Deixou sua capa de invisibilidade em casa, hoje?
Este é um relato ao qual venho
falar. Vou cita-lo de uma maneira peculiar. Usar palavras difíceis não vai me
ajudar. Porém, talvez te deixe a pensar: “Ninguém é feliz sendo invisível”.
Quantas reflexões nós podemos tirar? É uma frase para clarear. Já pensou se
ninguém pudesse te enxergar? Será que a solidão poderia lhe agarrar? Será que a
tristeza iria lhe encharcar? Já pensou que você pode ou poderia ser um
fantasma? Aqueles de olhos negros e fundos, de cabeças baixas como se
carregassem o peso do mundo? Quantas pessoas de fato morrem hoje em dia? Aliás,
quantas pessoas nós matamos?
Contudo quero relatar um pequeno
texto para meditar:
“Certa vez vi um jovem rapaz
desejar um “Bom dia” a um velho mendigo. Aquele senhor não parecia insano nem
bagatela. A expressão do velho era de espanto e alegria. No final ele dissera:
“Não estou morto”. E saiu a andar por aquele dia”.
Eu não compreendi muito menos
entendi o que havia acontecido em tão poucos segundos. Um velho dizer que não
estava “morto”? Depois de tanto pensar é que realmente enxerguei. Passou tanto
tempo sendo ignorado, mal-tratado, afastado, acorrentado, que deve ter chegado
a pensar que teria falecido. Seria loucura da cabeça dele ao pensar assim? Será
que fomos nós a matá-lo? Que seres racionais nos tornamos? Frios, calculistas,
mesquinhos, medíocres? Ninguém quer saber do próximo se isso nada pode lhe
acrescentar.
Fadamo-nos a solidão diária. Por
que dos outros não lembramos? Ou lembramos e ignoramos? Alguns simplesmente se
escondem. E aquele senhor, como muitos outros, se escondeu do mundo. Temos que
perder o medo de nos mostrarmos. Aparecer não é ruim. O “ser” impulsiona o
homem em suas conquistas. Se deixarmos de “ser” deixamos de desejar. Contudo,
não devemos esquecer que antes de qualquer coisa existe alguém ao seu lado, que
talvez um “bom dia” deixe o dia mais claro.
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