Arrepio
Minha noite se acabara.Meu rosto, pesado e cansado, grudava na cama, conseguindo apenas abrir um de meus olhos, bem pouco, e olhar a bagunça do quarto.Não se distinguia mais os líquidos, nem o que era garrafa, o que era vestimenta, ou mesmo, o que era real ou imaginário.Mas, não entendes nada, já que comecei do fim.Ao lado, uma companhia, linda, esbelta, maravilhosa, ardente, em seus belos sorrisos e resmungadas, durante seu sono.Ao fundo, o disco rodava, já com a agulha levantada, fazendo barulho diante do eterno silêncio local.Volto ao passado, para explicar-lhes.
Era fim de tarde.Após uma cansativa estadia no interior do carro, com ar-condicionado e o "cd player" ligado, cheguei em casa.Recordo de me despir e ligar o chuveiro.Minutos passados, saí, envolto à toalha.Fui ao quarto, abri a porta esquerda do armário e analisei, friamente, quais vestimentas haviam ali.Sem pestanejar, retirei o cabide com o mais belo conjunto meu : calça social básica e uma camisa azul-marinho, não tão escura, mas naquele tom misterioso celeste.Coloquei sobre a cama, joguei a toalha no chão e comecei a me vestir.Após o primeiro passo completo, fui ao canto esquerdo do quarto amplo, deparei-me com uma prateleira branca, com vários frascos de perfume em cima.Fiz a escolha do mais forte e amadeirado dos odores.De algum modo, sabia que a noite proporcionaria inúmeras surpresas.Mais minutos silenciosos, de espera.Em um canto de minha sala de jantar, havia um balcão de madeira linda e reluzente, bem lustrada, e atrás, uma belíssima seleção de garrafas e gostos.Num copo quadrado, joguei duas pedras de gelo e virei três dedos de scotch doze anos mais próximo.Voltei-me de costas ao local de madeira, olhando para cima.Gole a gole, o teto parecia mais distante, mais maleável que o normal.O ding-dong da campainha desfez toda viagem psíquica que me encontrava.Peguei as chaves, tilintaram, porta aberta.A tão esperada dama chegara.Vistosa, esbelta, morena, com seus longos fios de cabelo jogados para o lado direito de seu corpo, com belas ondas longas e brilhantes.Mais abaixo, belos lábios carnudos e bem realçados pelo rubro do batom.O olhar, bem delineado, firme e predador.Os olhos, escuros como o misterioso prosseguimento.Sobre o corpo, um lindo vestido preto, longo, de material único.O seu perfume era marcante, sem dúvida, envenenava minha mente, já ébria.Um rápido abraço, que nos aproximamos, nos tornamos íntimos.Meu braço direito, na parte mais baixa das costas; o esquerdo, afagava a pele lisa e delicada de seu rosto.Eterno.Esse momento se eternizou em nossos olhares, em nossos fôlegos perdidos.Não havia mais nada, apenas um.Os móveis eram obstáculos de um amor lancinante, delirante e intenso.Se ouvia apenas o salto da bela amante, os objetos decorativos caindo, os suspiros leves de lábios se tocando.Era incendiário.Não havia mais mente, não havia mais pensamentos, apenas o instinto comandava.Desesperadamente, a coloquei em mim, com suas pernas transpassando minhas costas, minha mão direita segurando seus longos cabelos, e o braço esquerdo apoiando as costas dela.Lembro-me de jogá-la contra a parede, logo ao lado da entrada do quarto, para ligar a vitrola com a música mais excitante.O embalo do contrabaixo, o ritmo dos quadris, loucura a procura de um espaço, de um momento para retomar seu ar.Cada segundo, uma eternidade.Cada afago, o amor crescia.Era eu e ela, não dois, mas um.Um, apenas um.E com o auge da noite, mais e mais garrafas se espalhavam, mais e mais sorrisos, respirações ofegantes, olhos fechados, bagunça.
O Sol toca o chão.Entre o pequeno espaço que consigo abrir de um dos meus olhos, vejo a bagunça deixada, o desespero acalmado, o instinto acalentado, o amor, enfim, realizado.
Fecho o olho.Cansaço.Fim de noite, adeus!
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Um comentário:
ooie, seguindo obrigada por visitar meu blog,
#Bezos Rawr -----> Bikoti.blogspot.com
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