sexta-feira, 30 de maio de 2014

Convidado Mauro Silva



A minha carne

A minha carne, mordida pela minha
Carne, dói. Ela dói e assusta a minha
Fé que até então pensei ser forte,
Mas diante da minha dor vacila.
A dor dói em mim sem piedade,
Sem misericórdia o medo abraça o
Meu corpo e a prece que sai pela
Minha garganta parece me
Abandonar, parece querer abandona
O seu caminho e o desespero me
Abraça.
A minha carne morde-me até seus
Dentes tocarem os meus ossos que
Não tardam expor-se a mostra sob
A minha pele. Eu oro! Oro e apego-me
A minha fé e seguro-a no intento de
Evitar que ela me abandone.
As noites são longas e os dias sofridos.
As lágrimas são tristes e o desespero
É medonho. A minha carne dói!
O gemido agonizante escapa pela
Minha garganta e corre, vai para bem
Longe de onde estou e ficamos sós,
Eu e a minha fé. A minha fé,
Desalentada, me olha, olha para a
Porta do quarto e, somente por
Piedade, permanece comigo.
Indeciso, fraco de corpo e de fé
Pergunto-me se vale a pena esperar
Por um novo amanhecer. A minha
Carne morde a minha carne e a dor
Tortura-me, me dói tudo, me dói
Até o ato de pensar. Tudo, todos
Foram-se, foram e somente a minha
Convalescida fé permanece comigo
E para não deixá-la parti eu vivo
Mais um dia.

---


 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Subscrevo, Poesia





Eu sou o mar
O espelho das estrelas
Refletindo um céu azul num verde mar

Eu sou o ar
O respiro do universo
Mero reflexo, tão diverso desse ar

Sou melodia
O encanto das sereias
E na areia enfeitiço noite e dia

Nasci e fui criado
De versos brancos ou metrificados
Tão discreto e violento, vou calado


No abstrato, sou humano
Como retrato instantâneo
Fora do contemporâneo, sou insano


Eu sou amor
Já fui paixão, ódio, furor
Por vezes, ilusão e dor


Sou amizade
Fiel no amor e na necessidade
Num futuro próximo, talvez, saudade


Sou ventania
Um marginal, um servo, um guia
Brisa leve ou vendaval


E subscrevo,

Poesia.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

SANGRANDO

Como eu poderei aguentar… a dor
Que carrego no coração… sangrando...
Tão longe de encontrar… amor
E de sentir paixão… amando;

Como não chorar… pelo desamor..
Pelo sentimento em vão… mudando...
Que está aqui dentro a gritar… por...
Por libertação… lutando;                                                         
Já à venda no site www.amazon.com 

terça-feira, 27 de maio de 2014

A (re)volta de Policarpo


 Com essa polêmica envolvendo as obras de Machado de Assis, que serão reescritas com uma linguagem mais fácil, lembrei-me de uma história onde o personagem principal vem de outro craque da literartura brasileira, Lima Barreto.
 Esse conto foi premiado em um concurso promovido pela Prefeitura Municipal de Barueri (SP), em 2010.



