sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

BdE - Terceira Dose - lançamento em breve.


A antologia Bar do Escritor - Terceira Dose - está sendo distribuída aos autores de todo o Brasil (Manaus, Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Salvador, Curitiba, Porto Alegre, entre outras cidades) para o lançamento nacional, que ocorrerá em breve. A edição desta obra alcançou 2000 exemplares, possui 37 escritores, foi publicada pela Netebooks e determina a maturidade da comunidade de literatura barnasiana, em sua função precípua de incentivar a leitura e divulgar novos autores nacionais.
Aguarde informações sobre o lançamento, que ocorrerá simultaneamente nas diversas cidades dos escritores participantes. Com a facilidade da tecnologia atual, as festas estarão conectadas pela internet e as imagens ficarão disponíveis online no site do Bde e aqui neste Blog.
Conheça. Participe. Divulgue.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Culpa

Quando Ele apareceu, perguntando quem é que havia comido do fruto proibido, todos ficaram desesperados. Adão, que não havia sequer se aproximado da árvore, não pensou duas vezes, apontou o dedo acusador para Eva e disse que havia sido ela.

Os pássaros até hoje assobiam, fazendo-se de desentendidos.







Texto presente no http://livrocolchaderetalhos.blogspot.com

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Convidado Elton SDL

COMPUTADOIDO

Seria bom se com um CTRL+Z eu pudesse desfazer
Os erros da minha vida
Formatar o drive, deletar os vírus, alternar entre as janelas
Com um ALT+TAB
Dar um Enter nas coisas sabe?
Com o F1 obter a ajuda necessária (o que seria o F1?)
Ter uma precisão exata nas buscas, não errar
Nunca
Se eu quisesse aprender a dançar, matemática, escalar montanhas, ser infalível no amor, mil tarefas executar, seria fácil: era só um programa correspondente instalar
Em mim
Sem rumo digitaria o endereço
Pra (me) encontrar
Fazer um Logoff se eu não estivesse bem...
Mas um dia me desligarei e com um CRTL+Z me desfarei.



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Elton SDL


-

sábado, 17 de dezembro de 2011

Trânsito Intenso



não importam as horas,
se é sol
ou se é chuva.

há sempre
engarrafamento
de saudade

entre a minha estrada
e a tua.

André Espínola

Vaga Lux


Vagalumes constituem
uma serenata visual
para poetas.

Decerto que para alguns lagartos
as mesmas lamparinas voadoras
constituem, cocomitantemente
um jantar-jantar à luz de velas.

mas, o fundamental
é que à noite
quando saem para um passeio de bicicleta
os poetas costumam perder o ritmo.

e não conseguem permanecer
no
um-dois-feijão-com-arroz.

Normalmente eles vão pedalando
e olhando para o inabitável escuro
lá de trás.

É como se de repente
todos os matagais noturnos
pudessem espelhadamente
refletir estrelas cadentes
e inquietas.

No chão do mundo dos poetas.



(Jessiely Soares)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Impressão boêmia e entorpecida sobre a rua, postes e afins


o vinho bate vermelho em minha ideia anoitecida
a madrugada flui seu sereno em telhados embriagados
palavras flutuam consignadas no silêncio da bruma
a sombra conforta o sono das cores adormecidas
e meus olhos
mentindo-se impassíveis
registram o reinado das mariposas

(Celso Mendes)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O GRITO


O GRITO

Agachado em cima da pia da cozinha
Grito
Maconheiros
Maconheiros
Eu vou ligar pra policia
Os vizinhos
Violões
Bafafá
Não vão me deixar relaxar
Acordo cedo
Todo dia
Eu trabalho
Eu também fumo maconha
Agachado em cima da pia da cozinha
Grito
Maconheiros
Maconheiros

(somos todos egoiguais)

Pablo Treuffar
Licença Creative Commons
Based on a work at http://www.pablotreuffar.com/.
A VERDADE É QUE EU MINTO

A VERDADE É QUE EU MINTO

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

querido





¸¸.*♡*.¸¸.*☆*¸.*♡*.¸¸.*☆*.¸¸.*♡*.¸¸.*☆*

sei bem que não te amo,
mesmo quando te chamo assim
guardo teu olhar e meu susto
num frasco

o vidro reflete essa coisa nua e estranha

repetes no escuro o que já sei. Não te amo, amor

recitas cantilenas febris e obedeço à calma
traças amarras rendadas nos meus lábios
mas são teus olhos, honey.
não te amo.

agendamos ao acaso esse desencontro, essa fome
nisso concordamos. Carne, alguma alma e tuas mãos
esparramadas no prato minhas novenas cifradas

é libertador não te amar, Love. Confesso.
pode comer essa menina fosca, essa ninfa
essa estranha que entrevejo e amo

e só aparece nos teus olhos.


