Peço licença.
"Raciocinando todo esse período em que o país passa; um dia depois do início da copa do mundo, sob a sombra fulminante das labirínticas eleições presidenciais, em meio às manifestações populares nas ruas, do aumento da repressão policial e de um conservadorismo covarde classe média, a Noite Literária repensa duas questões fundamentais para a sociedade, em todos os tempos; as liberdades e as opressões.
Debruçado sobre a monumental obra do antropólogo Claude Lévi-StraussClaude Lévi-Strauss, “Tristes Trópicos” que já em seu título guarda o fulgor desesperançado de um homem frente a um eminente e contínuo crime contra a humanidade; o extermínio dos nativos povos brasileiros, chamados sim, por seus algozes, de índios, os primeiros escravizados e massacrados pelo poder nessas terras abaixo do Equador.
Quinhentos e poucos anos depois, na nova conjuntura em que o Estado sacraliza formas contínuas de opressão sobre os mais pobres e permite o uso da violência como justificativa da manutenção intrínseca, invisível e cotidiana da miséria, a máquina de moer gente se aperfeiçoa sobre absurdas estruturas condicionantes de exclusão e assassinato da população.
Peças de um xadrex de reis caídos. A partida já está perdida, resta talvez virar o tabuleiro. Jogar tudo pro ar.
Não devíamos comemorar tanto o atual óbvio ululante festivo e patriótico, que Nelson Rodrigues cita, e que agora se concretiza a todo o tempo no ar à nossa volta, fortalecido num nacionalismo puramente mercadológico, consumista e financeiro, mas ao mesmo tempo, nunca esquecermos que há ainda muitos outros verdadeiros motivos pra sorrirmos."
http://paginacultural.com.br/artes/noite-literaria-tristes-tropicos/
Nenhum comentário:
Postar um comentário