segunda-feira, 19 de abril de 2010

As fatias e o todo.

As fatias e o todo.


Embora eu tenha medo é na solidão que reconstruo-me,

é no silêncio profundo do mar que infiltro sonhos

e de lá só volto à tona quando estou leve das falhas.


Tudo o que aprendo são motivos para inteirar-me

no mundo dos homens de dores e crescimento.

Nunca vou ou volto antes do tempo. O outono concilia-me.


As sombras no prisma luz são crianças,

escadas desejosas de serem encontradas,

pisadas, desvendadas ao gosto único.


Nada abala-me em meu lar de reais fantasias

onde danço e canto sem olhares definhadores.

Olho-me e basta a aprovação da alma.


Coleciono silêncios, retalhos e asas.

São as cores a fonte dos meus passos

e os íngremes caminhos a certeza do melhor.


Ninguém tira-me da pele o viço

ou acorrenta meus pés ao desfiladeiro,

se caio permito-me o levantar. Há outras primaveras à espera.


Entre apelo e escolha eu nado e afundo...

Dentro de mim existe a força que contagia o fora,

embora eu tenha medo, eu existo, procuro-me,


banho-me de encontro e transpiro

não a que incentivam, mas a que resiste

e faz da construção a base da que sou: uma mulher feliz.


Eliane Alcântara.

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