Das terras longíquas do Norte, o velho bruxo trouxe o espelho mágico.
-Finalmente. - exultou a rainha má. O espelho é meu!
O bruxo tomou suas moedas e afastou-se, deixando o estranho dispositivo acoplado ao nicho do aposento da rainha.
Um gênio habitava o espelho. E a megera passou a comunicar-se com o Espírito:
-Espelho meu, há alguém mais bela do que eu?...
O tempo passou.
Nas ruínas do velho castelo de Husberth, em terras dos saxões, o diligente historiador encontrou um estranho objeto: uma chapa de cristal quadrada, três palmos de lado, agarrada a um tubo catódico, uma válvula, um condensador com seus dois pólos e, estarrecido, detectou uma objetiva rudimentar firmemente acoplada à frente, direcionada à tela, como a capturar a própria imagem do equipamento.
Os bruxos do Norte conheciam os receptores de ondas eletromagnéticas.
Recriaram em laboratório eletrônico o rudimentar Vidicom. Era a chave dos segredos da TCI, e precedia as redescobertas de Marconi, Landell de Moura ou mesmo Baird.
Desde as mesas girantes, da tiptologia, da psicografia, o intercâmbio com o plano espiritual evoluía, e a mediunidade, a transmissão dos fluidos pela hipófise, o Spiricon, tudo tornava-se obsoleto - os portais interdimensionais estavam cada vez mais exequíveis.
Alimentaram com eletricidade o Vidicom retirado das ruínas. Um gênio surgiu na tela, comunicando-se num típico dialeto saxão. Reclamava sua rainha, operando numa faixa de onda do Umbral Grosso. Questionou sobre uma tal maçã mergulhada numa droga de indução ao coma cataléptico.
As obsessões eram um escolho, não somente entre médiuns. O gênio jamais se desprendeu daquele harmônico, frustrando toda tentativa de sondar a paisagem do Além, no plano Espiritual ou Monádico, através do espelho mágico outrora oráculo da vaidosa rainha.
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