segunda-feira, 29 de junho de 2009

Óbvio

CESAR VENEZIANI

olhos que enxergam
percebem as formas
olhos que veem
percebem além

a forma da forma
a forma na forma

que se forma em quem
tem o dom
de sentir a cor do som
os ruídos do sabor
o gosto do tato

de fato
sentir a essência
é ciência abstrata
pois quem trata
do óbvio não sente
apenas repete
o nada de todos

domingo, 28 de junho de 2009

Olhos de fogo




Se pudesse olhar o tombo das coisas proibidas,talvez me permitisse alguma espécie de calmaria.Mas era um desenhista medíocre,com meus bonecos caóticos e alfinetes coloridos. Eu os desenhava na tentativa de capturar a natureza humana.
Quanta miséria nas minhas mãos de gelo e aço! Não havia outra saída para um imundo como eu, senão me disfarçar através de um jejum doentio. Não poderia contornar os olhos de minha irmã(na colcha de seda) ou as costas da menina que cruzava minha janela todas as manhãs.
Meu lápis era carrasco e viciado em bonecos tontos, que denunciavam minha forma automática de pensar.Como minha primeira mulher me deixara, me acusando de falta de sensibilidade e questionamento da vida.Sim,talvez eu nem sequer fosse podre,somente raso. Os alfinetes me atordoavam a pele macilenta e eu não podia ver sangue, mas um líquido esverdeado, denúncia da minha inanimação.
Minha irmã era religiosa e tomou profundo interesse pela minha abdicação aos hábitos alimentares:
- Está tentando purificar-se?
- Nada que o valha, deixe-me desenhar...
- Esses bonecos me assustam. Por que não me desenha?
- Sua vivacidade me assusta. Por que não some?
- Parece um tanto irritado. O que você faz para se controlar?
- Eu me purifico através do santo hábito da masturbação. Aliás é o que vou fazer agora, pensarei nos teus olhos...
- Você me dá nojo.
Algumas alfinetadas, oito bonecos e nenhuma lágrima, só a máquina de costurar da minha irmã, destruindo meus pensamentos. Tenho vontade de roer seus ossos, um pedaço da costela de Deus. Por que ela não me presenteia com uma focinheira? Atrevo-me a colocar uma vela sob a cabeça de um dos bonecos. Como se iluminados e vivos, finalmente eles esboçassem um sorriso, ousado,aterrador.
Eu poderia ter sido salvo naquele instante. Poderia começar a comer depois de semanas, sem nenhuma espéciede contato com o mundo que não fosse a presença perturbadora de minha irmã. Mas o universo conspirara mais do que minha suspeita poderia desenhar.
Adentrando o quarto, minha irmã, com seu trabalho de máquina de costura a postos: um vestido de bailarina e um capuz de carrasco. A sensação de que aquilo era uma alucinação, logo foi tomada pelo terror.E aquilo não era tudo. Ela tinha gasolina e fósforos. Estava decidida a por fim no meu trabalho,o que significava minha vida. Podia escutar o grito de meus bonecos nas chamas, em meio á musica que ela cantarolava febril. Fechando a porta, me mandou um beijo de fogo no ar, eu podia ver seus olhos ardendo de contentamento.Em um canto ainda seguro, com um toco de lápis desenhei este paraíso, os inebriantes olhos de fogo beijando-me e abri a boca para alimentar-me. Alimento das chamas, penso que nos últimos segundos pude desatar água dos olhos. Minha carcaça,ou o que restou dela, é um brilhante e doce manequim dos mais refinados modelos de minha irmã. Ela me ama. Terrivelmente.


Espectro

Foram as portas que se abriram
Como me disseram os desavisados
Que acabou por ocasionar tamanha tormenta
Estavam a dois passos do delírio
Repleto de brandura saliente
E por natureza sobressalente
Quando os corpos passaram a não mais sentir


As mãos estavam tão afastadas
Mas ainda buscavam uma a outra
Ela ansiava por uma noticia
Que a faria acreditar no que fora dito
Cada passo a frente
Determinaria que os órgãos vitais,
Mais tarde,
Trariam a sensação de estarem inertes


