terça-feira, 29 de novembro de 2011

se eu escrevesse

colocaria aqui no papel um pouco do que tenho sentido. ficaria para a eternidade, compartilharia com amigos e desconhecidos. talvez escrevesse de maneira que até eu compreendesse, ou talvez ajudasse alguém a entender sentimentos-irmãos.

se eu escrevesse, estaria mais perto de compor um conto brilhante! ou quem sabe, num futuro mais próximo, esse conto participasse de um livro. se eu escrevesse, poderia escrever um livro. também faria com que outras pessoas soubessem de tanto que fica escondido nos bom dia, boa tarde e boa noite dos nossos dias, tardes, noites. se eu escrevesse, talvez inventasse uma palavra que ninguém jamais ouviu; quem sabe, talvez, até mesmo uma metáfora inteira nova, uma letra de música, uma onomatopéia brilhante, rapagabum. se eu escrevesse, poderia entender melhor porque meu peito aperta, minha cabeça dói, e às vezes meu ombro pesa. talvez até meu intestino trabalhasse melhor, seria minha escrita capaz de tanto? a dor ficaria bonita, do dia sairia poesia, a alegria causaria riso. os leitores talvez até imaginariam meu perfil, mais bonito que o real, enquanto mirava para baixo, pensativa. será?

se eu escrevesse, você leria, e a gente talvez se entenderia. será?

Um comentário:

Murilo Reis disse...

Como o mestre Rubem Fonseca mostra ao seu leitor através de suas personagens, escrever é um ato que requer muito esforço. O escritor é dependente de tal ato. O escritor é devorado ao longo de sua vida por tal necessidade.

Muito bom o seu texto. Abraço.