quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Estar sozinho também é Globalização

Estar só é igual em qualquer lugar do mundo.

Estar sozinho em Tóquio é exatamente igual a estar sozinho em Nova Iorque ou em São Paulo: tem as luzes, a música, você olha para a pessoa que está dançando com você, você sorri, dizem alguma coisa que você não entende, você pergunta o quê, repetem, você finge que entendeu, sorri de novo, acena com a cabeça. Você fecha os olhos e mesmo assim, através das pálpebras, percebe as luzes piscando.

Você pode ter chegado lá com a galera, você esperava uma noite alegre, mas – espera! – quem você conhece, de fato? Quem conhece você? Todas as noite são iguais, você quer se divertir, você poderia morrer de puro tédio.

É diferente de estar sozinho no alto de uma montanha, sentado no chão, abraçando os joelhos, olhando a paisagem, mas estar sozinho abraçando os joelhos no alto da montanha também é uma experiência idêntica no Morro do Elefante, no Monte Fuji ou em Aspen.

Isso é globalização.

Não há mais experiências únicas, nada transcende. Você não vai ter a Grande Revelação ao entrar num templo budista, nem ao ouvir o canto gregoriano no Mosteiro de São Bento, nem quando o coral do gospel vier lhe trazer a Palavra.

Você vai entrar na mesquita, na sinagoga, na catedral, vai olhar em torno, vai ver rostos humanos, rostos. Todos solitários. Você não vai se surpreender com nenhum ritual, nada pode emocionar você, tudo já foi visto antes, você conhece isso, você sabe como é, já viu no cinema, no Discovery Channel.

Você vai saber que não há salvação.

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