Era apenas a incerteza
De algo que ainda não tinha definição complementar ao interesse divino
As roupas todas lavadas
Nem mesmo uma pegada ao vento!
Assim são os jovens,
Diria o ancião.
Eu diria que foi a partida
Até meu suor já havia sido removido
De seus, agora inexistentes, lençóis


Anjos maléficos do ocidente
Permita a retomada da névoa em meus pensamentos
A alegria singular de sua voz
Alheia e irreconhecível
Perante a abundante quantidade de corpos
Cada qual em sua essência
Que sejas privado por um momento do ato de inquirir
E sua ultima acolhedora memória
Seja como minha imanente e tracejada concepção


O efeito foi a inexistente e inevitável
Futuramente aprazível paixão
Porém sucinta e confiante
A escola já estava degradada
E sua lição não poderá ser julgada
A guerreira que tudo possuía
Ansiou por um jovem estremecido fantasma
E nisso fora transformada



Audrey Carvalho Pinto

sábado, 27 de junho de 2009

Uma pausa na literatura




Esse desabafo foi publicado dias atrás no blog Manufatura. Repito aqui o texto por se tratar de um assunto sério.


Não é fácil perder alguém em um acidente de carro. Os familiares e amigos que ficam não tem o tempo necessário para elaborar a iminência da perda, quando, por exemplo, a pessoa querida é acometida de uma doença que a enfraquece pouco a pouco.
Já vivi essa situação três vezes: tive dois primos que se foram em acidentes de carro; ambos estavam sozinhos e aparentemente foram vencidos pelo sono.
No caso de Marcela, uma psicóloga brilhante, colega de faculdade, foi diferente. No dia das mães de 2004, ela saiu cedo de casa para comprar flores para a mãe. Na ponte Costa e Silva - aqui em Brasília - quando estava a cerca de 50 km/h, foi atingida por um idiota que voltava de uma festa a fantasia.
Ah, antes que me esqueça: o imbecil estava a mais de 120 km/h em um lugar cuja velocidade máxima permitida é de 60.
O assassino sobreviveu ao acidente e ainda responde ao crime. Marcela morreu na hora.
Quatro meses depois, a mãe dela não aguentou a perda e usou um coquetel de remédios para ir de encontro a filha...
As fotos aí de cima foram tiradas no balão que dá acesso ao aeroporto de Brasília. Faz parte de uma campanha do governo para conscientizar a população através do choque. O carro não é de "mentirinha", pessoas morreram nele justamente por causa da combinação álcool-trânsito.
Para problemas radicais, alternativas de solução - ou ao menos de abrandamento do problema - radicais. Seria também interessante que o governo colocasse tais instalações na frente de escolas infantis e faculdades, boates, bares da moda, etc...

De Gato e Rato

É no escuro, no quarto sem cantos vivos ou horizonte, que abro meus olhos. É no escuro, do lado de dentro do cubo de faces pretas, que faço o convite. É no escuro, com fumos de tabaco e assa-fétida, que ergo as cortinas do mundo. É no escuro, ao som de um violoncelo a noventa decibéis, que arranco da terra uma coluna de fogo. É do escuro, agora negro-escarlate, que me lanço em seu encalço. É no escuro que encontro, a cada noite, a sua luz baça. É no escuro que, a cada noite, atrelo seu sono aos cães.

É no escuro, perdido nos vapores, que você cai a cada noite. É no escuro, em ré menor, que um quarteto de cordas toca seu réquiem. É no escuro que você, cordeiro, bale perante os lobos. É no escuro que você, fraco, rasteja em busca de saída. É no escuro que você, fraco, implora por uma saída. É no escuro que você, fraco, jura que mataria seus pais em troca de uma saída. Quando, então, desfaço as amarras, é no escuro que você, fraco, balbucia e soluça obrigados.

É no escuro que pinto seu sono com os monstros da sua infância. É no escuro que corto, noite mal dormida por noite mal dormida, uma por uma, as cordas da sua sanidade.

(Quem mandou se meter com alguém que, um dia, matou um deus?)

terça-feira, 23 de junho de 2009

FLIP Incessante



A OFF FLIP é um circuito paralelo de idéias de grande destaque na Festa Literária Internacional de Paraty. Tornou-se um importante espaço de referência para a produção cultural local e nacional. A cada ano aumenta sua representatividade na cidade, em todo o Brasil e também no exterior.