Pela ausência de grandes e heroicos personagens literários, eis que o velho Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi resgatado em carne e osso pela nossa egrégia Academia Brasileira de Letras, saindo de seu “triste fim” para quem sabe um novo recomeço.
Não foram divulgados detalhes sobre o episódio, mas presume-se que a ABL tenha tido a ajuda de um certo mago para trazer o clássico personagem de volta à baila.
Policarpo ressurgiu de manhã, já estranhando de início o que via em volta. Nada mais natural, pois Lima Barreto o colocara na cidade do Rio de Janeiro em fins do século 19.
Saindo com um grupo de escritores para passear pelas ruas do seu Rio, não gostou nada do que viu.
— Bando de gente maluca! Quase nos atropelam com essas carroças de metal e sem animais! Como os cocheiros as controlam?
Enquanto se dirigiam para um parque, lugar mais tranquilo para conversar, explicaram-lhe sobre o desenvolvimento automotivo no decorrer das últimas décadas.
— A cidade está mais desenvolvida, não acha?
— Eu diria mais barulhenta e desorganizada. — respondeu, já perdendo o humor.
— Caro Policarpo — continuou um jovem poeta, talentoso, mas carente de bom senso — és dos personagens mais patriotas que o Brasil já conheceu. Poucos  estudaram nossa pátria com tanto amor e competência, não por acaso, tornou-se um clássico na literatura nacional. Por isso te chamamos, para, quem sabe, ministrar um workshop para novos personagens...
— Um o que?? — perguntou Policarpo, estranhando aquele dialeto.
— Uma palestra, um curso. — respondeu outro.
— Bem... sabeis que o Brasil sempre foi minha paixão. O respeito à sua natureza, a sua língua, a sua gente, sempre permearam minha conduta. Terei sim prazer em orientar as novas gerações de personagens. Mas, por ora, encontro-me faminto. Há alguma taberna próxima?
— Sim. — respondeu o jovem poeta —, mas hoje em dia chamam-se restaurantes; ou fast-food, como preferem outros.
— Fésti fud?? Que diabos é isto?
— É comida rápida, em inglês. O pessoal daqui acha elegante a língua de Shakespeare.
— De fato, tem suas belezas. Mas, se não me levaram a sério na proposta de se ensinar o tupi nas escolas, deveriam pelo menos preservar a língua de Camões, também encantadora.
Por fim, resolveram levá-lo numa lanchonete, lugar geralmente mais calmo na hora do almoço, já que Policarpo ainda estava visivelmente incomodado com a enorme quantidade de gente nas ruas. O jovem poeta deu a ideia: levar o velho personagem para lanchar em um shopping center.
Lá dentro, depois de passar em frente de lojas como Golden Joalheria, Kings Coffee e Woodstock CDs, chegaram a praça de alimentação.
Apresentaram ao ufanista Policarpo... O Mc Donalds...
— Róti dóg, xis burguer... Que diabos de comida é essa, senhores?
— Não se preocupe, Policarpo, o nome pode ser estranho, mas o lanche não é ruim.
— As sardinhas da Taberna do João me pareciam mais apetitosas. E pelo menos dava para saber o que estávamos comendo...
Enfim, lancharam todos e uma hora depois estavam de volta à rua. Retornaram para a sede da ABL, onde apresentaram Policarpo a um aparelho inexistente em sua época, a televisão. Nada melhor para mostrá-lo de modo mais dinâmico o que acontecia no país. Foi aí que tomou conhecimento das fraudes em licitações públicas, do desvio de dinheiro, dos votos comprados...
— Bando de néscios, malta de bandidos, quadrilha de pândegos!! A mão da Lei será pesada sobre seus cornos!
Acharam por bem não alertá-lo que a mão pesada dos egrégios tribunais do país tinha por hábito presentear os acusados – a maioria presa em flagrante, com a mão na cumbuca, como diriam os antigos – com providenciais Habeas Corpus...
— Que fazem com meu país, calhordas? — perguntou Policarpo, sem desgrudar os já úmidos olhos da tela.
A notícia seguinte dava conta do desmatamento da Amazônia, da poluição dos rios, e da suprema incompetência governamental não só em prevenir tais problemas, como também em punir os responsáveis.
Depois do intervalo, chegou a vez do caos na saúde pública, das escolas de lata...
— Calhordas, salteadores, biltres, abutres, sacripantas!!! — xingava Policarpo, quase batendo na televisão.
Deram-lhe um calmante a base de farinha que não surtiu efeito. Por fim, preferiram trancá-lo em uma sala, para que pudesse descansar um pouco. No início da noite, mais calmo, Policarpo informou:
— Amigos, agradeço a honra de me considerarem como modelo, como exemplo, mas prefiro retirar-me. Na verdade, caríssimos, não preciseis de personagens clássicos ou de heróis míticos; preciseis de homens de carne e osso, de bom senso, justos e preocupados com o próximo, que saibam dirigir o país com responsabilidade e serenidade.
E foi-se o velho Quaresma, quem sabe passar uma quarentena no consultório do seu estimado amigo Simão Bacamarte, o Alienista, de Machado de Assis. Precisava desabafar um pouco...



“Há quantos anos vidas mais valiosas que a dele se vinham oferecendo, sacrificando, e as cousas ficaram na mesma, a terra na mesma miséria, na mesma opressão, na mesma tristeza.”
Triste Fim de Policarpo Quaresma





segunda-feira, 26 de maio de 2014

Para uma companheira

Bonito
é o chorar.
Porque se bonito fosse
sorrir.
A gente nascia sorrindo
e não chorando.

Bonita é você
que de fraca não tem nada.
Pode inté parecer
mas ai! Daquele
que no teu calo pisar.

Para
Não amolece não.
Deixa até envergar
mas de tudo que plantamo nesse chão
temo muito o que semear.

