"Deseim" de Luiza Guedes
Começa assim...
O risco profundo da tinta
na pele
O som silencioso das palavras
nos olhos
A cócega estranha da voz
na língua
O sorriso singelo; dela
na boca
O toque sutil dos dedos
na nuca
O suor envenenado escorrendo do colo
aos seios
o abraço eterno dos amantes despencando em gozo sobre e adentro o precipício
suas mortes anunciadas
congelados num instante divino
seu sexo abrindo novas dimensões
trazendo Atlântida submersa à superfície
existindo eternamente num mero segundo etéreo
e à noite rondando suas casas
soturno; o desejo
e d’agora em diante é matar ou morrer
cuidado!!! perigo!!!
à espreita sorrateiro no canto atrás da porta esperando
a hora certa
de pular no seu pescoço
não abra sua janela
não cubra o rosto ao dormir
revólver engatilhado sob o travesseiro
viver na corda bamba, na ponta da agulha, no fio da navalha
sangue coagulado nos lábios depois de tomar surra da própria vida
então
põe gelo, merthiolate e beije a boca de quem você queira
pois antes que morra
de desejo;
mate-o
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Um comentário:
Passearei pelo blog.
Abraços,
Doce de Lira
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