A programação da OFF FLIP permite que um grande número de autores locais, nacionais e internacionais troque impressões e experiências em eventos que envolvem leitura, debate e divulgação de sua produção literária.

A OFF FLIP vislumbra a idéia de preservar e valorizar a cultura, as artes e a literatura de Paraty e ao mesmo tempo abrir um caminho para a interação com culturas de outros lugares. O evento homenageia, nas edições anuais do evento, os escritores locais em saraus onde são lidos textos e realizadas apresentações tendo por base a produção artística e a contribuição dessas personalidades à vida cultural da cidade.

Já estive na FLIP como visitante, mas neste ano, vou participar como autora na OFF FLIP. Lançarei oficialmente minha nova obra de poesias: Incessante. Além da exposição dos exemplares no local, terei meus 5 minutinhos de fama no Sarau da OFF FLIP dia 02 às 20h no DINHO´S BAR. Se você for... passe lá e prestigie o evento com sua graça!!

Com informações da Paraty.com

Caus e fascínio




O caus que assola por dentro

empurra pra frente

permite que o desejo da auto exposição

se instale fazendo parte

definitivamente do tudo que se é.

Sou a ousadia do vento que não se intimida,

Chuva que cai onde tem que cair,

Sonhos que alimentam esperanças

Grito que quebra o frio do silêncio nocivo.

Sou corpo que abriga desejos

Alma que permite ensejos.

Inferno pra quem o corpo em chamas trás.

Céu pra quem pela eternidade clama.

O caus que me assola por dentro

Nada mais é do que o imperativo

de ser quem de fato se é.

De viver a liberdade

Que não teme a realidade de ser expor,

sem limites ou reservas.

Andar á beira do abismo é o fascínio

de livre ter o viver.

E hoje o corpo nu se expõe ao sol sem falsos pudores

A boca profere palavras sem censura

Os olhos abertos enxergam a beleza da linha do horizonte

E os abraços ...

esses aguardam o aconchego.

Catiaho/Reflexo d'Alma 086091121

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Síndrome de Estocolmo


Do alto de seu salto, desconfortável e apertado, que fora obrigada a usar desde a adolescência, denunciava a crueldade e o atraso de outras sociedades, que impunham às mulheres regras e normas, fôrmas e formas.


domingo, 21 de junho de 2009

Crescente Azul




Seu sorriso me faz crer
Na lenda das fadas,
Azuis e ensolaradas
Festejando a essência da vida.
E, entre elfos e ondinas
Mergulho em silêncio meu sonho.
Na noite que se faz presente,
Seu sorriso é a lua.



Imagem: Remédios Varo “Descubrimiento de un Geologo Mutante” (1961)

sábado, 20 de junho de 2009

Convidado Lau Siqueira

tese de machado



no entalhe
a madeira se reparte

com porte de quem
cumpre o rito criador

o machado parte

a árvore tombada
já não é a mesma

virou linguagem

substrato e signo de
abismo e arte

(poema musicado por Paulo Roh)

-------
Lau Siqueira soy yo! Nasci em Jaguarão, no coração do Pampa gaúcho... E continuo nascendo na Paraíba, onde resido há pouco mais de duas décadas. Todos os dias eu acendo um Sol dentro de mim. Todos os dias eu frequento as quatro fases da Lua. Tenho duas filhas, uma neta, quatro livros publicados, participação em antologias e antropofagias. Poemas musicados. Rabiscados, também. Gosto de dizer que nasci ontem, mas que sou muito antigo. Escrevo poemas pra disfarçar meus escudos. Fui!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Inquietação.



Inquietação.

A viagem na sentença olhar esconde a lágrima – lição de não chorar.
E nas muitas tramas de um caminho sem voltas prossigo e retorno,
deve existir no fundo de mim uma manhã que ainda não nasceu.
O mistério de mundos não descobertos. A saudade não sentida.
Qualquer palavra para expressar a rima contente do extravasar.

Um passeio de volta, encontro definitivo, beijos e abraços
no solitário monólogo, diálogo nosso de cada dia, pão e cama.
Divino sustento de quem de frente encara vontade e coragem
só para sorrir nos olhos outros o belo do corpo, o bom do gozo,
vidas e retinas diluídas em um só desejo com nome paixão.

