Execro pensamentos bestas deflagrados por comentários idiotas de pessoas e objetos imbecis que nada sabem acerca de mobilidade e calor. Minha vida inexistente permeada sempre foi e será de movimento, emoção, energia, sentimento e aventura. Pra lá e pra cá, no vai-e-vem, acompanho, sempre calado, o ritmo, por vezes frenético, por vezes "piano" dos fumacentos humanos a soprar os fumos dos fumos coados e escoados por seus pulmões azeviches. Curto os calores, dos homens, dos fumos. Tem os cubanos, fedor assaz, calor demais, fumante loquaz. Tem os mentolados, aspirados por viados de olhos amendoados e mancebos amancebados com encéfalos desvairados. Tem os baratos sem filtro, subproduto destinado ao mercado interno cognonimamente chamado populacho. Tem variegados mais além. Malgrado malgrados, com grado ou sem, vêm todos a mim, aquecer-me, inocular-me vida das e de cinzas. Tão-só peço que me não peçam que aprecie ébrios. Atabalhoados, dificulta-lhes sobremaneira manter-me preso entre os dedos. Invariavelmente, deslizo por suas frias mãos úmidas. Destroço-me com estardalhaço. Grito, mudo, ao surdo mundo imundo rotundo. Desprovido de som e de forma, encerro meus dias de glória no fétido lixão. Sina ingloriosa. Vilipêndio de cadáver. Absoluto desrespeito. Sacrilegio o destino de meus algozes: apinhados de tubos, sarapintados de manchas, amarelecidos, macilentos, estúpidos, fumarão à sorrelfa, aspirarão a desgraça através de diminutos buracos na traquéia, olhos buliçosos e néscios. Nostálgicos, súplices, buscar-me-ão. Em vão.
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