sexta-feira, 28 de junho de 2013

Desculpa??? Quito Arantes!!!

 
Desculpa??? Quito Arantes!!!


Dizem: o que vai volta… Mas será mesmo assim tão linear? Os encontros e desencontros da vida acontecem a cada passo dado, as incertezas acumulam-se no dia-a-dia, e para todo chamamento do coração, a dor da perda é uma espada cravada na alma, que à medida que o tempo vai correndo, e essa espada vai cortando os pequenos sinais de um calor humano dado à alegria de viver, é sentida a esperança e o forte desejo de derreter a lâmina afiada que ofusca os sentimentos mais nobres.

Quero que volte toda aquela vontade e desejo de amar, todo aquele fulgor de abraçar e constituir harmonia nas almas. Não há rancor que persista quando a alma não é pequena e nada é em vão.

Quero deixar um legado que sirva de inspiração a quem perdido nas trevas, luta pela salvação do corpo e alma num só.

Na tranquilidade de um desejo, fica a esperança no dia do amanhã, mais belo, mais sentido em amor, mais próximo de ti.

Tudo passa pela aprendizagem da vida, que não se limita à juventude do corpo, mas a todo um conjunto de emoções que nos vão enxergando todos os dias.

Deixarei os meus rios fluírem para o teu mar, onde tento navegar contra as intempéries dos males entendidos.

Quito Arantes/Portugal

quinta-feira, 27 de junho de 2013

PIT-BOY


Esse texto já saiu publicado por aí, mas não custa nada divulgar um pouco mais.


..............................


Tinha braços de leão,


tórax de touro,


garras de águia,


sangue de fera.






Só lhe faltava um coração de gente.



sábado, 22 de junho de 2013

Final de tarde


Seria uma ofensa chamar o céu de azul naquele momento. Era uma mistura de rosa, laranja, amarelo e azul.

Sem aviso, veio o vento gelado que varre todo final de tarde, garantindo que esteja tudo limpo quando a noite chegar.

O sol, com frio, foi embora; E levou com ele todas as nuvens, para cobrir-se até a aurora.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Desafio


Quanto brilho solto

Dentro do nosso olhar perdido.

Quantos caminhos vagos

Percorrendo aonde não temos ido.


O que esperamos encontrar,

Se passamos pela vida

Como se não a víssemos passar?

 
Risos sufocados em noites sombrias.

Eterna procura; forte agonia.

Somos sombras caladas

De reflexos do que não somos.


Quando enfim seremos

A realidade que escondemos

Em nossos sonhos?

 

domingo, 16 de junho de 2013

No que você acredita?

Andando no meio da escuridão, triste demais para pensar diferente do que está acontecendo, pensa que a vida é aquele pequeno mundo a sua volta.
Aparecem oportunidades, que de alguma maneira são afastadas como uma ventania sem rumo. Dedica-se então a tentar.
E nessa tentativa mais uma vez, a vida não é tão solidária.
O que faz?
Um lema, uma lenda, um pensamento: não desistir.
Já ouviu muito falar de pessoas que desistiram, que não aceitaram os rumos da vida. E num instante impensado passou a ser uma dessas pessoas.
A vida não é feita dos bons momentos, as oportunidades para poucos aparecem, e se não estiver com os olhos abertos, o mundo será sem colorido. Basta, acreditar.
Pois os caminhos feitos de pedras, são tão belos quanto aqueles feitos somente de flores coloridas e borboletas.
Inspirar-se na vida. É mais sensato do que abandonar tudo como se não servisse mais para nada.
Nunca é tarde mais para recomeçar. Nunca é difícil demais o caminho a seguir.
Bastar acreditar, querendo.
Que muito rapidamente a vida vai te impressionar.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Triste Igual

Não sei se sempre foi assim, mas parece que não é algo novo. Parece que é algo igual a antes e antes...

O normal, o igual, a maioria... sempre nos robotizando, nos rotulando, nos igualando... nos tornando cópias, clones, previsíveis...