É que eu espero o sol da alma dele e caminho a chuva do querer,
loba em aprendizado, felina gata no cio, puta de nome proibido,
Eva moderna de pernas soltas, úmida abertura, convite ao pecado língua.
E em outra estrada que não há, eu respiro dele o começo sem fim,
afinal, é ele quem constrói em mim, o simples poema amar.

Eliane Alcântara.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Inadimplentes

Do ser humano
aceito tudo!

Escarro na cara
porrada no rim
até emboscada
embalada em cetim

Aceito marrom
azul marinho
frutos secos

Que façam de suas vidas
um eterno fevereiro

Aceiro prego, martelo
e uma cruz
chatice, macumba,
ausência de luz

Coliformes fecais jorrados da boca
em julgamentos precipitados

Aceito aço,
escárnio, maldizer
preguiça no primeiro passo,
o mal por puro prazer


Aceito sopro
quando estou a beira do precipício
e indiferença
quando sou alheia ao umbigo

O hospício
A decadência
A hipocrisia

O ódio
O cuspe
A melancolia

Que destruam me pé de tâmara
e tudo o que eu tenho pra colher

Do homem aceito tudo
exceto que me cheguem
feito cheque sem fundo

A Ilha do Corvo

(Sonia Cancine)
.

De onde eu venho
Salta-me aos olhos tua face tristonha
Deleito-me nas imagens tempestivas
De fogo em flores.

Espalham-se, semimortas
Pela lagoa de sentimentos.

Mergulhada, na incerteza, eu te vejo ao longe
Pela janela da emoção, furtiva e silenciosa.
Distante, nada é mais como antes

Eis, que emergida da pugna, cansada e ferida.

Um lago espelhado e azul
Cercado de areia fina e branca
Plantado no coração de meu sítio
Tinha tuas nuas águas tão clara

Que muitas vezes me iludia na tua profundidade
Como tudo na vida, não era de fácil acesso.

Ao galgar na areia macia e escaldante
Meus pés chiavam no encontro com a água
Recuava, num pequeno deslize provocado

Na lagoa de flores, que nasciam nas margens da alma
Colhidas, eram ofertadas em ebulição e
Na ilha do Corvo, dos amores vulcânicos

Mergulhava nas cascatas do teu olhar...

Descoberta


O barulho que tua ausência
transcorre em minha alma
é ensurdecedor

Me transformo em uma via de mão única
e sinto o coração dilacerar

Então consigo perceber...
que você se basta.

(Ro Primo)

