ou acompanhada
Aprendi a rezar pela minha imagem
Sem te almejar
Aproveitando o bobo ou algum plebeu
Sem me desesperar
O tempo irá retribuir tudo que me aconteceu
Morre...você
Vive...eu

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