O SILÊNCIO DAS PEDRAS
O silêncio das pedras,
de tão frio e só, incomoda.
Lava-se com a chuva,
e lima-se em restos de sol.
Silêncio que crispa
o ferrão do instante
nos olhos que o fitam.
E guarda uma tristeza
fosca,
estéril-lilás,
porção de inércia morta.
Por um talhe diacrônico,
por uma fissura tosca,
caminha o mistério
das pedras.
Com ele, vagam,
sob musgos,
solidões, nódoas,
mofos.
As pedras não estão
mortas.
Quando, sutil, as
toco,
percebo a pele em ranhuras
de suas muitas
saudades.
As pedras sabem
que as sinto,
as pedras sentem
que as ouço.
Sei que as pedras sofrem.
E elas sentem que
sofro.
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Lêda Selma
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