domingo, 14 de junho de 2009





A Noite é uma Pantera


explora minha selva
rega minha seiva
rasga tudo que me cobre

olho no teto

me concentro
na boca negra
que me fode

sandra santos

sábado, 13 de junho de 2009

cuidado menina

Conto: Cuidado Menina

para: Jessica





Era noite clara na baia de cabedelo, Rosa Linda esperava por sebastian ele vinha do alto mar em um navio navio françês.
há um ano que o namoro se arrastava mesmo com as exclamações de lamentações do pai da garota que não aceitava o fato de sua filha namorar um marinheiro. para ele todo marinheiro era viado. esse negocio de passar varios meses no mar terminar por fazer o macho afemina.
" o homem tem que ficar , junto de mulher se ficar longe vira bicha"
Por isso que ele decidiu ser pedreiro na capital pra ficar junto de gente, de criança , de mulher ; em cima dos predios altos dava até pra tocar as nuvens pensava o pai da enamorada.
Na baia de cabedelo ele era rejeitado por todos por pensar assim, a familia sofria com aquilo a mulher era olhada de lado pelas outras mulheres do lugar.
Rosalinda também sofria, mais desde que conheceu seu marinheiro tudo mudou.
Foi assim a mais ou menos um ano ela tinha treze anos e vinha da escola pela manha caminhando graciosamnete pela praia molhando seus pés nas franjas do mar.
quando derepente um siri marelo corre atraz de Rosa linda querendo morde seu dedo do pé.
e ela saiu correndo e gritando pela areia da praia em seu alvoroço ela não viu o marinheiro que vinha caminhando pela areia, e os dois se chocaram e cairam metade do corpo nas franjas do mar outra metade na areia da praia.
Foi amor ao primeiro baque, Sebastian tinha vindo pra paraiba numa barca de coco cheia de músicos que viviam de porto em porto. apresentando coco de roda, lapinha, cavalo marinho e maracatu e tomando cachaça e amando as morenas, as brancas as mulats as negras numa festa só.
A barca foi embora pro Céara e Sebastain ficou tinha gostado da praia a água do mar era quente e o povo era feliz e seu coração era sem dono.
Por sua vez Rosalinda ficou com o olho brilhando quando viu Sebastian que esqueceu o siri amarelo. O bichinho do seu quanto riu dos enamorados e voltou pra o mar.
depois de se apresentarem e de caminharem um pouco pela praia combinaram de se encontar a noite no coco de mestre Zue.
Era sabado e todo sábado e festa na baia de cabedelo. e a noite tdos estavam na festa.
sesbastian foi o primeiro a chegar com calça social branca e paleto verde.
Rosa Linda chegou logo depois com uma flor amarela na orelha e um vestido vermelho.
dançaram ate de madrugada mestre Zué tava empolgado.
A rabeca fazia os pares se ajuntarem e se separarem nos passos do coco.
Por volta das tres da manha, rosalinda falou a sebastian que precisava ir pra casa pois já estava tarde e seu pai era brabo.
Então Sebastian foi deixa a garota em casa e ao se despedir da donzela pegou em sua mão e sentiu toda doçura e pureza de uma fêmea. e muito suavemente aproximou seu corpo do dela ebeijou seus lábios num beijo françês cheio de calmaria e sussuro de prazer que sempre acabar com um sorriso.
foi dessa forma que o namoro começou uam semana depois sebastian embarcou no navio Françês deixando sua Rosalinda com o coração cheio de saudade ele prometeu trazer uma jóia pra sua amada.
E um ano se passou tinha dito por carta a sua rosalinda que voltava aquela noite e ele voltou só que viado.

Humberto Filho
06/06/2009

Um Pedaço de Meu Ser

Tenho fé em mim mesmo e não em deuses criados por minha espécie,
Tenho pensamentos e sentimentos complexos por não ser um homem simples,
Tenho quem me ame e me odeie pelos meus pensamentos e atos,
E tenho o prazer em ser eu mesmo por não ser alienado pelo sistema.

Por onde passo causo impacto, seja este positivo ou negativo,
Por onde passo aprendo e ensino algo como parte de minha missão,
Sou caloroso para tratar bem a todos que precisam de mim
Sou frio para solucionar seus problemas sem afundar neles.

Vivo o agora por não crer na estabilidade do amanhã,
Vivo o que quero e quando quero sem grandes medos e pressas,
Das vitórias crio marcas de meu poder,
Das derrotas novos desafios para saborear o mundo.

Não tenho tribo urbana definida por ser um livre-pensador,
Não finco raízes por ser um nômade aventurando-me pelo mundo,
Não sigo padrões por estar distante deles,
E não desisto dos sonhos por saber que posso realizá-los.


- Mensageiro Obscuro.
Julho/2007.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O gelo, onde descansam minhas sandálias

Deixa eu ser agora o abandono
que comunga silêncios

Nas trilhas de tua pele exposta
me fostes descoberta em minha pele

Provei do teu doce
e o mundo girou desordenado

O amor, prisão dos enfeitiçados
paralisia e peregrinação
domínio das vontades

Bastasse, entre os dentes,
um dia deleite e fosse alimento
que jamais doesse, saciedade

Onde minha escolha?
O amor é o diabo, é o dessassego,
te faz soldado sem dizer quem é o inimigo

súplica ao meu assassino




Cala-me suavemente.

Cessa o estertor violento
de minha verve lírica
em vísceras alheias,vertendo,
de tua boca lacerada,
o sumo que alimenta
o meu sentir intensamente.

Deita-me languidamente,
entre versos brancos
e a tessitura vaporosa
de silêncios enternecidos.
E acomoda em meus contornos
tua alma sinuosa

Deixa-me repousar
às margens da vertigem.
E antes que se dissipe
o êxtase de minhas veias,
e eu pereça lentamente
no torpor da tua ausência
mata-me

delicadamente.

