Ando fazendo versos como um condenado
que foge pela floresta as vésperas do cadafalso.
Ando fazendo versos enlameados,
arranhados das quedas desesperadas por chegar.
E chegam esbaforidos, descompassados
pra descobrir, no fim de tudo
que serão expostos
e postos,
inúteis, numa espécie de altar.
Quem sabe assim esgote o poço
onde me alimento de mim,
e então me sobre um pouco.
Vou talvez roer as patas,
escapar da armadilha, transbordar o copo
pra que me deixem de vez em paz
as Musas e os poetas mortos.
*Catopeblas é um animal que se alimenta dele mesmo.
Borges o descreve em seu livro" Livro dos Seres Imaginários"
Lhosa compara o escritor ao Catopeblas.
(poema de 23/07/09, agora com vídeo da Casa das Rosas)
(antes porém, declamo o poema Alegoria, já postado em meu blog)
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