segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Amor fluido

Amor fluido
flui abstrato.
Ainda que termine
difuso éter
propaga réstias sobre corpos;
arestas que se encontram
não deformam cantos.
Mas, não há mais sentido
para sons, rimas, magia.
E, ainda que absorto,
revolvendo nuvens, não há espera.
Incauto, permaneço à flor da pele
Desenhando frases na estratosfera.

Amor fluido
flui abstrato
à quinta-essência de um nome
sussurrado
Entre, palavras não ditas.
Tateias pétalas na flor;
Nas entrelinhas tatuo teu retrato.

Tudo deixa marcas no tempo.
O amor, nós em nós,
cravados.
Feito gota de chuva
que despenca do céu;
no sabor da dor
cristaliza na saliva
de corpos quebrados.

Tudo quando acaba
sobra um pouco?
Mas, não ouço mais tua voz.
As folhas se desprenderam no outono
e, dentro de mim o silêncio grita.
No arquivo morto
pó de estrelas dançam sobre as árvores.
As lembranças continuam vivas:
sempre-vivas
como as flores secas.