sábado, 27 de fevereiro de 2010



Estive recentemente em Belo Horizonte, e aproveitei para visitar algumas livrarias na Savassi. Para quem não conhece a região, vale a pena. Existe uma rua próxima ao Shopping Savassi que possui umas quatro livrarias independentes, incluindo um sebo.


Bom, a curiosidade é essa palmeira andróide situada ao lado de um ponto de ônibus. O que entendi é que parte do tronco foi destruída e então resolveram tampá-lo com cimento. Não sei o que os ambientalistas achariam da solução, mas ficou bem curioso.


Aproveitando, venho aqui também divulgar o blog que recém criei: http://www.prosaseviagens.blogspot.com/ - nesse espaço publicarei contos, minicontos, poesias, relatos de viagem, fotografias. Espero que gostem...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Vão

a palavra presa engasga
não digere
fere a glote
o trato gástrico
e queima a falta do ato
a falta do fluxo do dizer
é refluxo
incompreensão que teima
vai e vem
e torna em azia
só consegue expressão
no vão do verso da poesia

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Série: Cabeça Oca - VI


Para quem foi preso por fazer xixi na ruas do Rio de Janeiro... Deixo uma reflexão: É Melhor do que ser preso por não pagar pensão. Não dá para ficar apertado todo mês, não é mesmo?!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Curiosa

Durante todo o outono

folheava displicente

todas as ruas do bairro





ps: menção honrosa no concurso nacional de poesias Helena Kolody 2009

domingo, 21 de fevereiro de 2010

CWB

Pisei manhã na XV
Tapete de flores e chuva.
Sob a pressa dos meus passos
Malha de rede esquecida em mar revolto.
Por todos os lados, pessoas voando
Para os clautros aéreos
Nos quais o sol se espelha.
No piso, a centelha da beleza
Que distraída foi flagrada,
Na Curitiba de tantos
Múltiplos nuances ópticos
Entre os seres, o concreto,
Os vôos, as calçadas.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Chave própria.


(Imagem retirada do Google).


Chave própria.


Minha loucura possui
o pouso dos pássaros em alto-mar.
Meu suicídio é palavra.
A cada busca verso, uma morte.
A cada poema, nova ressurreição.


Eliane Alcântara.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Pintura a dedo para a distância


http://images.quebarato.com.br/photos/big/1/F/16D81F_2.jpg


Porta aberta pro mar
onde só há serras.

E o Porto que lhe guarda
acaba sendo ainda mais distância que vidraça

Ainda mais maresia do que praça
Ainda mais horizonte que bom tempo.

Benditos segredos que se arrastam
dentro dos cantares oceânicos.

Nem sempre somos amantes.
Carregadores de vida é o que somos:

papel de jornal velho,
andantes por caminhos eternos,
vidas carregadas de sonhos



(Jessiely Soares)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Mergulhando Ressacas

Não havia rebentação que me bastasse. Flutuava na areia enquanto siris se escondiam em buracos e a garoa castigava-me a pele nua. Misturado às nuvens, resolvi chover também. Salguei o mar e me consumi escorrendo essas lamentações de praxe. Tragado pelas ondas virei oceano, bati furiosamente contra rochedos, arrastei conchas e lixo para o meu interior, criei corais, persegui cardumes de vida e, finalmente, me dirigi até o mais profundo escuro e aquietei.
Amanheci sob o sol e continuei meu caminho. Já acostumara com essas tormentas.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Convidado Cleber Pacheco

O deserto,em mim,
restaura a floresta,
bom do ruim
que renega e atesta.

Árvore e fruto
sem gosto e raiz,
improvável furto
que doa e desdiz.

Restaurada areia
de sede isenta,
coração e veia
que a morte inventa.

---
Cleber Pacheco

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Saqueador de Almas

Ele dormia envolto em nobres vestes com ricas jóias,
Um vampiro faminto saqueador de almas corruptas,
Suas habilidades e poderes são tão intensos quanto sua fome,
Possuía um desejo pervertido e insaciável por sangue.

O Poder consumia sua sanidade ao correr por suas veias,
Sua energia exalava terror pelas noites nebulosas de caça,
O usurpador saía faminto de seu túmulo à noite,
Sua luxúria era saciada em caçadas por carne e sangue.

Há muitos séculos perdera seus traços de humanidade,
Seu Ka fora amaldiçoado, não chegaria ao Amenti,
Ganhou uma existência amaldiçoada pelos deuses,
Agora o Egito adquiriu um novo demônio sanguinolento.

Passou suas garras e presas nos corpos de suas vítimas,
Dilacerou carnes e ossos por fome e prazer,
Corpos em espasmos foram consumidos pelo monstro,
Gritos e violência contagiavam ambientes invadidos.

Sobraram paredes e um assoalho manchado após sua visita.
Correu para banhar-se, ainda com mãos e lábios vermelhos.
Gargalhou de si mesmo vendo seu reflexo turvo,
Olhou seu próprio rosto pálido e brilhoso no espelho.

Na banheira cochilou como se fosse seu valioso sepulcro.
Sua ira e gula fizeram-no chorar parcas lágrimas inconsistentes.
Sua noite estava acabando, tinha de fugir do sol,
Vestiu outras roupas e retornou voando como névoa.

Sangue corrupto era o seu alvo, o Néctar do Justiceiro,
Era o Saqueador de Almas, um semideus sugador de sangue.
Seus leais servos enalteciam de seu egocentrismo divino,
Somente espíritos nobres salvavam-se de sua fome agressiva.

Novas noites sangrentas ainda alimentariam o insano usurpador infeliz.