Iriene Borges

( desenho: Iriene Borges)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Gripe Literária

Acordar gripado é terrível. Com a garganta inflamada e torcicolo então, aí é pesadelo. A constipação da gripe afeta o cérebro e o pensar, a inflamação das cordas vocais te deixa afônico e sem condições de se expressar corretamente e o pescoço imóvel, apontado sempre na mesma direção ilustra muito bem aqueles que não movem o seu pensamento, que não veem outros horizontes e são habituados só com uma visão de mundo.
Junte à isso estar editorando um livro, fazendo uma monografia e estudando para provas finais. Punk, né? C´est la vie.
Aproveito que ainda é manhã madrugada e vou pagar contas na lotérica. A fila da manhã é melhor do que a da tarde e o danado do ar-condicionado não está ligado. Corria o risco de despertar a sinusite e aí é que a coisa teria tudo para desandar.
Cubro-me igual a um explorador antártico (São Shakleton, rezai por nós), com tudo a que tenho direito: blusas em dobro, gorro, um cachecol do tempo de criança, calças de moleton e pantufas. Não, melhor deixar esse negócio de pantufas só para dentro de casa. Vou de coturno. Por educação ao meu semelhante, caio na besteira de usar uma máscara clínica, daquelas de médico. Sou o último de uma fila de tamanho médio, recheada de velhinhos e aposentados. A senhora à minha frente fica me olhando meio de esgueira, meio assustada. Meu andar frankesteiniano e o tom apocalíptico dos telejornais podem ter alguma coisa com isso, deduzo. Tentando fazer uma brincadeira para animar o ambiente e diminuir seus receios, solto a máxima:
− Rigidez cadavérica post mortem.
O resto da fila se abre em bandas dignas do Mar Vermelho. Sem graça com a graça que não deu certo, pago minhas obrigações e ainda faço uma fezinha. Vai que hoje é o dia?
Retorno ao meu espaço virtual, obstinado. No caminho pela cozinha, faço todas as receitas de chá que a família recolheu nos últimos trezentos anos. Enquanto as chaleiras apitam e o microondas solta faíscas, adentro o ciberespaço. Vou aproveitar que estou infectado para espalhar isso aos quatro cantos. Quero inocular este vírus em todos, lançar uma pandemia (que bem podia se iniciar aqui, em tupiquimlândia), atingir você do Msn, do Skype, do Orkut, do Facebook, dos três tipos de e-mail, dos sites e blogs afins, você que navega porque é preciso.
I have a dream! Na verdade, mais de um, mas é que a citação cai bem. Um deles é disseminar a novíssima (ok, nem tão nova assim) gripe literária. Aquela que não se trata com comprimidos ou drágeas, chazinhos da vovó ou infusões; mas com escritos reais, virtuais, ideias (com ou sem acento), incutir nos outros a vontade de ler, se informar, tornar-se crítico diante dos fatos que o cercam, que o fascinam, que o afligem.
Eu quero um País com “p” maiúsculo e que leia bastante, seja criterioso o suficiente, cidadão em suma, antenado com o mundo e cumpridor daquela velha promessa que citava o futuro.
E para isso precisamos de você. E de mim, das velhinhas das lotéricas, dos adolescentes irados, dos cidadãos desiludidos e daqueles sonhadores que ainda não jogaram a toalha, dos jogadores de futebol e das personalidades da tevê; das empregadas, dos varredores de rua, mecânicos e professores, independente da fé que professem, das...
Agora vou tomar um chá com oito mil comprimidos que minha mãe mandou avisar que estou tendo alucinações... Ou será que estou mais sóbrio que nunca?

P.S – Se alguém souber como arrumar textos em .pdf, a ajuda seria bem vinda...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Conto de Adeus - Flá Perez

Assim deixei- o:

Nas mãos, o sapato pequenino
insinuando que tudo era
de tamanho igual.

- não sou aquela
que em frente ao espelho
se pergunta
"quem é a mais bela?"
e coisa e tal -

Perdeu a chance
de ver a marquinha
(branca como a neve)
do biquini fio dental.

Um bruxo deu - me a maçã encantada
e da princesa
não sobrou mais nada.

Perdeu seu conto de fadas,
pois o feiticeiro tem boa pegada,
mãos de bandoleiro
e já me levou pra estrada.