Ô flor
que encanto te conhecer.
E independente do que acontecer
lembra do amor
que se deve ter.

publicado originalmente em: http://ilusoesliterarias.blogspot.com.br/

Tipos

Há poetas de rosas brancas
Loiras tranças
de musas de fartas ancas
Mas há poetas dos espinhos
Amargas vinganças
Tortuosos caminhos

Ora pois
Independente do tema
De tipos só há dois:
O bom e o mau poema

domingo, 25 de maio de 2014

Estava claro


A sala estava clara. No sofá, ela.
Ele não tinha espelhos em casa. Não gostava de se ver. Nem de vê-la. Eram feios os dois.
Estava claro.
Sem saber o que fazer, ele olhava pela janela. O sol se escondia atrás do prédio da frente.
A luz fica bonita assim, pensou.

Pensou, então, em se esconder com ela atrás do prédio. Quem sabe ficassem bonitos também.

sábado, 24 de maio de 2014

FLASHBACK LITERÁRIO

FLASHBACK LITERÁRIO

Poema de 1989. Já nessa época praticava a concisão.

Abraços literários e até +.


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Entre amigas


O sorriso de hiena desfez-se. Embrenhou-se pelos cantos da parede, como se andasse pelo rodapé. Curvou-se para olhar pela quina da porta, confirmou que a outra se afastava e, então, disse:

– Eu não falei? Essa vagabunda, falsa, nunca me enganou.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Convidada Lêda Selma




O SILÊNCIO DAS PEDRAS


O silêncio das pedras,
de tão frio e só, incomoda.
Lava-se com a chuva,
e lima-se em restos de sol.

Silêncio que crispa
o ferrão do instante
nos olhos que o fitam.

E guarda uma tristeza
fosca, estéril-lilás,
porção de inércia morta.

Por um talhe diacrônico,
por uma fissura tosca,
caminha o mistério das pedras.

Com ele, vagam, sob musgos,
solidões, nódoas, mofos.
As pedras não estão mortas.

Quando, sutil, as toco,
percebo a pele em ranhuras
de suas muitas saudades.

As pedras sabem que as sinto,
as pedras sentem que as ouço.
Sei que as pedras sofrem.
E elas sentem que sofro.


---

Lêda Selma


segunda-feira, 19 de maio de 2014

Papo de Bar em Época de Copa

Numa dessas coincidências que a vida nos presenteia, encontravam-se reunidos num balcão de bar, tomando chope, quatro homens de quatro nacionalidades diferentes. Era fim-de-tarde. Todos aqui, no Brasil, ansiosos pela Copa do Mundo: um português, em viagem apenas para assistir ao mundial; um inglês, que também já tinha ingresso comprado e já visitava o Brasil regularmente há mais de dez anos, pois trabalhava para uma multinacional que tinha filial aqui; um argentino radicado no Brasil há alguns anos; e, é claro, um brasileiro que estava ali tomando os seus chopes entre o sair do serviço e o chegar em casa. Segue aqui um trecho do bate-papo:

ARGENTINO: Yo creo que Argentina vai aprontar nesta Copa. Já está na hora de ganharmos una Copa de Mundo!
BRASILEIRO: Vai sonhando, gringo... Aqui não tem pra vocês não! É Brasil na cabeça!
INGLÊS: No cabeça? Eu não entendo... (o inglês, apesar de falar bem o nosso idioma, ainda não entendia bem algumas expressões. Já o argentino usava algumas palavras em espanhol, digamos que, por pura insistência)
PORTUGUÊS: Deixe-me explicar-lhe. O que o gajo brasileiro está a vos dizer é que, “na cabeça” quer dizer certeiro, no alvo. Compreendes?
INGLÊS: O.K. Eu acho também que Brasil é o favorito para o Copa.
PORTUGUÊS: Eu não sei. Ora pois. O Brasil tem Neymar, que é um belo futebolista. A Argentina tem Messi, que é excelente também. Pois nós temos o Cristiano Ronaldo, que é de fato o atual melhor do mundo.
BRASILEIRO: É portuga, mas lembra que uma andorinha não faz verão, hein...
PORTUGUÊS: Como é?
ARGENTINO: É, o que tá hablando?
BRASILEIRO: Eita, gringaiada. To dizendo que um só não consegue carregar o time nas costas. Só o Cristiano Ronaldo em Portugal não significa que o time todo é bom. Nem só o Messi na Argentina consegue fazer milagre sozinho.
ARGENTINO: Está louco? Tenemos uma grande equipo! Di Maria, Higuaín...
INGLÊS: Eu concordar com o amigo argentino. O time todo é um equipe. Todos precisam estar bem unidos, e é claro, um fará toda o diferença. Só quero lembrar que o nosso English Team não levanta um taça desde 1966. Pode ser o nossa hora, amigos...
BRASILEIRO: Inglaterra sempre morre na praia...
INGLÊS: Como?
ARGENTINO: O Brasileño quer dizer que Inglaterra não vai longe em la Copa. Que siempre perde antes.
BRASILEIRO: Ô gringo (se referindo o argentino), como você sabe tão bem a nossa língua, podia parar de falar esse castelhano aí, hein? Que coisa...
PORTUGUÊS: Acalmem-se, caros rivais. Estamos somente a conversar, ora pois... A propósito, acho que todas nossas esquadras tem chance. Contudo, Brasil está a jogar em sua casa, com seus torcedores. Só creio que Júlio César é um guarda-redes um pouco velho para a função...
BRASIEIRO: Do que você chamou o Júlio César, portuga?
INGLÊS: Essa eu também não entendi.
ARGENTINO: No comprendo!
PORTUGUÊS: Virgem Maria, é o arqueiro! O goleiro, como vocês chamam nas terras de cá!
BRASILEIRO: Nossa... acho que o chope já está “dando liga” – e antes de que qualquer um perguntasse algo, o brasileiro rapidamente se explicou: Estou ficando levemente bêbado. Hora de parar por aqui, gente.
PORTUGUÊS: Ora... sabemos que tens uma bela rapariga lhe esperando em casa, brasileiro... creio que tens miúdos a lhe aguardar também...
BRASILEIRO: Se miúdos são filhos, tenho sim, duas meninas.
PORTUGUÊS: Pois diga-nos: vais a assistir os jogos da seleção brasileira?
BRASILEIRO: Mas é claro. Na empresa já está combinado que em horário de jogo, todos na frente da TV. Nem pensar em trabalhar!
INGLÊS: O.K. Deixa ver se entendi. Você verá os jogos de sua seleção pela TV, e não ao vivo da estádio?
ARGENTINO: Nem yo.
INGLÊS: Você também não? Mas se mora aqui, por que não vai assistir o Argentina na estádio?
ARGENTINO: No meu caso, yo prefiro assistir de casa. Uma, que tengo dos pontes de safena. Se voy a o estádio, puedo enfartar, pois fico muy nervoso quando Argentina joga. Em casa, fico ao lado do telefone, com mi mujer por perto. Secondo, que comprei uma televisión de 64 polegadas só para isso – tengo que aproveitar!
PORTUGUÊS: Pois bem... e você brasileiro, estava dizendo que não vais ao estádio também pois...
BRASILEIRO: (O brasileiro fica um pouco meditativo, antes de falar) Olha, gosto muito de futebol. Gostaria de estar dentro do estádio. Na verdade, quando voltar do trabalho, vou passar na frente do Maracanã. É meu caminho diário do trabalho. Só que... é tanta conta para pagar. Escola das filhas. Remédio. Reforma na casa. Prestação do carro. Prestação de móveis. Impostos e o caralho a quatro. Eu e a mulher damos um duro danado e não sobra, é duro...

Os outros da mesa permaneceram em silêncio, pensativos nas palavras do brasileiro, bebericando seus últimos goles de chope. O brasileiro, por fim, disse:

- Pelo menos tenho um amigo que é médico da prefeitura. Ele vai me conseguir um atestado frio, e vou ficar umas duas semanas em casa para assistir da segunda fase até a final da Copa. Acho que ele vai colocar que tenho dor nas costas, alguma coisa assim. Que se dane, também sou filho de Deus!

E seguiu seu rumo, deixando para trás os estrangeiros...

domingo, 18 de maio de 2014

Praça no Meio do Nada



ao lado da estrada
no caminho
entre os nadas,
ainda hei de construir
uma praça
pra nós dois.

canteiros com flores
rosadas,
dois banquinhos
debaixo das árvores,
e um espaço
pra levantar nossa estátua
depois.

mas já ficamos nela
sentados,

bêbados de vinho,

vivendo o que ainda
não foi.