- Mensageiro Obscuro.
Junho/2007.


-- Glossário --

Amenti = Habitação dos mortos, a segunda etapa da Viagem, morada de Osíris onde são julgados os mortos.

Ka = Estranha dualidade do morto: Alma e Guardião, Corpo Vital e Gênio Protetor.

Néctar = Alimento dos deuses. Dava imortalidade aos que o comiam e tornava-os eternamente jovens e radiosos.

Segunda Morte = Para os egípcios a morte material pouco importava, para eles era bem pior ser um espírito perverso a receber altas punições na sua pós-vida no Além, então a Segunda Morte sem dúvida era a pior punição acima de maldições divinas.


Foto: Boris Karloff como Imhotep no filme "A Múmia" (1932).

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Convidada Fran Duarte


Geometria Especial

No pó, a medida...
Que emerge concêntrica
Espiralando
Numa proporção áurea.
Evolução!
Da semente,
Brotam,
Polígonos em flor,
E, numa dança,
De vértices e arestas,
Criam-se poliedros.
Ora côncavos,
Ora convexos,
No ritmo orquestrado
Pelo Criador.
Assim,
A Verdade cria
E recria...
Realidade!
---------------------

A/luZ/c/in/ação


O SOL DA JUSTIÇA
PRODUZ EM MIM
O THC DA ESPERANÇA
INEBRIANTE ALEGRIA
“VER DE” EM SI

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Fran Duarte é professora de matemática e poeta.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

aura rara



.

quer que eu defina
agora, nessa hora
as cores dessa aura rara

que afine a sintonia
para além da tara

que defina alvos
compactue,repare
conserte, restitua

não sei

em algum lugar
alguém talvez defina
alguém ame melhor

e você continua por aí
dançando pelos multiversos

caçando rima
encantado,
raro e perplexo



(rosa cardoso)

Imagem :Angelica_Rivera_Aura_oleotela_50_x_40_2005

sábado, 6 de fevereiro de 2010

ensaio sobre a imbecilidade




só imbecis vão ao bar para brigar
só imbecis quebram garrafas cheias de cerveja
na cabeça de outros imbecis
só imbecis desperdiçam o líquido amarelo precioso
borbulhante
e o rubro
espumante
precioso a enfermos e vampiros

só imbecis escrevem imbecilidades
quando não têm nada a dizer aos demais imbecis
que lêem com olhos míopes, turvos e idiotas
palavras imbecis e tortas
pensam-nas imbecis (traidores do movimento)

preparam tortas de morango e leite moça
bebem red bull com uísque old eight e gelo
arrotam e peidam e riem e filosofam
a inesgotável filosofia obtusa e imbecil

transitam com lepidez e imbecil sensatez
entre o teatro e o morro
entre mozart e mc catra
entre a mão e a pata
a loura e a mulata
o estúpido e o douto
o cancro mole e o duro
a tísica e o câncer
o haxixe e a cachaça

assim falava zoroastro:
o homem é um ser imbecil
desde o berço (pequeno, logo, imbecilzinho)
preparem seus cerebelos
estendam o tapete de alfafa
babem, gargalhem, lambam a própria cauda
ele está ao umbral
a quintessência do homem
o super-imbecil

venha o cálice, bebamos todos
um brinde à imbecilidade humana

Carlos Cruz - 02/01/2010

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A Travessia

Matem-me amanhã
e serei novamente um cadáver agradecido
com um sorriso nos lábios
e a tranqüila serenidade
daqueles que não souberam que partiram,
dos que se foram sem se despedir
(lançados ao espaço por desproporcionais choques de massas)
enquanto o corpo descrevia uma parábola descendente
parando no meio do asfalto, meio morto
(morte de cachorro louco, dia frio, na beira de um meio-fio)

Nós,
os que sempre se vão na hora errada
não queremos mais mundos obscuros
onde as lágrimas não podem passear pelos rostos
e as dores não podem ser acariciadas
à luz do dia

Todos os dias

Por conta dessa noite de virgens loucas
a poesia nada mais é que um momento trágico e mágico
eternizado por uma pena perdida
(no fel da loucura embebida)
servida em cálices altos
aos que se embebedavam
no festim da vida

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Letras em Teu Corpo - Flá Perez

Como Chico Buarque,
fazemos poesia e amor até bem tarde.
E ela acorda cedo de manhã.

Beija minhas costas, me acarinha .
Eu a puxo de volta, vasculho seu corpo,
encosto todo meu desejo nela.

Mulher que penso submissa, abelha rainha ,
se desvencilha e sai apressada.

Durante o dia sinto seu cheiro em minhas mãos, nos lábios,
refaço cenas, passo a passo.

À noite, quando chego da minha lida, a encontro na cama,
cabelos molhados, adormecida.


Por um tempo velo seu sono,
- algum tremor passageiro, algum sonho –

Não me contenho:
exploro, farejo, beijo.

Minha felina se estica,
abre seu sorriso mais lindo,
Abre as pernas e me recebe.
Quente, quente, quente!.

Então começamos tudo de novo...

Ah! vida meio vagabunda essa da gente!
Que não acabe nunca!

(Repostagem de 03/11/007, com vídeo).

Cesar Veneziani declamando no Politeama:

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

três ds

será que viver é acostumar-se com as desilusões
ou aprender a esquecer os sonhos?

será que viver é morrer a cada dia
ou a morte só encerra as decepções?

será que aceitarei tantas derrotas
ou simplesmente não irei mais tentar?

desilusões, decepções, derrotas
será que viver é lastimar-se
ou é preciso se prender aos serás?