Não estamos preparados para coisas não iguais, muito menos pessoas não iguais... e vamos perdendo e desperdiçando pessoas e vidas e oportunidades de aprender coisas novas e ver o mundo de forma diferente...

Diferente! A palavra sinistra!

Só queremos e aceitamos ser diferente, se for um diferente igual a algo já conhecido e testado e de sucesso. Não exatamente diferente de verdade, mas novo e novo bom, novo aceito, novo igual a algo já ok!

E vamos vivendo nesse triste igual, triste cenário onde não ser igual é perverso, é cruel, é perigoso, é errado...

Igual igual. Sob controle.


Triste igual!



A garota da mesa em frente


Usava sandálias.
Mas não deveria, ele pensou.
Era um café. As mesas marrons ficavam na calçada, debaixo de um toldo verde. O céu era cinza e as paredes vermelhas.
Havia uma garota sentada na mesa em frente a dele. Vestido florido, ela rabiscava em um papel branco sobre a mesa. Não dava pra ver o que fazia exatamente.
Se estivesse preocupado com o tempo, não teria sentado do lado de fora. Parecia que ia chover. O ar estava pesado. Ou talvez fosse só uma impressão.
Ele, sentado, olhou ao lado do jornal que lia e pôde ver os pés dela sob a mesa. Desviou os olhos. Não deveria usar sandálias. Eram bonitas. Mas não deveria.
Ao desviar o olhar, pouso seus olhos sobre um casal, sentado na mais longe da porta do café. Contemplou o amor dos dois por alguns segundos. Depois, teve vontade de vomitar. Eram feios. Feios demais. E entrelaçados nas carícias românticas ficavam ainda mais feios. Desviou o olhar de novo.
Foram parar no toldo, onde se fixaram rapidamente. O toldo era verde, um verde meio ressecado. A existência dele, naquele momento, não exercia função alguma, visto que não havia sol. Olhou para o céu. O dia era escuro. Não de uma cor exatamente. Talvez chovesse. O dia tinha uma cara de chuva. O que, de certa forma, era bom. Quem sabe, assim, o toldo servisse. Ou talvez fosse só uma impressão. Sobre toldos ressecados, sóis e cores.
A garçonete passou por ele. Pensou em chamá-la. Mas não sabia como se dirigir. Mocinha, garçonete, atendente, querida. Vestia uma roupa branca. Um branco bastante encardido, na verdade. Esperava que ela olhasse e entendesse o desejo de ser atendido. Mas ela não olhou. O que também não era ruim, já que era bem feia. Não olhar pra ela certamente poupou-lhe a esperança em dias melhores.
E tentou voltar ao jornal. Mas não conseguiu. Muitas emoções, pensou.
Olhou, mais uma vez, pra garota da mesa em frente. E, como numa revelação, encarou-os.
Eram pés bonitos.
Inexplicavelmente bonitos. Pequenos, unhas feitas, pintadas de branco. Tão bonitos que o tornaram incapaz de se concentrar no jornal ou em qualquer outra coisa. Que tornaram todo o resto suportável.
O dia era tão feio.
O café era tão feio.
O toldo era tão feio.
O casal era tão feio.
A garçonete era tão feia.
E os pés daquela garota eram tão bonitos.
Entendeu que havia, na natureza, compensações. E se deu por satisfeito.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Tiflose

Às vezes, ser cego é enxergar além
 
Sentir
As saliências do seu semblante desbotado
O bálsamo da matiz púrpura de seus olhos
O volume inesperado de tua boca

Ilumina
A paisagem do meu olhar
O breu do que vejo
Que se colore nos devaneios contidos em você

Vejo
O sentimento tão aguardado
Impossibilitado tantas vezes
Pelo conceito pré-deformado

Comportas
O meu mundo em desejos profundos
Profanas alegrias
Clareiam o mais inóspito dia

Enceta
A vida tão resguardada
Hirta pela luz, claridade que falta
Assustada pela cor que tinge minha alma