André Espínola

sábado, 17 de maio de 2014

Amigo cigarro



Tenho um amigo pra desabafar,
não digo nada e nem preciso dizer,
só preciso acender e tragar,
ele me entende, ele me acalma.
sacio nosso relacionamento do inicio ao fim
e no final eu mato ele.


sexta-feira, 16 de maio de 2014

O empate

tenho um novo plano
é o mesmo de sempre,
tu me diz,
me entoco
neste buraco
que chamo de casa
encho a cara
e me emboleto

nada de mais,
tu me diz

tenho um novo plano
escrevo febrilmente
na minha Olivetti 82
e me atiro
nas paredes
depois
de um poema
como este

batido,
manjado, tu me diz

tenho um novo plano
um embate
nosso
constante
empate
(malditos leoninos!)
pára com isso,
tu me diz,
escreva algo certeiro

mato a garrafa
apago este poema
no cinzeiro.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O roubo do domínio bardoescritor.net



Em 2007 iniciei a produção do Ezine (eletronic-zine) Bar do Escritor, uma publicação virtual de contos, crônicas e poemas dos autores da comunidade BdE do Orkut. Registrei o domínio www.bardoescritor.net por R$ 30,00, contratei uma provedora por R$ 10,00 e paguei R$ 300,00 para um programador fazer o site. Tudo muito simples, mas arrumadinho e bastante interessante.
Convidei diversos escritores para editarem rodadas com autores de sua preferência, entre nacionais e internacionais, conhecidos e anônimos, sendo que a única obrigação era a permissão para uso do texto e a ajuda na divulgação. O ezine chegou a receber 150 mil acessos. Foram 58 rodadas de literatura (ou drinks literários).
Em 2012 não fiz a renovação do domínio, estava meio sem grana. Lá pelo meio do ano, com a próxima rodada pronta e uns trocados no bolso, acessei o Registro.br para regularizar o pagamento e prosseguir na empreitada de publicação virtual, porém descobri que o domínio havia sido comprado por uma empresa norteamericana, a  www.flancrestdomains.com . Contatei a empresa e, para meu espanto, eles informaram que me devolveriam o domínio pela módica quantia de $ 5000. Em extenso, para não deixar dúvidas: cinco mil dólares!
Em pesquisa na internet, descobri que é pratica comum monitorarem e registrarem domínios com muitos acessos que não são renovados para revendê-los com ágio aos verdadeiros desenvolvedores da marca. Aconteceu com a Coca-Cola, a Sony e até a Madonna. É prática comum, sim, mas não honesta, diga-se.
Obviamente não comprei de volta o domínio, tampouco iniciei ação jurídica internacional, como a Coca, a Sony e a Madonna, para reaver o que era do BdE por direito natural. Averiguei a data em que o registro expiraria e esperei para fazer o procedimento inverso, ou seja, comprar de volta no sistema o domínio que eu havia inventado. Nesse interlúdio, por trinta dinheiros brasileiros, registrei o bardoescritor.com.br .
O registro internacional expirou hoje, dia 14/05/2014. Acessei o site de registro e, para minha surpresa, a malfadada empresa havia renovado o domínio algumas horas antes. Contatei a empresa novamente. Eles me disseram que o devolveriam de bom grado, inclusive com desconto de 50%, por apenas $ 2500. Em extenso novamente: duas mil e quinhentas doletas.
Encaminhei um email ao flancrestdomains: give me back my domain, your thiefs. Imagino, porém, que eles não o farão sem o recebimento do sequestro. Sim, pois é um sequestro de marca, de ideia, de projeto. Uma atitude absolutamente canalha e exploradora, típica do capitalismo arrogante de empresas sem ética.
O problema nesse imbróglio é que a programação do site faz referência ao bardoescritor.net, ao invés de acessar a pasta raiz do ambiente onde estão hospedados os textos, assim, para conseguir voltar com o ezine, é preciso usar o mesmo domínio ou fazer uma nova programação reescrevendo o site antigo. Pesquisei quanto custaria a nova programação: R$ 2000,00.
O BdE é uma entidade sem financiamento, além da ajuda dos barnasianos, é praticamente impossível recolhermos tal dinheirama para refazer o site em outro domínio.
Portanto, ficaremos sem o ezine no bardoescritor.net até pelo menos 13/05/2015, quando o registro expirar novamente. O ruim é que sempre que vendemos uma das três primeiras antologias e o comprador se interessa por conhecer o site, ele acessa o domínio roubado e a cada vez que há um acesso, a empresa sacana percebe que há público e interesse por aquele espaço. Possivelmente renovarão o domínio no ano que vem. Somente nesta quarta antologia é que informamos o novo espaço.
Como há o lado bom para tudo, percebi o quanto é importante formalizar nossos trabalhos. Ou melhor, importante não, necessário, pois há aqueles que não partilham nossas concepções de honestidade e direito. O que a tal empresa fez é legal, mas absolutamente amoral e indigno.