sábado, 30 de janeiro de 2016

Ser

O pássaro é deus
É vôo
É vida

O homem é pássaro
É criança
É desejo

A vida é um vôo
Por entre nuvens de desejos
Em que o homem escolher ser
Ser pássaro
Ser criança
Ser vida
Ser

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016






Olha aí!

Depois de participação em 22 antologias literárias, organizadas por grupos diversos como Academia Dorense de Letras (Boa Esperança-MG), Fundação Cultural Igaçaba (Roque Gonzales-RS), Prefeituras Municipais de Caçu (GO) e Barueri (SP), Editora Phoenix (São Paulo-SP). Alba (Varginha-MG), Arara Verlag (Karlsruhe-Alemanha) e Punto de Encuentro Editorial (Buenos Aires-Argentina) e mais o Bar do Escritor (oriundo da internet), finalmente publiquei meu primeiro livro solo.

Mosaicos sai pela Editora Penalux e foi incluída no selo Microlux (minicontos). Consta de 93 minicontos dos mais variados temas: circo, natureza, conflitos sociais, história, drogas, relações familiares, etc. Há textos de humor e outros mais "sérios".

Criei um perfil do livro na rede Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/543013ED552592

Para adquirir o livro,que custa 32 reais (fora o frete) acesse o site da própria Penalux: http://www.editorapenalux.com.br/loja/product_info.php?cPath=38&products_id=367

Também existe uma página do livro no facebook: https://www.facebook.com/livromosaicos/

Espero que apreciem! Mosaicos será o primeiro de muitos...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Rarefeito


O que desperta
Depois da noite desfeita
Falsas certezas
Razões perfeitas
Na praticidade da desilusão?

Nem tudo são escolhas
A luz do dia cega e seca
O cobertor, o frio...
E, num arrepio
Tudo que parece o fim
Será
Como o que surge de um vazio
Cheio de deserto trancado no peito
E, ainda que eu não entenda direito
Tudo se parece com tudo
Como um passado incerto
Coberto pelo orvalho perfume da deusa
Difuso pela superfície ondulada do mar
Mas, tangível no aroma da terra molhada

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O Presente

Quarenta e três anos, trezentos e sessenta e três dias e algumas horas. Daqui a dois dias farei quarenta e quatro. Difícil imaginar que tanto vivi. Besteira! Sou jovem ainda. Volta e meia me pego feito um velho falando. Velho aos quase quarenta e quatro? Muitos começam realmente a vida nesta idade, porém, sempre pensei que não vingaria trinta e cinco. Pura intuição, longe da racionalidade que um estatístico como eu deveria se possuidor. Quase acertei quando uma crise de apendicite me pegou de surpresa dois meses após o meu trigésimo quinto aniversário. Vi a cara da morte. De qualquer forma, eu falhei nas previsões. Estar vivo é a prova. Sou um Nostradamus de araque, um profeta de quinta categoria, Ainda bem.
Nunca consegui fazer um embrulho que preste. Sem jeito mandou lembranças. Sou uma negação com trabalhos manuais, não sei trocar uma tomada. O Jorge, porteiro do prédio, é que me salva nestas situações domésticas. Sou bom mesmo é com a cabeça. Números. Sou uma calculadora ambulante.
Mas está muito do mal feito este pacote. Benza Deus! O papel está amarrotado, as dobras mal feitas, a fita adesiva que prende as extremidades parece ter sido aplicada por uma criança. E o que dizer do barbante frouxo? Pura vergonha! Mas o que está dentro é o que conta. Em verdade, vale mesmo é a intenção. Oswaldo na certa vibrará com a minha lembrança. Sujeito solitário o Oswaldo, o pobre! Sem amigos, sem esposa, mal troca umas palavras com os colegas da repartição. É só aquele vai e vem, da casa para o trabalho, cinco vezes por semana, onze meses por ano. E o mês de férias? Oswaldo se trancafia trinta dias no apartamento. Que vida medíocre e sem expectativas!  Coitado do Oswaldo... Carece de saber que no mundo alguém se preocupa com ele. E calhou desse alguém ser eu. Amanhã, mal ou bem feito, postarei o pacote nos correios. Certamente, ele ficará exultante com o regalo.
***

Quarenta e quatro anos. Cerca de dezesseis mil e sessenta dias, fora os anos bissextos. Deixe-me fazer a conta exata. Um ano possui trezentos e sessenta e cinco dias e oito horas. A cada quatro anos, um dia. Salvo engano, onze dias extras. Dezesseis mil e setenta e um dias! E o de hoje é o do meu aniversário. Isto é o que importa. Mas como os correios estão demorando! Postei a encomenda antes de ontem e até agora nada! Os serviços dos correios já foram mais elogiáveis. Será que eu errei o endereço? Não... Não cometeria tamanha estupidez. Conferi o CEP? Deixe de bobagem, Oswaldo. Você sabe muito bem qual é o CEP! A campainha! Certamente é o porteiro Jorge com o meu presente! Espero que o pacote mal feito tenha resistido afinal, sou um desajeitado em habilidades manuais. Feliz aniversário, Oswaldo! Quarenta e quatro primaveras! Dezesseis mil e setenta e um dias! Vai ter bolo? Feliz aniversário para mim! Feliz aniversário, pobre, patética e solitária criatura...

quando falas em fim


quando falas em fim
é como se,
de súbito,
num cataclismo apocalítico
de poucos segundos,
sugasses todas as cores
do meu mundo;

as cores
de uma viagem
ultra-psicodélica,
não apenas derretem
da nossa tela impressionista
como também param de cantar
quando falas em fim

restaria apenas
o blues solitário
que sai da caixa de som
contando histórias de idas e vindas
e corações partidos.

mas esse blues do fim do (nosso) mundo
que sai de teus lábios
quando falas em fim
é um blues que eu nunca poderia
sentar e cantar junto.

André Espínola

sábado, 16 de janeiro de 2016

Fórum Social Mundial

Moribundos e velhos
Não recebem a bênção
Do deus Trabalho

Mendigos e andarilhos
Foram esquecidos
Pelo deus Dinheiro

Os escafandristas
Das sarjetas
Dos tempos modernos
Trazem sempre
As mesmas velhas notícias

Enquanto isso
O pessoal do Fórum
Vem dizendo
Que um novo mundo é possível

Em falsos discursos
De vanglória e meta
Desviando recursos
E tirando o cu da reta.