Aprendi
Que sobrevivendo vou aprendendo a sobreviver
E que sobre viver
É viver vivendo intensamente sem saber

Concluí
Que a luz que me falta não faz morrer
Pois a luz que importa, ilumina e salta aos olhos de viver
Está bem a frente...está em você

domingo, 9 de junho de 2013

A INCINERADORA


Cresci numa família pseudonormal
Meus pais não eram permissivos
Ao contrário
Extremistas religiosos
Frequentavam a Igreja Universal
Eu odiava esse ritual 
À época, eu não entendia nada.
Não sabia a verdade
A virada da minha vida aconteceu
Três pastores amigos do meu irmão trancaram-me num galpão e me estupraram
Nunca contei pra ninguém
De menina boazinha a monstra em uma tarde
Passei anos chorando em sublimação solitária
Depois, comecei a permitir-me ser agressiva.
Principalmente com meu irmão, a quem culpei por minha tarde de sodomia.
Planejei tudo
Mas depois de matá-lo fiquei meio arrependida
Ele parecia inocente quando arranquei seus olhos
Deve ter morrido sem saber o acontecido naquele galpão
Pois é
Eu não
Sou uma morta viva 
E por isso só dei o tiro de misericórdia na nuca dele depois de três dias de tortura
Um dia para cada estuprador
O problema de matar alguém é saber como livrar-se do corpo
Aprendendo a sumir com os restos mortais, matar torna-se corriqueiro.
No caso do meu irmão
Meu primeiro óbito voluntário
Eu o esquartejei e o levei aos pedaços, dia após dia, para a Funerária Incineradora Boa Morte, onde trabalho.
Apesar de ter nojo de homens
Sou amante do dono
Assim fica fácil misturar os pedaços dos meus cadáveres nas incineradoras diárias
Depois é mamão com açúcar
Melzinho na chupeta
Não existe célula que tolere temperatura acima de 1000 graus
Esse calor é suficiente para derreter até a alma de quem sonhava reencarnar
Perdi a conta de quantos mandei pro inferno 
Foi por isso que arrumei esse emprego
Para trucidar
Adoro saber que as cinzas entregues às famílias estão juntas com pedaços de outros defuntos
Depois de muitos matarmos, o gosto pelo insano fica apurado.
Fico molhadinha
Voltando à minha família
Em seguida ao sumiço do meu irmão, meus pais pioraram muito.
Oravam dúzias de salmos por dia
Eu não aguentava mais
Comecei a pensar em matá-los
Principalmente depois de ver meu pai e os três pastores algozes da minha felicidade inócua comendo mamãe na matinha
Excessos emocionais geram desarmonia
Não demorou muito
Esquartejei meu pai e o mandei aos pedaços para incineradora
Nesse caso específico, guardei pedacinhos e botei na sopa da minha mãezinha.
Foi lindo vê-la comendo-o
Matei-a logo depois dessa cena
Martelei sua cabeça até seu cérebro virar patê
Requintes de crueldade
Hoje tenho pencas de corpos para incinerar 
Quantos mais, eu não sei precisar.
Todos cortadinhos e embalados nos meus freezers
Não tem um dia que eu não queime uma mão
Um pé
Uma cabeça
Ou qualquer outra parte do corpo desumano
As cabeças dão algum trabalho de transportar
Boa bosta
Logo todos estarão em suas urnas sublocadas 
Sem coração
Doa quem doer 
Eu planto ódio para colher desamor
Quanto aos meus três estupradores
Vou deixá-los vivos até suas filhas crescerem
Depois vou estuprá-las com um pé-de-cabra até a morte diante dos olhos pastorais
Estamos todos fadados de injúria
A morte começa viva
Meu compromisso é sobreviver

Pablo Treuffar
Licença Creative Commons
Based on a work at www.pablotreuffar.com
A VERDADE É QUE EU MINTO

A VERDADE É QUE EU MINTO

sábado, 8 de junho de 2013

fim de caso





Abandonei a musa manca
Atolada no meu palavrório chocho
Pobre dama imortal!

