- Vamos para o teatro hoje?
O convite feito por minha mãe não teve uma resposta, mas um som, tipo um zunido que saiu de mim:
- Hmmmm...ãh...errrrrr...
- O quê?
- Você falou com a Lila?
Lila, minha namorada.
- Falei. Ela gostou da ideia.
Fiquei calado. Fortes indícios de que tudo estava se preparando para uma noite no teatro. Qual seria o plano B? O que estaria passando na TV a cabo? E eu nem tinha tomado banho ainda...
- Que horas mesmo, mãe?
- Seis e meia.
- Não mãe, o teatro.
- Ah. As oito. Daqui a pouco. Temos de nos apressar se quisermos pegar um lugar.
Nesta hora Lila entrou na sala, e num ímpeto corajoso de minha parte, perguntei:
- Vamos ao teatro amor?
- Oba! Vamos sim. Vai tomar um banho, já deixei tudo preparado lá para você.
Fui para o banho. Em seguida comemos algo leve, todos juntos, e fomos ao teatro. Chegando lá, uma pequena aglomeração formava-se. Gente variada: jovens, crianças, adultos, terceira idade. Brancos, negros, mestiços, até argentinos. Na espera da fila, enquanto minha mãe e minha namorada conversavam, fiquei um pouco longe, pensando no porquê da minha inútil resistência a esta que é uma das mais belas formas de arte: o teatro. Talvez isto viesse das minhas raízes interioranas, da pouca cultura ao meu redor, da infrequência de espetáculos teatrais. Mas aí me lembrei daquelas pessoas que desde cedo estavam fazendo teatro, e que conheciam teatro, que estavam por dentro de cada peça que havia, e de que estas pessoas também se criaram no mesmíssimo lugar que eu. Não. Eu não tinha desculpa. Tinha que mudar aquilo de uma vez por todas. Numa oportunidade como esta, a de um convite para o teatro, um SIM de imediato e sem titubear - esse seria o meu lema de agora em diante.
E, para acabar de vez com toda aquela minha ridícula pré-resistência, caro leitor, saibam os senhores que o referido espetáculo foi totalmente DE GRAÇA. Levava o nome de Rock’n Roll Circus, o que me empolgou ainda mais – sempre fui um fã de rock, e minha memória na hora buscou aquele concerto feito nos anos 60 com os Rolling Stones que trazia o mesmo nome – é, eu podia ser mesmo um asno para o teatro, mas graças a Deus isto não se proliferava para as demais artes, como a música e o cinema, por exemplo.
Aí, quando me sentei na poltrona e o espetáculo começou... meu coração bateu forte. Me emocionei. Cantei. Vibrei. Não vi aquela uma hora e pouquinho passar... pois estava hipnotizado. Que banda. Que trupe de artistas. Malabaristas, contorcionistas. Pernas de pau. Acrobatas desafiando seus limites. E tudo ao som do mais belo e fino rock’n roll, dirigido de maneira magistral pelo diretor do espetáculo (que também atuava na peça, sendo o elo de ligação entre um ato e outro).
Gente, aqui vai o meu sincero viva ao teatro, e os meus parabéns a todos os envolvidos nesta belíssima forma de arte e cultura.
4 comentários:
Pois é, André, falta muito, mas muito incentivo à arte brasileira... temos excelentes escritores, atores, pintores...além do belo espetáculo, a temática foi altamente crítica. Parabéns pelo texto! Gisa
Também estou em dívida com essa maravilhosa arte, o teatro!
Parabéns pela cônica Andre !
Curta os momentos , cada momento é único ! A arte é um trabalho onde as pessoas se dedicam com muito amor para fazer a diferença na vida das pessoas !
Show, queria estar nesta também... fica para a próxima... valeu...
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