Sonho póstumo de um medo
Dia 20
de março de 2009 às 21:30 dm, o descontrole cerebral impera sobre a capacidade
dos nervos condutores do corpo humano, obtendo todo um sistema nervoso e
psicológico como refém. A ciência exata(mente), de fato, explicaria?
“Gente,
vou dormir!”O sereno da praia Ponta de Pedra transpassava os poros da minha
pele e passeava refrescando meus ossos trêmulos, enquanto que, lá fora o vento
gritava e o mar tinha uma retórica plena e gritante, já o nervosismo, se
dilatava em prol do pânico diante a escuridão do quarto. Naquela noite não
decifrei o concretismo daqueles (sen)tidos, a objeção de ter o coração
altamente acelerado e uma alma que congela como se fosse o Alaska a 20°graus
abaixo de zero. Meu corpo não estava comigo, eu chorava no cantinho mais claro
do quarto observando aquilo que chamo de alma entrar em estado de sublimação,
ela realmente estava se desfazendo, como se desfez de mim, só faltaria então,
transmudar-se da sua confusa razão para um lugar que não se conhecia o caminho
e muito menos sua nomenclatura. Mas eu estava ali, parado.
As
horas se passaram(23:33 dm), e tudo era apenas escuro e frio; onde eu estava
existia uma fresta com a luz externa, não era uma grande claridade, mas ao
menos consegui sincronizar eu em mim, como duas peças que se encaixavam para
completar o quebra cabeça. Tentei descansar, mas a agonia prostrava minha
existência como uma bela flor que é pisada em seu próprio jardim.
Para
tentar desviar o desvairado e insano medo, pus-me dentro da possiblidade de
criação. Inventar, talvez, um amor, uma mulher, uma heroína que me salvasse
dessa carnificina espiritual. Ah… criei e tinha até nome, Anabela, com todo o
burburinho e intensidade que depositei na criação, adormeci numa fração rápida
de uma completude de felicidade que seria ilusória até certo ponto de um futuro
sonho.
Em algum momento antes do amanhecer surge um sonho em
um plano de perseguição contra minha auto-análise, vários objetos transladam-se
em estranhas direções. Eu
estava confuso, mas nada me atingia. Entrei novamente em um estado de
interpretações de meus sentidos psíquicos, mas dessa vez, adormecido.
Depois
das tantas ausências de respostas, uma das eternas vertentes perdidas dentro de
um sonho, foi se acalmando até denotar um belo campo, e lá longe, uma
menina de vestido alvo com os cabelos ao vento.
Nesse lugarejo bonito
andei em direção a garota, no caminho fui observando o que tinha ao redor
e cheguei a questinar “Aqui é a paz?” – tinham vários arvoredos, o céu
era azul anil com brancas nuvens correndo pelo céu e flores de várias espécies
cercando a tal menina. Ao
chegar próximo a também solitária menina, perguntei sem acreditar “Anabela? És
tu?” – e com um sorriso singelo, ela faz que sim com a cabeça – e ainda um
pouco perdido pergunto “ Aqui é a paz?” Anabela novamente sorri e responde “Eu
que te trouxe aqui, sua mente me ordenou isso!”. Retribui o sorriso e estendi a mão para que ela segurasse
e disse para ela “Vamos, me mostre tudo aqui!” Anabela
replica “Calma, não corra tanto, tudo aqui depende da velocidade de nossos
passos…” De repente paramos, e naquele momento, decidimos ficar paradinhos ali.
No sonho sonhamos com a eternidade.
Uma interferência brusca ocorreu ali, e o
que para nós era eterno, se derramou como a areia da ampulheta. Não pude enxergar muito bem o que
acontecia, mas ali na frente, tudo estava cinza e um tanto avermelhado;
as flores, os arvoredos estavam aos poucos desfalecendo, pedras
loucas e perdidas vinham em nossa direção. Uma das pedras vinha em direção a Anabela.
Tive que intervim, e me atirei na frente dela. Pela primeira vez lutei contra
mim, e julguei-me herói. Não lembro de dor, senão o “paff” atingindo minha
testa.
Uma
cachoeira vermelha pinta minha face, o encarnado era quente, mas eu sentia
muito frio. O silêncio e a imagem de Anabela na minha frente eram só o que me
restavam e aos poucos foram sumindo, sumindo, sumindo…
Já sem
forças caio de joelhos, e o preto saciado sentiu-se realizado tomando conta de
mim naquele momento. Enfim, achei que iria acordar…
Às 6:33 da manhã do dia seguinte o telejornal anuncia:
“Homem é encontrado morto com uma pedrada na cabeça de
dentro para fora…”
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Um comentário:
Meu caro Émerson! Vc por aqui? Que legal! Acompanho o Émerson há anos e adoro o que escreve! Muito bom! Seja bem vindo!
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