Das
novas fronteiras e outros desafios
Os pintores,
quando trabalhando em uma obra, tem um expediente bacana para avaliarem se o
trabalho aplicado na tela está seguindo o projeto inicial: dão um ou mais passos
atrás, para avaliar com ajuda da distância (a tal da proporção), se tudo está
dentro de um contento. Uma pincelada aqui, outra acolá e voilá, o trabalho está pronto. Às vezes temos que fazer o mesmo em outras
ocasiões e para fins diversos.
No meu caso,
aproveitei a ida para a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, para avaliar
longe do calor de Goiás se nossa proporcionalidade literária está no caminho
certo, bem como as atividades do coletivo Bar do Escritor. Claro que iria
aproveitar para conhecer a parte paulistana do BdE, além de reencontrar uns
comparsas do local.
Então, foi
munido de pouca coisa (a maioria da bagagem, os livros, já haviam ido via
transportadora, graças à logística da R&F Editora / Izaura Franco), que
peguei um voo doméstico para a capital da garoa. Isso por si só já destoava da
maioria de minhas empreitadas, uma vez que geralmente me desloco com o valente
Golzão 1.0 abarrotado de coisas (como os 2.600 km ida e volta para Paraty, na
Flip. Mas isso é outra estória...).
Como
perdi o primeiro final de semana, não acompanhei o que o pessoal do stand
nominou como a “grande-avalanche-humana-que-congestionava-todo-o-evento”. Mas
chegar na segunda feira tem lá seu charme... O que não quer dizer que fiquei de
papo pro ar, vendo a caravela passar; foi chegar e meter as caras, dando início
ao exercício da literatura-corpo-a-corpo,
aquela em que o autor tem que tomar a frente do stand e ir chamando o pessoal,
como em feira livre. Uma feira livre cultural, por assim dizer.
Vida
de independente tem disso, meus caros.
Uma
ou duas Heinekens depois da entrada no certame, apossei da entrada do espaço e
já de livros em mãos, parti para o trabalho. Devo salientar que a decoração
feita pelos colegas que já estavam por lá ajudava e muito atrair a atenção do
pessoal, pois as atrações eram muitas. Sim, com tantos stands e uma infinidade
de título e autores, o lugar era um pedaço do paraíso tanto para quem pratica o
santo hábito da leitura quanto para os viciados em escrever.
O contato com o
público, poder demonstrar seu trabalho para o público alvo, fazer novas
conexões e outros aspectos deste tipo de aventura é sempre prolífico, mas vem
acompanhado uns bônus, que podemos usar depois para capitalizar a ação.
Reencontrar os
amigos barnasianos, Roberto Klotz, Bárbara Leite, Wilson R (parceiro sempre), César
Veneziani e Tamara, Márcio Takenaka, o senhor da noite, é sempre um prazer a
ajuda a colocar a birita em dia.
Em matéria de boas
iniciativas, destaco o trabalho do stand comunitário do governo do Rio Grande
do Sul (como bem destaca a matéria da Larissa Mundim, muito melhor escrita que
esta http://www.negalilu.com.br/2014/08/procura-se-antidoto-para-invisibilidade.html),
que trouxe para São Paulo um grande mix de editoras do sul, além do stand da
Imprensa Oficial de São Paulo, que traz para Bienal algo mais que só os ditames
mercadológicos e as listas dos mais vendidos: buscam proporcionar com que o
público tenha acesso mais fácil a obras que as grandes editoras e / ou
livrarias não dão a devida importância.
Fica a dica para
a Imprensa Oficial aqui do estado; um outro canal para difusão da cultura
goiana.
É claro que o mercado
é quem dita mais ou menos o roteiro da Bienal, com as rotineiras filas para os
best sellers, a presença dos badalados do momento, a histeria coletiva por
alguns autores, etc... Mas o mais legal mesmo é ver tanta gente reunida pelo
singelo ato da leitura. E perceber que o público mais ativo era justamente o
infanto-juvenil, dá aquela sensação boa que a próxima geração será ainda mais
leitora que esta.
Alguns me perguntam o saldo de tudo isso.
Fazendo todas as contas e levando em consideração que foi um dos lugares onde
mais vendemos livros e camisetas, fiquei no elevado saldo de R$ 40,00,
(devidamente gastos em um boteco perto de casa)... Mas o verdadeiro saldo está
na divulgação do próprio trabalho, do exercício literário em conjunto com os
parceiros que lá estavam como a Izaura Franco, Maria Cândida, Breno Leite,
Larissa Mundim, Niara, Wilson R e Wilsinho (o Wilson 2). A satisfação em levar
as letras de Goiás à frente e não ficar pensando só no monte de verdinhas. Até
porque, se fosse fazer as coisas pensando somente no retorno financeiro,
deixava a literatura e voltava para o mercado de seguros...
É isso. Nem bem
a Bienal de São Paulo terminou e já começamos os planos para a do Rio de
Janeiro. Mas antes disso, uma passadinha na Feira de Frankfurt mês que vem (se
o cartão de crédito aceitar) e mais algumas aventuras literárias por este Brasilzão-véio-e-sem- portêra...
Nos vemos por aí, em um stand qualquer da vida.
4 comentários:
grande Cris Ovelha! é isso aí, mano véio, enquanto os convites para os talk show não vêm, perambula-se brasil, mundo afora. o bolso segue oco, mas, pelo menos, dá-se uns bordejos por aí. tamo junto, brow! ficanapaz.
POdecrer, CC!
.
Foi um evento cansativo, mas como você disse, o importante foi a divulgação. Eu acho que fechei no vermelho, mesmo tendo vendido acima do que esperava.
Enfim, "é nóis nas frita".
Abraços.
.
Curtindo muito tudo isso, Deveras. #tamojunto
Arrasa em Frankfurt!
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