terça-feira, 20 de maio de 2014

Convidada Lêda Selma




O SILÊNCIO DAS PEDRAS


O silêncio das pedras,
de tão frio e só, incomoda.
Lava-se com a chuva,
e lima-se em restos de sol.

Silêncio que crispa
o ferrão do instante
nos olhos que o fitam.

E guarda uma tristeza
fosca, estéril-lilás,
porção de inércia morta.

Por um talhe diacrônico,
por uma fissura tosca,
caminha o mistério das pedras.

Com ele, vagam, sob musgos,
solidões, nódoas, mofos.
As pedras não estão mortas.

Quando, sutil, as toco,
percebo a pele em ranhuras
de suas muitas saudades.

As pedras sabem que as sinto,
as pedras sentem que as ouço.
Sei que as pedras sofrem.
E elas sentem que sofro.


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Lêda Selma


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