Cortamos relações

Vagamos então
Fingindo não nos ver nesse charco
Ignoramos as nuvens
Mesmo quando chovem corações

Tortos
Acéfalos
Natimortos

Minha deusa manca afunda
Cria oratórios na lama
Brinca de Ofélia
Distraída e louca
Canta versos indecentes
Todos bárbaros!

Cortamos relações!

Não nos beijamos mais
Somos agora torturadas charlatãs
Comportadas santas
Mãos sobre o colo
Cruzamos as pernas bentas
Em mudas zangas

quinta-feira, 6 de junho de 2013

iPhone 5


o besta
desembesta
ou quiçá, çá, çá
defenestra
na poeira das vaidades
bestas
e atuais, mais
que atuais

os ancestrais
cambalhoteiam
inutilmente
pra frente
pra trás
qual idiotas

os devotos
do black metal
dão saltos
camisas pretas
acham demais!

mas, ademais, existe a luz
no fim do túnel
da Tunísia
pour elise
eu faria tudo, tudo

coesão, coerência, clareza
o importante é ser feliz
na cama
o mais, é o amor
só o amor
que conhece o que é verdade

a verdade dói e mói e corrói e destrói
mas isso é bom e agradável
exceto ao platão

seja bem-vinda, ruidosa bofetada!
bate outra vez, coração!
a mão que balança o berço
envolve e cabe perfeita na masturbação

o ego rebelde não quer rebentar
diz que há os tais maiorais
déspotas e tarados
cheios de pênis eretos
no lugar dos pelos
glândulas invertidas

pelas barbas de netuno!
levantai, unamuno!
semeai a discórdia e a dúvida
entre os homens bicudos
jegues-justos-obtusos
cheios de hemorróidas
enfiados em ternos justos
absurdamente demodés

quem dera ser um peixe
para expor em riste a guelra média
ao anzol pontiagudo
imerso, babacamente
pelo babaca-mor

que o mundo acabe em buceta
de mulher tesa
para morrermos encharcados

felicidade é algo mais que uma maçã eletrônica.

Carlos Cruz - 20/12/2012

terça-feira, 4 de junho de 2013

DAS ARTES DO AMOR OU DE QUANDO SENTI A PRESENÇA DE YEDA SCHMALTZ


            Entre os dias 16 e 19 de maio, tive a felicidade de participar da 10ª Galhofada Cultural, aqui em Goiânia. Um evento que por algumas de suas particularidades já seria bastante sui generis, afinal, uma mostra de teatro feita no meio da rua e da comunidade já é por si só algo inusitado, mas que por conta de outros fatores torna-se ainda mais envolvente e impactante.
Em plena atividade de "Literatura Corpo-a-corpo": vendendo o livro nosso de cada dia.
            Destaque-se que é praticamente uma operação de guerra, com um batalhão de pessoas envolvidas com o intuito único de levar, como diria a música, “diversão e arte” de forma gratuita e sincera para a população. É bom lembrar que os artistas participantes doaram seu tempo e esforço para que o evento acontecesse. Sem cachê, sem patrocínio, sem jabaculê. E sem qualquer apoio governamental ou de alguma lei de incentivo, ato raro em um país rico em cultura, mas pobre em investimentos na área (pelo menos aqueles onde não se vê uma lei de incentivo por perto).
Conversando com Marcos Lotufo, o "culpado-mor" pela Galhofada. 
            Entre os que carregam a bandeira do evento, estão a Oficina Cultural Gepetto, o Teatro Zabriske, Grupo de teatro NuEscuro, Cia de Teatro Poesia que Gira, Teatro que Roda, além de vários outros grupos  e abnegados como Marcos Lotufo, que insistem em levar adiante tal empreendimento em nome de algo que está  cada dia mais raro de se encontrar por aí. Estes malucos do bem fazem o que fazem em nome do amor.
            Amor... Pela Arte.
            
Cortejo da 10ª Galhofada Cultural. 