Carta de despedida

Queridos amigos e amigas. Já não sou mais eu quando do relato desta carta. Sei que muitos de vocês estão cansados com seus próprios problemas. Eu também estou com os meus. Amigos, resolvi derrotá-los de uma vez, derrotar minha parca vida de uma vez por todas. Dizer adeus a esta personalidade é o menor dos males do meu jazigo, talvez nem male seja deixar de ser.

Renascer em outro ser, outro corpo e deixar meu passado no passado. Matar minha antiga existência e descobrir uma nova face do mundo, da essência. Olhei pela janela pela última vez, décimo andar desse edifício de 30 andares comerciais. Nunca mais terei essa vista, mas esse fato não dói. É um consolo saber que de hoje em diante o céu será minha morada, em vez de simplesmente um quadro na parede que na maioria do tempo deixei coberto para não atrapalhar o visor do meu computador. Subi no peitoral da janela e gritei: Eu venci!

Planei por alguns eternos segundos, finalmente me senti livre de toda a pressão, dor, mesmo do mundo. Planei mentalmente enquanto imaginava como seria a outra vida. Amanhã seria um novo dia; mas apenas para mim, os outros talvez nunca sentirão a liberade que agora vou experimentar, ah, os outros, estes nunca hão de sentir a liverdade enquanto petrificarem conceitos e definir o que é ser livre.

Eles dizem que são livres, será mesmo? Amigos, nem vocês são livres. Todos vocês, amigos e outros, acham que liberdade é ter poder dentro do sistema social, ou então acham que é se excluir do sistema social porque este encarcera. Há! Liberdade está no micro, não no macro... Enxerguem com seus olhos o que é sentir-se livres. Dou um fígado àqueles que me disserem que não se imaginam felizes sendo livres, para ser o que quiser, viver onde bem entender, plenamente. Essa palavra faz uma falta, não? Bem, descobri apenas agora, no último dia antes de eu completar 50 anos de vida que liberdade é sentir-se feliz com sua própria essência, e a prisão é estrangular a externações de sua essência para servir ao seu achismo superficial. Amigos, eu cansei disso, estou livre! Estou deixando essa carta para que não se preocupem, agora eu sou do mundo, o mundo do circo. Pois é, sou um palhaço profissionalmente agora, cansei de ser palhaço da vida.

Adeus, meus amigos, adeus. Amo cada um de vocês.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Erros

meus erros definem
quem sou
dos acertos, nada lembro
ou pouco entendi

de tanto cair, aprendi
são os erros, os novos
que me fazem seguir

eles me ensinam
que sou
docente em erros
por gostar de erigir

Novidades da Me


Cotidiano Alternativo nada mais é
que a busca pela realidade perfeita.O dia a dia idealizado. Uma fuga das adversidades corriqueiras para uma realidade de fantasia. A busca dos dias melhores através da arte. Por outro lado, nem sempre a fuga nos leva a algo melhor. A fuga não deve ser vista como a solução, mas sim como uma possibilidade ou, o mais terrível, uma grande armadilha. Venha se deliciar com momentos de pura imaginação.


Ficha Técnica: Desenhos de Rafael Pereira, argumentos de Me Morte e arte final de René Ociné.
.baixe o seu aqui:

RECANTO DAS LETRAS












E-Book do Vale IV um arquivo em PPS de extrema qualidade (apresentação de slides), idealizado por Me Morte tendo como designer Denise de Souza Severgnini e co-produção dos poetas: Giselle Sato, Mariana Lopes, Diego Balin, Rafaela Malon, René Ociné, Álex Marcondes, Thiers R>, Rommel Werneck, Fabrizio S. Silva, Ivy Gomide, Fillipe Jardim, Paulinho Dhi Andrade, *Gaivota*, Ruy Villani, Wilson R., Caio Tadeu de Moraes, Antônio Celso Mendes, Flávio Mello, Valéria Callegari, Flá Pérez, Émerson Sarmento, Claudio Cavalcanti, Adroaldo Bauer, Me Morte e Denise de Souza Severgnini.
Ligue o som e se prepare para momentos especiais de grande emoção.

Baixe o seu aqui:

RECANTO DAS LETRAS