¸¸.*♡*.¸¸.*☆*¸.*♡*.¸¸.*☆*.¸¸.*♡*.¸¸.*☆*

terça-feira, 6 de dezembro de 2011


micropoeta


o poeta é um prostituto
finge quase sempre

mente

de quando em quando,
goza

sente,
sempre

o poeta é um puto.

Carlos Cruz - 20/10/2011
* Gravura: Crying Girl, de Roy Lichtenstein.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Dos perdões nunca pedidos


“I know someday you'll have a beautiful life
I know you'll be a star
In somebody else's sky, but why, why, why
Can't it be, can't it be mine”
[1]

            Eu só queria pedir perdão. Por haver cometido com minhas novas ações, velhos erros, falhas grotescas que sempre juro não mais fazer, mas que acabo sempre repetindo, nessa rotina de desconfianças infundadas e ciúmes estúpidos. 

Eu te amo. E havia vindo lhe dizer isso, que não era isso da boca para fora, que era verdadeiro e pulsante. Mas desconfio que comecei a te perder no dia em que te disse isso e agora você já não me ouve mais. Sua frieza e seu aspecto marmóreo me dão a certeza que não terei a redenção que vim buscar. Não atendes nem aos meus gritos que ecoam pela noite, soltos como corvos, fazendo revoadas sobre minha casa, nossa um dia...

Então isso é um adeus.

Parto em pedaços, enquanto me vou, mas parto com uma parte tua, levo teu olhar e teu coração comigo, pois é onde sempre deveriam estar. Vou tratá-los com o amor e carinho que merecem, os mesmos que sempre devotei a ti.

E se houver uma eternidade depois desta vida, espero te encontrar lá por acaso, em um desses dias claros, num céu de brigadeiros sem nuvens...

- É isso, doutor. O cara nem assinou a tal carta.
- Tem certeza que era o ex mesmo?
- Absoluta, o porteiro do prédio em frente o reconheceu. Veio de madrugada, encontrou a mulher com o novo namorado, meteu três tiros em cada um deles, depois escreveu isso aí na parede, com o sangue das vítimas. 
- Vinte anos na polícia e nunca tinha visto algo igual.
- Pois é doutor, nem eu. O meliante ainda levou o coração e os olhos da moça!
- Já sabem alguma coisa do safado?
- Pelo que levantamos até agora, ele era metido a escritor, poeta, algo assim...
- Por isso é que eu nunca gostei desses tipinhos.
- Nem eu doutor. Fulano que fica com a fuça muito tempo enfiada em livro um dia endoida... E faz uma merda dessas.
- Indivíduos perigosos, perigosíssimos! Nunca fiquei tão enojado na vida... Agora vá na padaria do lado e me compra dois sanduíches. Final de plantão sempre me dá uma fome do cão.


[1]Eu sei que um dia você terá uma vida maravilhosa
  Eu sei que você será como uma estrela
  No céu de um outro alguém
  Mas por que?
  Por quê?
  Por que não poderia?
  Por que não poderia ser no meu?

Black – Pearl Jam

sábado, 3 de dezembro de 2011

a dobra do origami

vi então suas asas
nascendo sobre seus braços
tomando suas mãos
enquanto outras criaturas
de papel voavam

esses seres alados se reuniam
sobre seus glúteos
sobre sua vulva
erguiam-se em dobras

enfim eram saias que ocultavam
um corpo marcado
um coração desfeito
dois pés dilacerados

a musa rubra descansa
sobre os mesmos olhos
que passivamente fere
e cega

não entende os males
que prolifera e paira
quase meiga e só
sobre a terra devastada.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011



Essa mulher nem sabe
o que é frigidez:

com ela o orgasmo
é múltiplo de três.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Gerente de bacanal



O filho de um amigo lançava seu primeiro livro na feira. Encontrei o pai do moleque, todo orgulhoso, ao lado da Isabela, amiga mútua, conversando.
- e você, quantos têm?
- ah, Isa, só um. mas organizei três, lancei outros tantos e ajudo a quem quiser fazer o seu próprio.
Ela me olhou entre atordoada e confusa.
- o que você faz, gerencia bacanal?
Meus cabelos rebeldes andam escassos; meu bigode é singular, eu sei, mas não ofende; ainda falo palavrões, mas agora na norma culta; as tatuagens ficam escondidas pelas roupas... minha aparência é comportada, eu estava sóbrio e com colírio. Por que cargas d´água ela achou que eu gerenciava bacanal?
- o quê?
- te perguntei quantos filhos tem. você respondeu que já organizou alguns, ajuda os outros a ter...
Sorri, adoro confusões. Pensei que ela falava sobre livros.
O pai me olhava sorridente.
- hehehe, sim, imagine meu filho se apresentando no colégio: papai é gerente de bacanal. Onze tios e treze tias trabalham pelados lá em casa toda semana.