Foi lindo ver palhaços, mágicos, atores e atrizes, equilibristas, músicos, artistas das mais variadas gamas dando o melhor de si em atuações de delicado fervor, acompanhados de perto por um público que era composto desde a população das redondezas, gente que comumente não tem acesso a nenhuma forma de arte ou evento cultural, até grandes apreciadores das artes, que ali estiveram para conferir o que acontecia no evento. Bonito de ver também foi o apreço que as pessoas deram à nossa banquinha de troca de livros; crianças, adultos, idosos ou adolescentes, era nítido o olhar reluzente que transmitiam, toda vez que topavam com um título conhecido ou algum exemplar há muito desejado. O exercício da literatura também é isso, aproximar o público dos livros.

            Amor... Pelos colegas de profissão.



Uma das coisas que ficaram impregnadas na memória foi observar de perto a união do pessoal do teatro / circo. De empréstimo de figurino a ajuda para compor público, ali se viu de tudo que um artista pode fazer em favor do outro. Uma camaradagem genuína, daquele tipo que não se vê todos os dias. Arrisco a dizer que, se na literatura local tivesse semelhante movimento, as coisas seriam bem melhores para nossos escritos...
Amor... Pelo próximo.

Os voluntários do apoio: pessoal da cozinha, do som, iluminação e outros. Esta tropa recebeu os aplausos não do público, mas dos próprios artistas. 
Além de todo o contingente de artistas que dedicaram tempo e esforço para tal empreendimento, houve também todo um aparato de apoio por trás da lona: cenógrafos, iluminadores, operadores de áudio, até uma cozinha inteira, que alimentou não só o exército de voluntários, como também uma parte de público, que teve a oportunidade de saborear deliciosos pratos no meio daqueles que apresentavam-se por ali. Lembro que, quando desarmava diariamente minha barraquinha de livros, juntamente com a parceira Izaura Franco, quando tinha que carregar algum dos mais variados itens que acabamos levando para estes eventos, geralmente aparecia, assim quase do nada, algum integrante de grupo teatral ou pessoal do apoio e punha-se a ajudar na hora, espontaneamente, como devem ser feitas todas as boas ações. Fica a lição de civilidade e companheirismo, mesmo daqueles que nem cheguei a conhecer devidamente. Registre-se também que, mesmo nos dias de sua máxima lotação, não vislumbrei um único ato de vandalismo ou confusão no local; parece que a aula de cidadania dada pelo evento conseguiu ludibriar até dona violência, que agradecidamente não deu as caras por lá.

 Amor... No ar. Entre o público, entre as crianças, entre os espectadores e as apresentações, entre os músicos, artistas, nos palcos, nas ruas, no cortejo e na Ilha da Galhofa, na Feirinha de Pulgas, debaixo da lona ou no meio do picadeiro, o que se via ali era um exercício de amor. Pela arte, pelo companheiro, pelo próximo.  
A população participa ativamente desde os primórdios da Galhofada Cultural. Prova  viva que a Cultura é bem recebida em todos os lugares. 
            O amor, sempre ele. Até quando apresentou-se em sua singela forma fraternal. Veio por conta do bate-papo descontraído com um dos leitores presentes no estande, Júlio Cesar, que teve a felicidade de partilhar da intimidade de uma grande poetisa como Yeda Schmaltz. Fez ele um emocionado relato daqueles anos que dividiu com sua amiga de tal modo que pode-se sentir como se ela estivesse ali, conosco naquela barraca de livros, trocando impressões sobre o movimento de pessoas e artistas no local, da felicidade que é poder participar de um evento genuinamente artístico, de amor pela arte e pelo outro... A voz, por vezes embargada, fez um retrato fiel do relacionamento ─ conturbado em alguns momentos, como deve ser toda amizade sincera ─ mas, que no fundo deixava entrever o amor que ali existiu até depois do final.
             Exatamente o mesmo tipo de amor que parecia emanar da Ilha da Galhofa, naqueles quatro dias de efervescência cultural.